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9-Este homem era perfeito demais

Khadija

Dizem que ninguém se esquece da primeira vez que pisa em Paris. Eu seria uma delas....

Encanto, espanto, surpresa, deslumbramento, alegria e prazer. Tudo isso ao lado de um homem maravilhoso....

Às dez horas da noite descemos no Aeroporto Charles de Gaulle. Fomos até área de desembarque e pegamos nossas malas; uma minha, só com poucas roupas. Duas grandes de Zafir.

Quando nos viramos, um senhor de meia idade, se aproximou dele.

— Seigneur. Avez-vous fait un bon voyage?

— Oui, merci. Charles. C'est ma femme, Kajira.

Eu fitei a cena confusa. Quem era esse senhor?

—Bienvenue, mademoiselle. —Ele se inclinou para mim.

Eu sorri. Quando ele pegou nosso carrinho e se dirigiu para a saída, Zafir colocou sua mão na minha cintura.

—Quem é esse senhor? Por que ele está levando nossas malas? —Eu perguntei para ele intrigada.

Zafir sorriu docemente.

—Esqueci de te dizer. Tenho um apartamento aqui. Ele é um tipo faz tudo, mordomo, motorista...

Eu fiquei surpresa, mas não disse nada, apenas assenti para ele. Não era de se admirar. Zafir era rico, claro que tinha uma propriedade aqui.

Dez minutos depois, o senhorzinho guiava um carro preto sedan, enquanto, lá estava eu, abraçada a Zafir com um meio sorriso no rosto, olhando tudo como quem sonha e consciente do homem lindo, maravilhoso e cheiroso ao meu lado. O cenário era lindo lá fora. As ruas com as árvores iluminadas com pequenas lâmpadas, enfeitadas por causa do final de ano.

—Gostou, habibi? —Ele perguntou docemente.

—Se gostei? Tudo é tão lindo! —Eu disse para ele com olhos sonhadores. —Obrigada.

—Eu sabia que você iria gostar. Multiplique por três o deslumbramento que está tendo. Isso é só o início daquilo que viveremos aqui. Je fais n'importe chose à regarder son sourire. —Ele traduziu. — Faço qualquer coisa para ver seu sorriso.

Eu me estiquei e lhe dei um beijo de leve na boca, Zafir tomou minha cabeça entre as mãos e me puxou para ele, seus lábios se moveram sobre os meus, de maneira suave no início, me persuadindo. Quando eu me derreti, seu beijo se tornou mais profundo, exigente, roubando-me o fôlego.

Quando nos afastamos eu estava ofegante. Eu olhei na hora o retrovisor do motorista, mas ele estava compenetrado no trânsito. Zafir tocou meu queixo carinhosamente com um sorriso.

—Ele sabe que não deve olhar.

Eu sorri para ele corada.

—Amanhã iremos comprar roupas novas.

Eu assenti para ele. Tinha até me esquecido do vestido largo e cinza horroroso que eu usava.

— Shukran(Obrigada).

As minhas rugas de preocupação se foram, eu me sentia feliz, estava ao lado de um homem sensível, calmo e ele transmitia uma paz maravilhosa, era um verdadeiro gentleman.

Charles estacionou em frente a um edifício charmoso bem ao estilo francês. O carro estava quentinho com o ar condicionado ligado, mas lá fora eu sabia que estava um frio de matar. O painel do carro marcava a temperatura lá de fora, 10 graus.

Apertei meu casaco grosso preto em cima do meu feio vestido cinza, eu usava botas de cano alto e meias grossas que deixavam meus pés e pernas protegidos contra o frio.

Charles abriu a porta. Zafir desceu dentro de seu lindo sobretudo preto que cobria seu terno caro, também preto sob medida. Ele me deu a sua mão, me ajudando a sair do carro. Logo senti o conforto do seu corpo quando ele envolveu seu braço na minha cintura. Caminhamos assim por um tempo e depois de mãos dadas no hall do edifício. O elevador estava aberto, entramos nele. Charles seguiu para o de serviço com as malas.

Eu senti os olhos de Zafir em mim eu ergui minha cabeça e encontrei seus olhos negros. Nessa hora ouvi seu celular vibrar, no bolso de seu casaco. Ele não se deu o trabalho de ver quem era. Depois de um tempo, o silêncio. A porta do elevador se abriu. Saímos para o corredor. Eu caminhei ao lado dele e ouvi seu celular vibrando novamente.

Ainda no corredor, vi quando ele o tirou do bolso e fitou o visor. Suas mandíbulas se contraíram e ele o desligou, então procurou meus olhos.

—Sem ligações essas duas semanas. —Ele disse com um sorriso. —Não quero nada entre nós.

Eu sabia que ele era um homem de negócios. Com certeza, ele tinha muitas questões que dependiam de sua decisão no trabalho, por isso senti um grande peso nas palavras dele. Eu sorri para ele, me sentindo importante em sua vida. Esse homem era perfeito demais, tanto que eu me sentia dentro de um conto de fadas.

—Não deve ser fácil ser você. —Eu disse, passando meus olhos por seu rosto.

Ele me estudou intrigado.

—Por que diz isso?

—Eu notei seu abatimento, suas olheiras.

Ele me olhou surpreso, mas não me respondeu. Seus olhos mudaram para meigos e ele se aproximou mais de mim e me envolveu com seus braços, ali mesmo no corredor de ladrilhos brancos, muito bem iluminado.

Eu já tinha percebido que ele não era muito preso às tradições, pois se o fosse, ele não me abraçaria ali daquela maneira. O árabe tradicionalista jamais exporia sua intimidade dessa forma. Ele ergueu meu queixo eu fechei os olhos. Ele então, me deu um beijo singelo na testa e se afastou de mim.

Eh, nem tão moderninho assim...

— É melhor irmos.

A voz grave e sensual me deixou toda arrepiada.

— Sim. — Respondi com rouquidão na voz.

Charles apareceu com nossas malas. Zafir pegou uma delas. Fomos parar em frente a uma grande porta pintada de cor ouro-envelhecido de número quarenta e cinco pintados em dourado. Charles a abriu com chave e entramos no interior do apartamento

Logo que entrei vi um volumoso buquê de rosas vermelhas no meio da mesa da sala de jantar. Papéis de paredes creme, quadros com desenhos abstratos coloridos, apliques dourados, cortinas duplas, móveis de estilo moderno, carpete creme, enfim, um lindo apartamento, majestoso.

Quando entramos senti a temperatura agradável. Zafir logo me ajudou a tirar meu casaco e depois tirou seu sobretudo os colocando em cima de um lindo sofá creme.

Uma brisa fria entrava pela janela que cheirava a inverno. Era minha estação preferida, a do aconchego. Fiquei imaginando em que época do ano, ou que momentos, Zafir usava esse apartamento. Ele era tão grande que parecia amplificar a solidão.

Ele o usava com seus pais? Sozinho?

Uma senhora esbelta surgiu na sala.

—Seigneur, bienvenue.

—Merci. Elissa. c'est ma femme, Kajira.

—Bienvenue, mademoiselle. —Ela se inclinou para mim. J'espère que vous apprécierez votre séjour. Puis-je vous servir quelque chose à manger?

Eu não entendia nada do que ela falava. Zafir olhou para mim.

—Está com fome, habibi?

—Não. Mas te faço companhia se você estiver.

Zafir era muito expressivo, percebi como minhas falas o agradaram e ele sorriu levemente para mim. E voltou-se para a empregada.

—Non, merci, Elissa.

Eu sorri para ela e me senti medida por seus olhos verdes. Ela fez uma reverência e deixou a sala.

Ela deveria estar se perguntando: O que um homem como Zafir viu numa mulher que se vestia como eu me vestia?

Logo estávamos no quarto. Tirando nossas roupas da mala e distribuindo no guarda-roupa. Embora fosse um executivo de sucesso, ele era muito ativo nas tarefas corriqueiras. Eu amei isso nele.

Quando coloquei a última peça na gaveta da cômoda, eu me sentei na cama.

Esse homem era perfeito demais. Pensei o observando guardar suas roupas íntimas em uma gaveta.

Eu descobriria algo nele que me desagradaria?

Meu coração se apertou com esses pensamentos, me repreendi por pensar assim e passei os olhos pelo quarto. Era lindo. A cor pastel e dourado predominava nele, como em todo apartamento.

Será que ele que o tinha decorado?

—Zafir?

Ele que colocava um casaco no cabide, parou por um momento e olhou para mim.

—A decoração do apartamento foi sua? Ou você o comprou assim?

—Não, eu o decorei. Você gosta?

—É lindo. Você vem muito para cá?

Percebi que tão logo a minha pergunta deixou a minha boca, ele apertou os seus lábios, seu corpo se enrijeceu e ele se endireitou e negou com a cabeça.

—Não. Há anos não venho para cá.

—Por quê?

—Não sei. Quem mais vem são meus pais.

Assenti para ele e fiquei com receio de insistir em perguntar o porquê. Eu cria que era por causa do trabalho e não queria estragar nossa lua de mel fazendo-o se lembrar dele.

—Eu vou tomar um banho.

Ele se aproximou de mim, fazendo meu coração disparar no peito. Suas mãos envolveram minha cintura. Meus joelhos tremeram. Ele estudou meu rosto, os olhos negros profundos movendo-se sobre ele. Um sorriso lento se espalhou em seu rosto.

—Sinta-se em casa. Se tiver vontade de ir até a cozinha, abrir a geladeira, explorar a casa, agora tudo aqui te pertence.

Concordei com a cabeça. Sutilmente respirei seu cheiro mais uma vez. Allah! Seu perfume era tão bom.

—Está certo. Obrigada.

— O prazer é meu, habibi.

Ele piscou, e deu mais um sorriso de parar o coração antes de se afastar de mim e voltar a guardar suas roupas.

Depois de tomar um banho quente, coloquei minha camisola, abri a porta do banheiro com o coração agitado, as pernas moles.

Zafir estava sentado numa poltrona com os olhos fechados, quando ele sentiu minha presença no quarto, ele se levantou e pegou seu pijama que estava dobrado na cama.

Tadinho. Será que eu demorei?

—Perdoe-me se demorei muito no banho.

Ele sorriu jovial para mim.

—Você é a mulher mais descomplicada que eu já conheci. Você até que foi rápida.

Não gostei da comparação que ele fez quando se referiu a outros tipos de mulheres. Deveria ser bem experiente quanto a isso. Mas eu não disse nada, assenti para ele séria e me enfiei debaixo das cobertas.

O que eu esperava? Ele tinha trinta anos nas costas. Com certeza era um homem vivido.

Bocejei, ajeitando melhor o travesseiro. Na noite anterior quase não dormi. O agito do casamento, depois o nervosismo da nossa primeira noite juntos, tudo isso me tirou o sono. Agora meus olhos estavam tão pesados.

Acordei com a luz do quarto incidindo em meu rosto. Ao abrir meus olhos me deparei com Zafir virado para mim, me observando enquanto eu dormia. Minha respiração ficou pesada, meu coração disparou num ritmo frenético no meu peito.

Com olhos semicerrados para mim ele olhava para mim. Os cabelos negros revoltos o deixavam muito sexy. O sorriso nos lábios dele e o convite no olhar eram demais, chocando-me e me lembrando que eu lhe pertencia e o porquê eu estava ali com ele.

—Sabah el khair. (Bom dia) —Ele disse lentamente.

Eu lhe dei um sorriso.

—Sabah el khair.

Seus olhos focaram minha boca, antes de procurar meus olhos. Meu coração trovejava em meu peito, quando me ergui pairando sobre ele. Meus cabelos caindo no meu rosto eu me aproximei dele e o beijei. Ele em resposta ergueu os braços segurando meu rosto e com um gemido aprofundou.

Sem quebrar o beijo, ele me colocou sobre o travesseiro, e beijou lentamente minha boca. Meu corpo inteiro se aqueceu com o jeito envolvente que sua língua se enroscava na minha. Ele passou as mãos pelos meus braços suavemente, que ficaram cobertos de arrepios. Seus lábios eram tão macios, suaves... que cada polegada de mim ficou em

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