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3

Isabelly

— Terra para Belly. Isabelly, pelo amor de Deus!

— O quê?

— Faz tempo que falo com você, e você não me escuta! Onde está com a cabeça?

— Onde acha que ela está? — Rio e minha amiga revira os olhos.

— Estou indo, você vem?

— Vou, mas estou indo para casa dos meus pais. Prometi para eles que jantaria em casa essa noite.

***

Jantar na casa dos meus pais me deixa um tanto dividida. Entendam, eu os amo de paixão, porém, me reunir com a família Albuquerque tem sido um martírio para a minha vida pessoal.

— Mãe, por favor! Não vamos mais falar sobre isso de novo, tá bom?

— Isabelly, não é fugindo do assunto que vai mudar as coisas! — Ela insiste.

— Mãe, Greg e eu nos damos muito bem do jeito que as coisas estão.

— Até quando? Filha, eu só quero o seu bem!

— Tudo bem! Vou falar com ele e marcar um jantar aqui em casa, melhorou? Você vai poder conversar com ele, tirar todas as suas dúvidas, mas, por hora, podemos encerrar esse assunto?

— Podemos, por enquanto, dona Isabelly Sampaio de Albuquerque! Até ele inventar mais uma desculpa esfarrapada para não vir até aqui. — Entenderam o que eu quis dizer?

— Pai!?! — reclamo, pedindo socorro para o meu pai que está calado até o momento e com os braços cruzados rente ao peito.

Marcos Albuquerque é um homem muito passivo, tranquilo e observador. Foi com essas qualidades que ele avançou no mercado de hotéis de luxo em vários países. Exatamente isso que vocês entenderam. Ele é dono do Caravelas & Cia, uma grande rede de construção de hotéis de luxo. Já dona Mônica Sampaio Albuquerque é o gênio em pessoa. Ela é uma mulher ativa, possessiva e sagaz, sempre atenta aos perigos que a vida impõe aos seus. Mônica é uma leoa faminta e raivosa, e quando algum predador se aproxima das suas crias - nesse caso, o Greg é um Deus nos acuda.

— Desculpe, querida, mas, nesse caso a sua mãe está certa. — Reviro os olhos impaciente. — Desde que estão juntos Greg só veio aqui uma única vez e com hora marcada para sair e não sabemos exatamente nada sobre o seu noivo. Quem é, quem são seus familiares, seus amigos… nada!

— Entendi. Isso é um complô, certo? — retruco revoltada. — Eu vou falar com o Greg e ele virá para esse bendito jantar. E vocês poderão matar toda e qualquer curiosidade. Será que agora podemos jantar em paz? — inquiro deixando claro o meu desagrado.

— Com certeza, filha. — Meu pai responde.

Para a minha felicidade, ninguém mais toca no assunto Greg durante o jantar, o que agradeço de todo o coração. Eu não entendo. Será que apenas eu vejo a pessoa maravilhosa que o meu noivo é? Meus pais, minhas amigas, todos estão sempre me imprensando contra uma parede, sempre querendo informações sobre ele. Não era para EU estar preocupada com esses detalhes? Será que eles não entendem que somos felizes do jeito que as coisas estão? Meu celular toca em algum lugar da casa, despertando-me dos meus pensamentos e peço licença a todos na mesa. Abro um sorriso gigante quando vejo que é Jonas Brito, um colega de longas datas.

— Fala, Brito! Você anda bem sumido.

— Belly, você tem que me salvar! — Arqueio as sobrancelhas.

— Hum! Boa noite para você também!

— É sério, porra!

— Tá bom! Quem está morrendo?

— Preciso que administre uma conta das empresas Drink`s Drive para mim.

— Como assim, Brito? Você sabe que eu não posso…

— Belly, quantas vezes te pedi alguma coisa? — Me interrompe impaciente. Suspiro.

— Hum, deixe-me ver. — O provoco.

— Nunca, porra! Eu que sempre resolvi as suas merdas na faculdade — ralha.

— Ok, Brito! É só que eu acabei de fechar um contrato com uma conta de uma empresa francesa, que está abrindo filial aqui no Brasil. Ela é muito grande e eu…

— Ok, quanto está recebendo por essa conta? — questiona.

— Mais do que eu gostaria.

— Eu pago o dobro — rosna. Franzo a testa.

— Mas, você nem sabe quanto é!

— Não importa, caralho! Eu pago o que for, mas tem que ser você. Se eu colocar outro imbecil para administrar essa conta, estarei no olho da rua, entende? E ainda tem o fato de que você quer levar seu nome ao topo, certo? — Puxo o ar e solto o ar pela boca.

— Certo.

— Então, essa é a sua chance de ouro, garota. Não vai aparecer outra igual nem tão cedo na sua vida.

— Ai, ok! Quando você pode levá-la até o meu escritório?

— Não posso e não vou levá-la até o seu escritório.

— O quê? E como quer que eu faça isso?

— Você terá que ir até o Drink`s Drive. O senhor Daniel Ávila falará com você pessoalmente.

— Tudo bem! Mas, eu quero o triplo do valor do francês.

— O quê? Enlouqueceu, mulher?

— Você disse, pago o que for, e eu quero o triplo.

— Puta que pariu, Belly! Já pensou em ser vendedora de ações? Iria arrancar muito dinheiro dos trouxas.

— O triplo, ou nada feito, Brito — retruco

— Tá bem, porra, você venceu! O triplo, mas não me decepcione, Belly, meu emprego depende de você. — Um sorriso presunçoso se espalha pelo meu rosto.

— Até parece que não me conhece, Brito!

— Até amanhã, Belly! Mandarei o endereço para o seu e-mail. Bom jantar! — Franzo o cenho.

— Como sabe do… — Ele desliga sem esperar eu terminar a indagação. Com um suspiro guardo o celular no bolso do meu jeans e volto para mesa, porém, me despeço dos meus pais e irmão.

— Como assim já vai, filha? — Mamãe indaga. — Você nem terminou de jantar direito.

— Desculpe, mãe, mas tenho um compromisso amanhã bem cedo e não quero chegar muito tarde em casa. Eu amo vocês! — digo, soltando beijinhos para todos no ar e vou imediatamente pegar a minha bolsa e depois, para o meu carro.

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