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6

Isabelly

Não acredito que Jonas me convenceu a fazer isso! Resmungo internamente. Se ele sonhasse o quanto estou sobrecarregada com as contas das empresas japonesas e da França, e agora mais essa! Bufo e me sento na cadeira da mesa de sempre na minha sorveteria preferida e peço o meu habitual sorvete de baunilha que eu amo! Enquanto aguardo o meu pedido, olho rapidamente através da janela de vidro transparente de onde posso observar as pessoas nas ruas. Olho as horas em meu relógio de pulso e vejo que já passa das sete da noite. Irritada, tiro o celular de dentro da minha bolsa para ligar para o meu noivo desconectado do mundo. Para a minha completa frustração, a ligação cai direto na caixa postal.

— Onde está você? — Decido deixar uma mensagem, mantenho a minha voz calma. Contudo, a minha paciência já estou no meu limite com suas gafes e atrasos. Enfim, mesmo após um dia corrido no escritório, marquei com o Greg aqui na sorveteria às seis e vinte, e até agora nada. Nenhuma mensagem, nem mesmo um telefonema avisando se atrasaria ou não. Um rapaz de aparentemente dezenove anos coloca a minha taça de sorvete gigante em cima da mesa e eu lhe agradeço sutilmente. Ele se afasta e eu volto a olhar para o meu relógio pela enésima vez. Seguro o meu celular consternada e abro a tela para ver se tem alguma mensagem dele e nada. Suspiro cansada. Eu entendo que ele é um homem extremamente ocupado, que vive viajando e atolado em reuniões, e tal, mas poxa! Custa ter um tempinho só para mim? Estava decidida a marcar finalmente o bendito jantar com a minha família e acabar de vez com tantas cobranças, mas pelo visto ainda não será essa noite. Resolvo ligar para o Greg outra vez e exigir uma explicação, porém, o celular chama e chama, mas ele não atende. Frustrada, desisto de tentar e guardo o aparelho de volta na bolsa e tiro alguns documentos da minha pasta para estudar os meus próximos passos.

— Oi! — Uma voz infantil diz e ergo a minha cabeça, dando de cara com um garoto, muito lindo por sinal. Seus cabelos lisos e negros são um pouco compridos e cacheados nas pontas, e os olhos negros brilham com uma intensidade magnifica, mas é o seu sorriso amigável que me encanta. Sorrio para o pequeno e olho para os lados procurando dos seus pais.

— Oi, o que está fazendo aqui sozinho? — Procuro saber, já que não vi um responsável por perto.

— Não estou. Você não vai tomar? — inquire olhando para a taça intocada no centro da mesa. Faço um gesto de desdém com os ombros.

— Você quer? — Devolvo-lhe a pergunta. O garoto sorrir ainda mais e assente com a cabeça. — Pode pegar.

— Sério?

— Sim, pode pegar. — Empurro a taça em sua direção e ele sem cerimônia alguma se aproxima da mesa, pega a colherinha e leva uma colherada a boca.

— Como você se chama? — indaga parecendo um miniadulto.

— Eu sou a Isabelly e você?

— Meu nome é Christopher, mas pode me chamar de Cris.

— É um lindo nome, Christopher! — Ele sorrir para o meu elogio e logo outra colherada do sorvete alcança sua boca avermelhada.

— Christopher? — Uma voz grossa esbraveja o nome do menino, que para de tomar o sorvete imediatamente e se levanta em um rompante.

— É o meu pai. — O menino sibila em tom de confidência.

— Ah! — digo e olho para trás para ver de quem se trata. O homem parece extremamente irritado e os seus olhos não saem de cima do garoto, que parece amedrontado com sua atitude grosseira.

— Não falei para não sair de perto de mim, garoto teimoso? Que saco! Vem, o Alfred está nos esperando no carro! — ordena. Atrevidamente eu me levanto da cadeira e encaro o lindo par de olhos azuis.

— Desculpe senhor, mas o garoto está tomando sorvete e…

— A caso me dirigi a senhorita? Perguntei-lhe alguma coisa? — Ele rosna. Mas, que filho da puta grosseiro!

— Não seja estupido! Não vejo nada de mais em deixar o menino terminar o sorvete dele — rebato ríspida. Ele bufa alto e volta o seu olhar para o menino.

— Christopher, para o carro, agora! — Volta a ordenar. — E você não se envolva nos meus negócios! — adverte-me apontando um dedo em riste. É impressão minha, ou ele acabou de chamar o garoto de seus negócios?

— Desculpe, como se chama? — Continuo com a minha educação.

— Para você, eu sou o senhor Ávila. — Ele rosna.

— Que seja, Senhor Ávila! Não consigo entender como um garotinho tão lindo e educado pode ser filho de um homem tão arrogante, prepotente e cheio de si. O senhor é um ogro, aproveite o filho que tem e aprenda com ele sobre boas maneiras. Agora, se me dê licença. — Saio esbarrando forte na lateral do seu corpo, praticamente o arrancando do seu lugar e passo por ele. — Passar bem, senhor Ávila e, tchau Cris, adorei conhecer você! — Solto um beijinho no ar para o menino e saio do estabelecimento

.

***

Quase meia hora depois, chego ao meu apartamento exausta devido o dia corrido. Largo os saltos altos pela sala, minha maleta em cima do sofá e a bolsa ao seu lado. Enquanto entro no curto corredor, vou me desfazendo da minha blusa de botões e largo a peça em cima da minha cama, a saia fica esquecida pelo chão do meu quarto e quando entro no banheiro, me livro do conjunto de lingerie. Tomo aquele banho demorado e merecido, e ponho um conjunto de pijama de flanela que eu adoro. Na minha minicozinha, abro a geladeira e tiro o resto da lasanha de ontem para levá-la ao forno para esquentar. No mesmo instante o meu celular começa a chamar e vou correndo para a sala de visitas, onde deixei a minha bolsa. Pesco o aparelho lá dentro e olho as horas antes de atender. Bufo ao ver que já são quase onze da noite e atendo a ligação antes que ele desista de chamar.

— Que droga, Greg, onde você estava?! Nossa, eu te esperei você por horas naquela maldita sorveteria!

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