O poder
(Sara)
Antes de eu apagar na cama, o meu celular tocou, era o advogado informando sobre a reunião.
Depois da ligação dele, eu mandei uma mensagem pra minha amiga, e ela chegou logo pela manhã, quando o sol nem tinha nascido direito.
Brenda: Você ainda está assim? Eu não acredito Sara.
Ela falou enquanto se agarrava no meu pescoço pra me abraçar.
Eu estava um pouco zonza pelo excesso de bebida da noite anterior, mas nada iria me impedir de esfregar a minha beleza na cara do Cristian.
— Eu bebi além da conta antes de dormir.
Brenda: Então vamos, eu vou te ajudar a ficar pronta, pois depois do que você me disse ontem quando me ligou, eu fiquei super animada com a sua rebelião, eu adoro ver você rebelde.
Ela deu uma gargalhada assustadora, coisa que ela só fazia quando estava realmente obstinada a ser o terror de alguém.
Eu tomei um banho, escovei os dentes, e quando saí, a minha mala já estava toda revirada, e ela escolheu justamente o vestido mais curto e o mais sexy, que eu tinha a pretensão de usar com um cliente que eu iria ver em alguns dias.
— Você não acha que esse vestido é chamativo demais pra ir a um hospital?
Brenda: Você quer fuder com o psicológico dele ou não?
Ela tinha razão, eu tinha um forte motivo pra querer ver ele babando por mim.
Eu me vesti, coloquei uma sandália alta, e a Brenda cuidou de todo o resto, tanto do meu cabelo, quanto da maquiagem.
Quando eu me olhei no espelho, eu me senti ainda mais poderosa do que o normal.
— Nossa, isso ficou incrível.
Brenda: Você é incrível Sara, agora anda logo, pega sua bolsa, antes que se atrase.
Eu dei um beijo no rosto dela e saí.
Quando eu cheguei no hospital, ainda faltavam dez minutos pro horário marcado, então eu comprei um café, antes de ir até o meu padrinho.
Eu não podia negar o meu nervosismo, afinal eu estava prestes a encarar a pessoa que dividiria a vida comigo pelos próximos dois anos, isso se eu aguentasse passar tanto tempo ao lado de um cara machista, escroto e babaca, eu não sabia exatamente os benefícios que eu teria, além é claro da segurança da qual tanto o meu padrinho ressaltava, mas eu acreditava que valeria a pena o esforço e o sacrifício.
Assim que o meu padrinho me viu, ele sorriu, era um sorriso diferente, como se ele soubesse que aquela produção toda, era pra desestabilizar o filho dele.
Padrinho: Que produção magnífica, você está deslumbrante Sara.
— Você é suspeito em falar padrinho.
Eu dei um beijo nele e olhei pra figura parada bem do meu lado.
Advogado: Bom dia Srt. Sara, eu me chamo Olavo Brandão.
— Ah sim, foi você quem me ligou informando o horário da reunião.
Eu estiquei a mão pra cumprimentá-lo e depois voltei todas as minhas atenções pro relógio.
— Já era pro seu filho já ter chegado padrinho.
Padrinho: Você tem razão, ligue pra ele Olavo.
Eu caminhei até a lateral da porta e aguardei pacientemente o Cristian justificar o atraso, mas o advogado tentou milhares de vezes, e o idiota não atendeu.
Por algum tempo eu fiquei me questionando se ele iria realmente aparecer naquela reunião, ou se havia desistido de tudo.
Foi impossível manter a minha boca fechada, a cada minuto de atraso, era um xingamento que eu fazia sobre ele.
Padrinho: Calma Sara, ele deve ter tido alguma razão pra se atrasar.
— Custava avisar? Eu odeio atrasos.
O meu padrinho tentou amenizar os efeitos da falta de compromisso do filho, conversando sobre diversos assuntos comigo, e quando haviam se passado 25 minutos, ele chegou.
Ele entrou e não se deu conta da minha presença, ele foi logo pedindo desculpas, dando a justificativa de ter tido uma noite ruim, e eu não perdi tempo em soltar uma dose do meu veneno.
Quando eu o confrontei, ele olhou pra trás, e eu tive quase certeza que a intenção dele não era uma das melhores, mas rapidamente ele me consumiu com um olhar de predador, aqueles olhares que todos os homens safados costumam dar.
Eu não vou mentir que eu senti um leve formigamento na calcinha, afinal apesar dele ser um babaca, tudo nele exalava beleza e luxúria.
Eu quase não acreditei quando ele perguntou se eu era uma das advogadas, e tentou se apresentar, mas eu fui logo tirando o cavalinho dele da chuva, pois era nítido que ele estava interessado em me comer, e estava usando o lado dele mais sedutor pra me manipular, mas quando eu o chamei de babaca, ele finalmente se deu conta da minha verdadeira identidade.
Eu não perdi tempo em usar as mesmas palavras dele pra ironizar aquilo que ele achava sobre mim, afinal eu estava muito longe de ser alguém deselegante e indesejável.
Quando eu voltei a olhá-lo, percebi a perplexidade nos olhos dele, e não demorou muito pra ele questionar meu padrinho, sobre ele ter me falado o que eles conversaram.
Definitivamente o Cristian não estava entendendo como eu tinha tantas informações, e garantiu que nós teríamos bastante tempo pra esclarecer aquilo, eu o olhei com o meu olhar mais sensual, e percebi o maxilar dele rígido, e isso foi o suficiente pra eu ter a certeza que ele estava literalmente me desejando.
Depois foi só ladeira abaixo, e apesar de eu ter praticamente uma fortuna em minhas mãos, eu não teria o poder das empresas, e isso me fez chegar a conclusão que o Cristian só estava casando comigo por aquele único motivo, e por alguma razão, aquilo me incomodou e entramos em uma discussão que acabou deixando o meu padrinho mau.
Não bastava o fato do Cristian estar mais preocupado com os bens do que com a vida que iríamos levar, ele também fez questão de responder que aquilo tudo deveria ser dele por direito.
Assinamos os documentos e praticamente fomos expulsos pelo meu padrinho, afinal toda aquela confusão estava afetando ele, e mesmo que ele tenha lembrado ao Cristian de me levar pra almoçar, eu já estava decidida a não ir, pois eu queria fazer valer o meu poder de decisão.
Eu fiz ele ir atrás de mim, isso é uma típica atitude de homens com o ego ferido, ele certamente odiou o fato de eu ter ignorado ele, o que eu não esperava era que ele fosse me encurralar dentro do elevador.
O corpo dele junto ao meu fez a minha calcinha molhar, o perfume dele impregnou no meu nariz, e o olhar dele no meu poderia ter me desestabilizado, isso se eu não tivesse me preparado bem pra lidar com ele, afinal eu era especialista em homens, e pra mim os homens são todos iguais.
Eu jamais iria me submeter as exigências de um homem feito o Cristian, e quando ele exigiu que eu o respeitasse, mandando eu nunca mais falar com ele da forma como eu falei, eu o segurei pelo queixo e lambi os lábios dele, demonstrando que o poder estava nas minhas mãos e não nas dele.
Ele ficou visivelmente excitado, e eu tive que deixar claro as habilidades da minha língua, pra que ele nunca mais pusesse ela em questão.
Eu passei por debaixo do braço dele e saí do elevador, deixando pra trás o homem que fez o meu coração acelerar, sem nem ao menos me tocar.
Eu caminhei pra parte externa na intenção de conseguir um taxi, mas eu ouvi quando uma mulher gritou com ele, mencionando o pau duro dele, foi impossível não sorrir, afinal enquanto o meu coração acelerava, o pau dele latejava, não que a minha calcinha não estivesse molhada, mas eu estava em vantagem, pois ele só saberia disso se me tocasse, e isso não iria acontecer com tanta facilidade, nem mesmo na noite de núpcias.