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2

Era real Dante tinha uma namorada e naquele momento tinha mais uma pedra no meu sapato para me livrar. A senhora Ritzel me atormentou tanto naquela manhã que quase coloquei sal em seu chá.

Meus pensamentos de conquistar aquele homem não foram anulados devido uma qualquer que surgiu em nosso caminho. Levei dona Matilde até o jardim para ficar de olho no novo casalzinho. A velha ranzinza resmungou tanto que não queria estar ali que mal pude ouvir a conversa dos pombinhos que estavam na piscina.

— O sol é bom para sua saúde! — afirmei, forçando um sorriso nos lábios.

— Menina, você não sabe cuidar dos mais velhos! Já disse que não quero ficar no sol! Por que nunca me ouve? Vou contar para meu filho que você não sabe cuidar de ninguém! — esbravejou.

— Pode ser menos amarga? Estou sendo paga para cuidar da senhora e não para ouvir tantas reclamações! Agora entendo porque ninguém dura muito tempo nesse trabalho, a senhora acaba sendo insuportável! Quero ajudar e não vejo colaboração da sua parte! Seu filho ficara triste com minha demissão se eu pedir, sabe por quê? Porque ele estar cansado da senhora causar tantos problemas assim!

Sim, falei tudo que senti vontade. Não aguentava mais engolir tudo calada. Por que ela era tão ingrata?

— Agora resolveu mostrar quem realmente é? Uma víbora! Sabia que por trás dessa gentileza toda existia algo falso. Se você for sincera comigo como foi nesse instante, podemos nos ajudar...

Franzi a testa estranhando aquela proposta repentina. O que ela poderia querer de mim? A única coisa que queria era seu filho e não acreditava que ela me ajudaria casar com ele.

— A senhora não pode me ajudar em nada! Olhe para nós duas, tenho uma vida fora daqui enquanto a senhora está presa nesta cadeira de rodas! Sabe dona Matilde, não estou interessada em um salário maior, se foi o que pensou. Para ser franca, desejo ser a nova senhora Ritzel. — sussurrei na orelha da velha que torceu os lábios finos.

— Uma insolente como você nunca será minha nora! Meu filho tem olhos somente para a namorada. Olhe para os dois e sinta inveja porque nunca ocupara o cargo de esposa dele!

Fechei os punhos e devo confessar que senti vontade de acidentalmente empurrar a velha até a rua para ser atropelada. Como uma mulher como ela que estava quase morta era tão linguaruda daquele jeito? Respirei fundo antes de respondê-la.

— Vou fazer questão de colocá-la em um asilo e de péssima qualidade quando me casar com o seu filho! — comentei e ela começou a gargalhar como se eu tivesse acabado de dizer um absurdo.

— Obrigada por ter me dado sua confissão, Emma. — disse ela puxando um aparelho celular de dentro do sutiã e continuou. — Não tenho porque fingir mais pra você que estou acabada porque não estou, contudo, você estar nas minhas mãos!

Gelei, não apenas por ela ter gravado nossa conversa, mas por ver que ela tinha os movimentos dos braços. O que mais aquela velha escondia de mim e dos outros? Engoli em seco.

— É tudo fingimento, velha maldita? Você tem todos os movimentos do corpo? Vou contar tudo para o seu filho! — esbravejei apertando seu ombro com força.

— Ele não acreditará em você e sim na gravação que tenho de tudo que me falou!

O jogo havia virado e não foi para me favorecer, pensei comigo mesma. Eu estava nas mãos daquela bruxa velha.

— O que você quer de mim? — questionei entre dentes.

— Quero que você gere uma criança para mim, Emma, caso você se recuse, posso dar um jeito de colocá-la atrás das grades...

Meu coração acelerou com tal chantagem inesperada. Ela queria um neto? Olhei para o lado e me perguntei se a magricela tinha problema em engravidar. Ter um filho talvez prendesse ele para sempre a mim, porém, era um risco alto demais e que não queria arriscar.

— A magrela não pode ter filhos, é isso? O que a senhora quer de mim é um absurdo! Quer tanto assim um neto? Procure outra mulher para isso! — afirmei, me recusando a cair em sua chantagem.

— Neto? Não querida, não estou querendo que carregue um filho do meu filho. Quero que você seja inseminada artificialmente do meu querido Alfredo. Ele foi o grande amor da minha vida e não o pai do meu filho, em outras palavras, você engravidará do meu amante e me entregará a criança de livre espontânea vontade! Tem quase três anos que ele faleceu e eu lhe prometi que arrumaria uma barriga de aluguel e cuidaria do seu filho.

Um arrepio percorreu todo meu corpo. Jamais imaginaria que aquela senhora presa há uma cadeira de rodas pudesse ser capaz de fingir uma deficiência e, além disso, querer me obrigar ter um filho do seu amante falecido!

— Ficou louca? Nunca quis engravidar e muito menos engravidarei para entregar um filho meu! Vai se foder, velha maldita! — berrei, cuspindo na sua cara. Ela sorriu como se nada tivesse acabado de acontecer entre nos.

— Você vai parir um filho para mim sim! Não estou fingindo ser aleijada à toa! Precisei fingir para fazer parte do meu plano de adotação para minha suposta recuperação milagrosa! Você não estragará meus planos menina. Tenho você nas minhas mãos, não esqueça que tenho muito dinheiro e posso até mesmo acabar com sua vida em um estalar de dedos...

Ameaça de morte? Aquela foi a primeira vez em muito tempo que senti que realmente minha vida estava em risco. Não entrei naquela casa para virar uma vítima e foi exatamente isso que acabara acontecendo.

— Eu não quero parir um filho do seu amante! Você nunca mais vai me ver outra vez, sua desgraçada! — esbravejei, deixando-a na cadeira de rodas para trás.

Ela não me veria nunca mais na sua frente. Eu não seria envolvida em seus planos contra minha vontade. Naquele momento que saí pelo grande portão, havia desistido de ser a senhora Ritzel, não queria mais fazer parte daquela família.

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