Capítulo 05
DANI LEMBRANDO E CONTANDO AOS AMIGOS:
Já virei um tapa na cara dela e segurei ela de costas, pressionando a cara da desgraçada na parede de uma casa. O que me ajudava era que ali não ficava no campo de visão de nenhum soldado.
— Escuta aqui, sua piranha, você vai me acompanhar até meu carro sim! Caso contrário, meu soldado que está lá do outro da rua da casa azul, ao lado do Bar do Tuca, vai atravessar e meter uma bala na cabeça da sua titia Lourdes. — A casa azul era a casa onde ela morava com Lourdes, a mulher que a criou. Primeiro me informei sobre a vida dela, não havia nenhum soldado vigiando a sua casa, mas ela não precisava saber disso.
Ela se calou e me acompanhou, entrando no meu carro e eu dirigi acelerada até um local mais afastado, próximo de onde sei que fica o campo da desova. A princípio, hoje ninguém seria cobrado, então estaria limpo.
Lá estacionei e dei uma surra nela, mesmo estando grávida bati muito, arranquei o mega que ela tinha acabado de colocar e após ela estar toda machucada, peguei meu canivete debaixo do banco e encostei no pescoço dela.
— Fique feliz que eu não rasguei essa sua cara todinha, mas não esquece que a titia Lourdes também está na minha mira, então só vou avisar hoje: nunca mais chega perto do meu marido. E se você abrir essa boca para alguém sobre o que aconteceu aqui, já sabe, você vai se atrasar comigo! — falei e pressionei um pouco o canivete na garganta dela.
— Agora vaza! – mandei e a garota saiu correndo do meu carro. E quando ela saiu, encostei minha cabeça no volante e desabei a chorar. Eu, que nunca fui uma pessoa violenta, havia acabado de agredir alguém e ameaçado outra por causa de homem. Não foi a primeira traição do Eduardo, mas eu não vou ficar aguentando isso, não vou! Eu coloco essas vadi*s pra correr sem precisar me expor pra favela toda, mas na próxima que ele aprontar, eu dou um basta nessa relação.
— Dani sua maluca, arrancou o cabelo dela? Adorei! – Rebeca gargalha após eu terminar de contar e bebe o suco.
— E não é? Foi pouco ainda! Nossa amiga é braba! — Andrey fala e baixa o óculos de sol.
— Mas toma cuidado, amiga! Você está grávida. — Rebeca avisa.
— Elas que tomem Rebeca! Elas que tomem... — Dani completa.
— E você, Andrey? É sério? O boy vem mesmo ao Brasil? A gente quer conhecer, né não Dani?
— Seríssimo! Ele vai ficar em Copacabana, no Emiliano Hotel. — ele fala fingindo ter um longo cabelo e colocando-o atrás da orelha.
— Tu não é fraca não, hein biba? — Rebeca bate na perna dele.
— Ele quer o passaporte internacional. Dani fala rindo.
— Eu quero logo morar fora do país, cansei dos brasileiros que só querem usar meu corpitio! E um dia vou levar vocês pra passarem as férias comigo! Vamos esquiar juntinhas na neve, anotem aí! — ele faz trejeitos simulando ser muito rico.
— Promessa é dívida, hein?
— E eu pago todas, Rebequinha!
Os três brindam com os copos de suco.
— Acho que não se fosse pelo meu filho que tá na minha barriga, eu iria com você Andrey. Eu iria para qualquer lugar, cansei gente!
— Nem tenta Dani, nunca se sabe do que o Japah é capaz!
Japah
O casamento do Carioca e da Fernanda foi legal pra caralh*, deu até vontade de oficializar com a Dani também. Andei dando uma ou duas puladas de cerca, mas é por aquela loira marrenta que eu sou paradão. Às vezes acontecem uns erros, pego uma aqui e outra ali, isso é coisa de homem. Mas pegar essas piranhas não muda em nada o que eu sinto pela minha mulher. E ela anda esperta, pouco antes de descobrir a gravidez, deu uma surra numa piranha que eu peguei, o problema é que essas Maria fuzil ficam explanando que ficam com bandido, depois quando ficam carecas, acham ruim.
Meu telefone toca, era um dos soldados.
— Fala! — digo ao atender.
— Então Japah, é sobre a sua esposa!
— O que aconteceu? — perguntei.
— É... a Kelly, a loirinha...
— Fala logo pô! — ele tava sem jeito de falar, a Kelly é uma mina que peguei uns dias atrás.
— A senhora sua mulher deu uma surra nela, bateu legal, arrancou os cabelos, parece que a mina foi até embora da comunidade. — escuto aquilo e passo a mão nos cabelos ficando puto.
— Mais alguém sabendo dessa porr*?
— Só eu, Japah! Tava fazendo a ronda e vi, sabe né? Tudo palmeado sempre.
— Assim que deve ser, na atividade! E já sabe né?
— Claro Japah, sigilo total!
— É isso aí!
Desligamos.
Porr*, a Dani não era assim, sempre teve postura, agora tá malucona. Qual é a dela agora?
Resolvo isso depois, preciso conversar com o Carioca, esse papo de filho dele com a Susana tá sinistro demais. Tava tudo pronto pra surpresa do casamento e a maluca veio pra cima dele com esse papo de filho, não sei como ele não surtou, mas a Fernanda vai surtar com certeza.
Ainda não tive tempo de falar direito com ele sobre essa história, a Susana sempre foi amarradona no Carioca, mas nunca pareceu ser o tipo de mulher que dá golpe da barriga. Mas agora que passou o casamento, vou conversar com ele sobre isso.
Tenho que ficar esperto, o Carioca quando briga com a Fernanda fica louco e sai da linha total, não se importa com nada. Parada sinistra essa, ele só ficou de quatro assim por ela até hoje, e eu sei que se der ruim outra vez entre eles, o Carioca vai entrar numa neurose das brabas.
Eu mato e morro pelo meu irmão, sangue do meu sangue, tô com ele pra tudo, mas em questão da Fernanda, se eles se desentendem, ele fica com a mente virada. Ele precisa se ligar, mulher não pode comandar a mente do homem, tem que ser o contrário. O Carioca comanda os negócios há anos e isso tem que continuar sendo a prioridade.