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Isabelly
— Desculpe, Belly! Eu juro que tentei chegar a tempo, mas fiquei preso em uma reunião que só acabou a poucos minutos. Onde você está, amor? — O seu tom carinho me faz suspirar e me repreendo pela explosão sem cabimento, a final, ele não tem culpa.
— Estou em casa! — respondo mais calma agora e me acomodo no sofá camurçado, vermelho púrpura.
— Estou te ligando para avisar que não poderei ir para sua casa hoje. Te vejo amanhã? — O quê? Como assim?
— Greg, nós precisamos conversar! — insisto. Ele solta uma respiração audível do outro lado.
— Amanhã, querida, eu prometo! — Puxo uma respiração consternada e tento me conformar.
— Promete que não passa de amanhã, Greg?
— Eu prometo! Olha só, vou pedir para minha secretária cancelar qualquer compromisso de amanhã. Melhor assim? — Inevitavelmente abro um grande sorriso.
— Bem melhor assim, meu amor!
— Até amanhã! Eu te ligo, tudo bem?
— Vou ficar esperando. Eu te amo, Greg!
— Eu também. — E encerra a ligação junto com a nossa conversa.
Quando eu era mais jovem vivia sonhando com um homem romântico para mim. Sabe? Do tipo que dá flores e chocolates, que me fizesse surpresas, essas coisas. O típico homem romântico que ninguém quer terminar a ligação. Pois é, o Greg não tem nada a ver com esse cara dos meus sonhos, mas fazer o que? Eu o amo mesmo assim.
***
Na manhã seguinte estou trancada em uma sala cheia de homens de negócios e atolada entre uma reunião e outra, e na apresentação de algumas contas, porém, deixando os meus clientes totalmente satisfeitos com a minha programação. Saio do meu escritório exatamente as duas e vinte e cinco pois tenho um encontro marcado com Brito no Drink's Drive, e só tenho meia hora para chegar do outro lado da cidade. Entro no meu carro e agradeço aos céus porque o trânsito está favorável neste horário. Meia hora depois, estaciono o carro do outro lado da rua e sigo para o prédio oponente a minha frente. Ele deve ter pelo menos uns trinta andares de puro concreto e vidros escuros. Entro na recepção para lá de requintada, com o nome Drin'ks Drive em tons de prata numa parede negra por trás da recepcionista, uma jovem de aparentemente vinte anos, usando um uniforme Armani azul-marinho impecável com alguns detalhes branco e um lenço fino no pescoço, olho em seu crachá o seu nome Ana Clara.
— Boa tarde, senhorita, em que posso ajudá-la?
— Boa tarde, Ana Clara! — Ela sorri. — Eu sou Isabelly Sampaio e...
— Ah, claro! — Ela me interrompe. — Estão lhe aguardando senhorita Sampaio, por favor, é só entrar no elevador e seguir para o último andar.
— Ok! Obrigada, Ana Clara! — Sigo para um dos elevadores que é tão oponente quanto o prédio, é o dono gosta de esbanjar seu dinheiro! Penso, olho o meu relógio. Que maravilha, faltam apenas cinco minutos para três. — Isso é o que eu chamo de chegar em cima do horário — falo para mim mesma, orgulhosa pela pontualidade. As portas duplas de aço espelhados se abrem e fico chocada com o ambiente a minha frente, que ao contrário da parte de baixo extremamente movimentada aqui não se vê um pé de gente, saio do elevador observando os quadros caríssimos na parede branca, com sofás escuros posicionados de forma estratégicas, há um lindo jardim de um paisagismo de tirar o fôlego, uma porta de vidro separa a recepção de um corredor grande e largo onde há várias portas de madeira escuras com designs elegantes.
— Bom dia, senhorita Sampaio! O senhor Ávila e o senhor Brito já a estão aguardando. — Uma morena tão linda quanto a ruiva lá de baixo e usando o mesmo tipo de uniforme informa. Eu entro pelas portas de vidro transparente a seguindo até a terceira porta no corredor. Ela dá duas batidinhas na madeira e a abre em seguida. — Senhor Brito, a senhorita Sampaio já chegou — avisa.
— Ah, graças a Deus! — O homem diz exasperado e vem rapidamente ao meu encontro. Ele me puxa pela mão e praticamente me arrasta para a última porta. — Se passasse um minuto a mais garanto que eu teria um infarto! — ralha exasperado.
— Que exagero, homem, relaxe! — retruco.
— Você diz isso porque não é o seu que está na reta! — rebate irritado me arrancando alguns risos.
— Brito, eu nunca te deixei na mão.
— Isso porque eu nunca precisei de você, mas hoje eu preciso que deixe seu lado divertido de fora e seja uma profissional. Você pode fazer isso por mim, por favor? — inquire parando de frente para a porta.
— Eu sempre sou profissional, Brito. Brincadeiras à parte, eu sei tratar muito bem os meus clientes, ainda mais um que vai me pagar o triplo de dez mil reais.
— O quê? — Ele quase grita a indagação.
— Você quem disse que não importava o valor da conta francesa e que me pagaria o triplo.
— Eu disse o dobro, sua diabinha!
— Mas eu exigi o triplo e você concordou.
— Isso foi em um momento de desespero.
— Brito, seja homem e honre com a sua palavra, ou nada feito. Ainda mais que eu sei que me lançará aos leões.
— O que quer dizer com te lançar aos leões?
— Bom, pela sua cara e pelo teor do seu nervosismo, imagino que o seu chefe é um dragão cuspindo fogo pelas narinas.
— Leão, dragão... não dá para decidir qual bicho ele vai ser para você? — Sorrio amplamente.
— O triplo, ou nada feito — imponho. Ele rola os olhos para mim.
— Ok, o triplo! Agora entra nessa sala e enfrenta a fera. — Brito abre a porta e um homem elegante, e imponente surge no meu campo de visão. Ele está sentado em uma sofisticada poltrona de costas para a porta e olhando a cidade através das janelas enormes de uma ampla sala de reuniões.
— Senhor Ávila, a senhorita Sampaio acaba de chegar. — Brito anuncia, entrando na sala, enquanto observo o ambiente luxuoso. Tudo aqui exala poder e dinheiro. A mesa com tampo de vidro escuro de vinte cadeiras acolchoadas, cobertas com couro preto e apenas uma poltrona na ponta próxima a janela onde o rei está sentado. Puxo a respiração e acompanho o meu amigo adentrar ainda mais a sala. Alguém fecha a porta atrás de mim e a sentar. Dou mais dois paços na direção a mesa e então ele finalmente se vira para mim.
—Você?! — indagamos ao mesmo tempo.