capítulo 7
ELLEN
Anthony e eu nunca convivemos como agora. Não poderia mentir que existia uma parte de mim que gostava disso. Gostava de conhece-lo mais e de estar ao seu lado.
Se alguém me falasse que ele era sensível e afetuoso eu poderia achar estranho, porém, meu primo realmente parecia um lorde de tão atencioso comigo, sempre preocupado com o meu bem-estar e necessidades.
Havia vezes que eu até me sentia envergonhada por estar aqui o atrapalhando, no entanto, ele parecia gostar da minha companhia e desde que cheguei, nunca o vi falando sobre relacionamento ou uma pessoa em especial, o que me agradava e parecia estranho.
Eu não era boba, sabia que existia mulheres ao seu redor e que muitas poderiam o cobiçar. Ele era lindo, sedutor, inteligente e administrava um verdadeiro império.
Com toda essa importância e trabalho, muitas vezes ele viajava a negócios, mas desde que vim para cá, Anthony não se ausentava tanto. Eu não fazia ideia de como era o seu trabalho na empresa, nunca fui de parar e entender essas coisas, porém, sabia que poderia ser exaustivo.
Haviam vezes que o trabalho vinha até ele, como ontem, um homem alto e com cara de mal, veio conversar com ele sobre algum negócio no qual eu não sabia e nem ouvi. Meu primo não gostou nada do que o homem disse, e o ouvi dizer que não queria que ninguém trouxesse esses problemas para a sua casa. Acredito que por minha causa, e isso me fez sentir-me mal.
Eu já tinha o visto com raiva e bem estressado, mas dessa vez foi algo que perdurou por um tempo, tanto que não conseguiu disfarçar no jantar.
Antes eu o via como um homem sério e focado, e sabia que ele não era perfeito e que, assim como todo mundo, se irritava e ficava chateado.
Para não o atrapalhar, eu preferia ficar no quarto onde dormia, não queria incomoda-lo, mas era ele que vinha até mim, desejando a minha companhia.
Nunca me senti tão importante para alguém, como estou me sentindo agora com Anthy. Ele agia como um irmão mais velho que se sentia tão só quanto eu.
Era estranha a sensação de conforto e segurança que eu sentia por ele, e cada dia que se passava, eu percebia que Anthony amava me observar, mesmo quando o que eu fazia era bobagem. O pior era que isso se transformava em tormenta dentro do meu peito, como se toda essa atenção fosse por outro motivo.
Aquela sensação do início, de que alguém me observava, ainda permanecia e vinha dele, o que me fez pensar se não era Anthony o tempo todo, mesmo sendo impossível, pois ele não vivia vinte e quatro horas do meu lado.
Antes esse medo me perturbava a noite, impedindo que eu fechasse os olhos para dormir, mas agora não. Estar sob a sua proteção me confortava e sabia que nada de ruim aconteceria.
O único problema que encontrei depois que vim para o seu apartamento, era que os meus sonhos se transformaram em uma sedução e desejo perigoso. Às vezes eu o via no escuro do quarto, saindo das sombras e vindo até mim na cama, puxando o meu corpo para mais perto dele e me beijando com paixão.
Me julgava mentalmente quando isso acontecia, pois sabia que era errado. Anthony era dezesseis anos mais velho e meu primo, mesmo que só por consideração, já que sua mãe não era parente do meu pai.
Eu não podia confundir as coisas, isso estragaria a nossa relação e ele era a única pessoa que eu tinha e confiava.
Agora, eu estava me martirizando por conta de tudo isso, tentando buscar uma solução, antes que as coisas piorassem. O terraço era a melhor parte dessa cobertura. Adorava ver as estrelas e a cidade iluminada. Los Angeles era uma cidade movimentada. Se eu fosse uma adolescente comum, estaria lá embaixo, bebendo e curtindo com Eva em alguma balada qualquer.
Só de pensar no dia em que cometi essa loucura me dava arrepio. A noite não estava tão fria e eu até gostava do clima mais frio.
Eu não podia me acomodar nesse lugar. Tinha que encontrar um lugar para morar. Além do mais, eu era herdeira de várias casas e apartamentos, o problema era que Rebeca estava dificultando as coisas, mas Anthy me falou que estava cuidando disso para mim.
Lá no fundo eu sabia que não queria deixa-lo. Aqui eu me sentia acolhida, confortável e feliz. O único problema era que as coisas dentro da minha cabeça estavam confusas e era melhor eu colocar uma boa distância entre nós ou seria a tola que se apaixonou pelo primo mais velho.
— Daria tudo o que tenho só para saber o que se passa em sua mente. – Levei um susto ao ouvir sua voz grave e tão perto de mim. Não sabia que chegaria cedo e nem que estava me observando. Estava tão distraída que meu coração quase saiu pela boca. Virei-me para encontrar seus olhos misteriosos e o sorriso de tirar o fôlego. Anthony estava com camisa de botões branca e a calça que era o conjunto do terno preto. Não tinha gravata e mesmo com a distância, conseguia ver que alguns dos botões estavam abertos, assim como as magas dobradas até metade do braço. – A noite está fria, não deveria estar aqui a essa hora sem um agasalho. – Disse se aproximando.
Era impossível não notar o quanto ele era bonito, nunca o vi sem camisa, mas poderia apostar que tinha o corpo bem definido. Os músculos desenhavam a roupa e aquele cabelo bagunçado, tirou até a minha noção do tempo.
Tive que balançar a cabeça para voltar a realidade e isso foi quase um grande erro, pois estava sendo estudada pelo homem que deixava o meu corpo fora de sintonia. A noite poderia estar fria, mas seu olhar fez com que meu corpo pegasse fogo.
— Não estou com frio e você não precisa sempre se preocupar comigo como se eu fosse uma criança. – Falei me sentindo envergonhada com o que seu olhar me causou.
Meu medo era que ele notasse a minha loucura de confundir as coisas. Até ontem eu era uma menina que sentava no tapete da biblioteca enquanto ele estudava em seus grandes livros.
— Já disse que não a vejo como uma criança. – Falou franzindo um cenho. – Minha preocupação não tem nada a ver com pensar que é uma criança. Me preocupo porque me importo com você.
Apesar de dizer isso, eu me sentia como uma criança. Ele era tão cuidadoso quanto o meu pai era comigo e eu acreditava que isso era como uma obrigação para Anthony. Eu não queria ser um empecilho ou uma obrigação. Com dezoito anos, eu podia cuidar de mim mesma, no entanto, tinha que confessar que gostava da sua presença e atenção.
— Tudo bem. – Falei voltando para dentro. – Não sabia que chegaria cedo.
— Desejo leva-la para jantar em outro lugar. – Falou me surpreendendo.
— O quê?!
— Também não gosto que fique presa aqui. – Justificou, dando um sorrindo ainda mais sedutor.
— Não estava preparada para isso, onde vamos? – Questionei animada.
Nem sempre eu gostava de ficar em casa, tinha vezes que desejava sair e fazer outra coisa, eu só não tinha com quem fazer isso.
Eva era uma ótima amiga, mas nossos estilos eram diferentes. Ela adorava beber, ir a boates e conhecer pessoas novas, enquanto eu preferia lugares mais calmos e com pessoas com quem eu tinha uma certa intimidade.
— Vamos a um restaurante. – Disse pegando a minha mão e a beijando com delicadeza, fazendo todos os pelos do meu corpo arrepiarem. – Você é a mulher mais linda que conheço. Comprei algo para você.
Anthony me olhou com mistério. Ainda com a minha mão na sua, ele me conduziu para o meu quarto.
— Não precisa me dar presentes, já está me ajudando o bastante. Não sei como lhe agradecer. – Falei me sentindo envergonhada.
— Bela, não precisa me agradecer. Estar ao seu lado é tudo o que preciso. – Falou fazendo-me sentir um frio na barriga. Seu toque bagunçava o meu interior e não sabia se gostava ou odiava essa tortura. – Quando vi essa peça, imaginei você vestindo e foi uma imagem tentadora, por isso comprei. – Era impossível o frio na minha barriga ficar mais intenso, porém, Anthony tinha esse poder congelante.
As suas palavras permaneceram na minha mente. Ele me imaginava de forma tentadora, o que isso queria dizer?
Ainda pensava em suas palavras quando entramos no quarto e eu vi uma caixa grande e preta de uma marca famosa, com um laço de seda vermelho, em cima da cama.
Ele deixou a minha mão para abri-la e mostrar o que estava dentro. Um vestido vermelho de corte simples e sensual saiu de dentro da caixa bonita e eu tinha certeza que meu rosto estava da mesma cor que ele. Era lindo, realmente luxuoso, mas nunca vesti algo assim antes. Meu estilo era bem simples e ainda infantil, comparada as outras garotas da minha idade.
Desviei da peça vermelha para encontrar seus olhos que estavam escuros e muito mais misteriosos. Estava difícil até respirar.
— Acha que ficará bom em mim? – Perguntei ainda surpresa. – Como pode ver, não estou habituada com tanto luxo e esse vestido é lindo.
— Ellen, você insiste em se ver como uma menina, mesmo sabendo que não é mais. – Disse deixando a peça em cima da cama. – Deve mudar esse pensamento e o seu guarda roupa. Você é linda, sensual e, mesmo eu sabendo que não precisa de nada para ser bonita, precisa mudar algumas coisas.
— Você me acha ridícula? – Perguntei achando isso de mim mesma.
— Não! – Respondeu levantando o meu rosto com a sua mão em meu queixo. – Você não parece ridícula, gosto de você como é. Seus pensamentos se refletem como você se enxerga no espelho, e mesmo eu repetindo que não a vejo como uma menina, você se vê assim. – Ele estava perto o suficiente para que eu sentisse a sua respiração. Senti o seu efeito sobre mim, paralisando as minhas pernas. – Isso é só um adereço, a mudança tem que começar dentro de você.
— Tem razão. – Sussurrei.
Eu só me dei conta de que estava como uma boba quando ele se afastou e pude voltar a realidade. Aquela não era a única caixa em cima da cama e foi isso que ele pegou. Assim que abriu a pequena caixa com veludo preto, fiquei ainda mais surpresa. Era um colar de diamantes. Um dos mais lindos que já pude ver.
— Isso complementa o vestido. – Os cristais reluzia à luz do quarto. Nunca tive algo tão caro e bonito e estava com medo de estragar ou perder. – Vire-se, vou colocar em você.
Não pude contestar ou dizer uma palavra, pois minha língua parecia colada à boca. Apenas me virei e afastei o cabelo para que ele colocasse a joia.
Senti sua respiração perto da minha nuca, um grande arrepio tomou o meu corpo e senti como se não pudesse respirar direito. Estava me condenando por sentir tanta satisfação nisso.
— Nunca usei coisas assim. – Falei ainda boba.
Anthony ainda estava atrás de mim e eu podia dizer que ele estava gostando desse simples contato tanto quanto eu.
— A joia é uma mera alegoria comparada a você, Ellen. – Sussurrou ao meu ouvido. – Agora você deve se preparar.