O confronto
(Cristian)
No primeiro minuto de atraso, o meu celular começou a tocar, é claro que o meu pai não iria deixar passar em branco a minha falta de compromisso, e eu optei por não atender, já que eu ainda estava saindo do meu apartamento.
Acontece que eu me arrumei mais do que o costume, no fundo eu queria que a afilhada estranha e apagada do meu pai se desse conta que eu era muita areia pro caminhão dela, eu queria que ela desistisse de mim antes mesmo de casar, assim evitariamos aquela loucura toda.
Eu cheguei no hospital, já havia passado 25 minutos do horário marcado, e o meu celular já acumulavam sete ligações do advogado do meu pai.
Assim que o meu pai colocou os olhos em mim, eu pude ver o alívio que ele sentiu.
Pai: Santo Deus, finalmente.
— Desculpe pelo atraso, eu não tive uma noite muito tranquila, e acabei perdendo o horário.
" Eu também tive uma noite ruim, no entanto cheguei aqui no horário, é pra isso que existe despertador ".
Eu olhei pra trás, buscando de onde tinha vindo aquele insulto, e eu estava disposto a esquecer toda a minha educação, mas então eu vi uma mulher deslumbrante, os cabelos dela eram longos e iluminados com algumas mechas caramelizadas, e o corpo dela era de paralisar qualquer um, os lábios dela estavam com um batom cor de vinho, e os olhos dela eram castanhos, porém o olhar dela não era nada amigável, mas eu tive uma leve sensação de reconhecimento.
Eu tive que recolher a minha intenção de ser mau educado, pra dar lugar ao meu lado sedutor, pois a mulher bem a minha frente era um completo espetáculo.
— Você é uma das advogadas do meu pai? acho que ainda não fomos apresentados, muito prazer, eu me chamo...
Antes que eu pudesse esticar a mão pra cumprimentá-la, ela me interrompeu.
"Eu sei quem você é, e sim, já fomos apresentados, e você continua o mesmo babaca de anos atrás".
As palavras dela foram como se uma nuvem de fumaça estivesse sendo dissipada diante dos meus olhos, era ela, e eu quase não consegui pronunciar as palavras.
— Você é...
Eu nem conclui a pergunta e ela foi logo se aproximando de mim, levando os lábios até o meu ouvido.
Sara: Sim, sou eu, a sua futura esposa deselegante e indesejável.
A voz dela me deu calafrios, enquanto as palavras dela me atingiram em cheio.
Eu a encarei incrédulo, e por um instante eu vi as pupilas dela se dilatarem.
Pai: Pelo visto vocês estão se entendendo sem minha interferência, isso é muito bom, atrasos acontecem, vamos ao que interessa?
Meu pai interrompeu aquele momento intenso e ao mesmo tempo angustiante, onde eu me vi confrontado com a beleza estonteante e a ironia da Sara.
Eu olhei pro meu pai e fiz a única pergunta que veio na minha mente.
— Você falou pra ela o que conversamos pai?
Pai: Sim, não tudo, só sobre o casamento.
Eu voltei a olhar pra ela, sem entender como ela sabia sobre os comentários que fiz referente ao comportamento e fisionomia dela, e dei de cara com um sorriso malicioso nos lábios dela.
— Nós teremos bastante tempo pra esclarecer isso Sara.
Ela ficou em silêncio, embora tenha visto o olhar dela passar por todo o meu corpo, e aquilo foi sexy.
Eu passei as mãos pelo meu rosto na tentativa de tirar aqueles pensamentos impróprios da minha cabeça.
Pai: Sente-se e escutem o advogado.
Nós sentamos e eu tentei prestar atenção no que era falado, em vez de olhar pras pernas bem contornadas da minha futura e deliciosa esposa.
Advogado: Bom, eu trouxe aqui alguns documentos pra vocês assinarem, dando a cada um 50% das ações da empresa, a casa que atualmente a Sara mora continuará sendo dela, e os outros doze imóveis serão divididos entre os dois, os carros serão de Sara, e o aras também, já a fazenda será do Cristian, e apesar dos dois possuírem a mesma porcentagem da empresa, será o Cristian o responsável por tudo, ou seja, ele que dará as ordens e será o CEO, porém se houver um pedido de divórcio vindo da parte do Cristian, o cargo passará automaticamente pra Sara.
Sara: E se for eu a autora do pedido?
Advogado: Ele continuará no cargo.
Ela me encarou com frieza, e eu notei um breve ar contrariado.
Sara: Então você está casando comigo pra garantir o seu poder na empresa?
— Ah, que bom que a minha futura esposa é esperta.
Sara: Ah sim, é claro que sou, você verá mais dessa esperteza quando se ver obrigado a pedir o divórcio.
— Isso nunca vai acontecer, eu não vou dar algo que é meu por direito de mão beijada pra você.
Pai: Por favor, não briguem, vocês precisam se entender, eu não quero...
Meu pai puxou o ar, quase sem fôlego e nós dois corremos pra ajudá-lo.
— Desculpe pai, eu perdi um pouco a linha.
Pai: Eu não quero que vocês briguem, vocês serão marido e mulher, deve haver um entendimento entre vocês, eu tive conversas específicas com os dois, lembrem-se daquilo que foi conversado, vocês são livres pra seguir o caminho de vocês, dentro das condições impostas.
Eu encarei outra vez a Sara, mas ela já estava com lágrimas nos olhos, aquelas lágrimas era uma prova viva do quanto o meu pai significava pra ela.
Sara: Tudo bem padrinho, você não tem culpa de ter tido um filho tão sem noção.
— Você ainda vai me insultar?
Ela me ignorou e aquilo me irritou ainda mais.
Pai: Eu estou muito cansado, assinem os documentos por favor e vamos deixar o resto pra depois.
O advogado nos entregou os documentos e nós assinamos, mesmo contrariados.
Pai: Cristian, a leve pra almoçar e resolvam os detalhes sobre o casamento, agora podem se retirar.
— Esse casamento será com comunhão de bens?
Sara: É com isso que você está preocupado?
— Você já está tomando de conta de 50% do que seria meu, apenas por ser uma simples afilhada.
Sara: Bom, me parece que eu exerço muito melhor o papel de filha do que você.
Pai: Já chega, isso o outro advogado vai esclarecer pra vocês em um momento mais oportuno, agora saiam.
O meu pai estava claramente irritado, e também notoriamente exausto, então nem eu e nem a Sara o questionamos, apenas nos retiramos e fomos pro corredor.
A Sara saiu andando, rebolando aquela bunda empinada e chamativa, e eu a interrompi contra a minha vontade, ela era deliciosa, e admitir aquilo pra mim mesmo foi como uma sentença de morte, eu não sabia como aquela garota sem brilho, que parecia mais um bicho do mato, havia se transformado naquela mulher atraente e sensual.
— Pra onde você vai? Temos um almoço, esqueceu?
Ela me ignorou e continuou andando, e isso nunca havia acontecido com mulher nenhuma, ninguém nunca havia ne confrontado ou me ignorado daquela forma.
Eu a segui, disposto a prendê-la na parede e exigir o mínimo de respeito, já que eu seria o futuro marido dela.
Ela entrou no elevador, e eu fui logo atrás, quando a porta se fechou, foi exatamente isso o que eu fiz.
O corpo dela entre os meus dois braços, fez com que o meu corpo voltasse a ter calafrios, o olhar dela maduro, sem a inocência de anos atrás, fez com que parte de mim quisesse beijá-la, mas o meu orgulho falou mais alto.
— Nunca mais fale comigo daquela forma entendeu? eu serei o seu marido e você me deve respeito.
Ela deu um sorriso maldoso, segurou o meu queixo, e passou a língua levemente nos meus lábios, aquilo foi uma explosão de sensações térmicas, e eu fiquei nitidamente excitado.
Sara: Isso é pra você parar de questionar as habilidades da minha língua, ela serve tanto pra açoitar, quanto pra dar prazer.
A porta abriu, e ela passou por debaixo do meu braço, e eu tentei esconder a minha ereção das pessoas que entraram no elevador, mas foi impossível, eu tinha que descer, pois já estávamos no térreo, então eu me virei feito um maluco e dei passos longos pra evitar mais constrangimentos, mas isso não impediu que eu ouvisse uma mulher gritando...
"Você não tem vergonha? Aqui é um hospital, quer usar esse pau duro, vai pro motel".
Eu fingi que não era comigo, tentei chegar no carro o mais rápido que pude, e entrei, sentindo o meu pau doer, já que a calça estava praticamente esmagando ele.
— Sara Denver, você é um poço de perigo, mas eu sou mais, você não me conhece.
Falei enquanto tentava me conter.