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Capítulo 6

A manhã chega rápido demais. O alarme vibratório do meu telefone me acorda. Afasto o braço de Malik e o observo dormir profundamente.

É quase como se eu não dormisse há meses.

Afasto uma mecha de seu cabelo e toco os contornos de seu rosto.

O conto de fadas da Cinderela havia chegado ao fim e agora tínhamos que enfrentar novamente a dura realidade.

Nenhum príncipe, por mais tatuado que fosse, viria me salvar da minha madrasta malvada no dia seguinte.

Foi uma noite única.

Me visto tentando não fazer barulho e embora não devesse, tiro uma foto e deixo um bilhete escrito simplesmente: — Obrigada —

E então saio da sala em uma viagem só de ida à realidade, que dia a dia duro e cruel meus pais tiveram.

Um mês depois...

—Podemos comer panquecas depois da escola? — Minha praga é viciada em panquecas, posso até decidir trocar para poder comê-las sempre.

— Depende, se você for bom então pode ter dois. -

- Na realidade? —Para mim quase parece o Gato de Botas.

— Eu prometo, me dê seu dedinho. -

Ele aperta com o seu e fechamos o acordo com o polegar.

Ele me abraça e corre até os colegas, enquanto sinto o olhar dos outros pais sobre mim.

Achei que eles já teriam parado de me julgar, mas a maldade deles estava além da medida.

- Tão jovem... -

- Onde está o pai? -

Sempre as mesmas perguntas que eu estava cansado de responder. Deixei que pensassem o que queríamos, isso me poupou muita raiva.

Pois bem, era hora de voltar à jaula do leão, pois por mais que eu me destacasse nos estudos, para muitos minha presença em Harvard era uma afronta. Eu ainda não sabia por que, mas se as dívidas, a nossa condição, a saúde da minha avó não pudessem me deprimir... três pais com dinheiro até de cueca não iriam me quebrar.

Malik

—Senhor, se me permite, quem seguimos? -

A mulher do tormento que estava comigo há uns oito anos, ela e aquele maldito aroma de jasmim e frutas vermelhas.

Aquele sorriso, quase imaginei ouvi-la rir, mas muitas vezes era substituído por seus gemidos.

Pensamentos perigosos que estavam me causando muitos problemas.

Ele abraça uma garota, sua irmã. Eu sabia tudo sobre ela, consegui até descobrir a calcinha que ela usaria no dia seguinte.

— Um canário, vamos, há trabalho a fazer. -

Enrolo a janela do Mercedes e saímos passando por ele.

Pobre canário, ele ainda não sabe que vai acabar numa gaiola.

Estou feliz com a cabeça enterrada no travesseiro, sinto meus músculos relaxados e minha mente livre de pensamentos, quando sinto uma mão em meu abdômen tocando o local exato onde está minha cicatriz.

Abro lentamente as pálpebras e viro a cabeça, encontrando um olho castanho e um olho verde olhando para mim.

—Sentiu minha falta, canário? — Engulo vazio, quando a mão desce e cobre minha vagina coberta apenas pela calcinha.

—Sua buceta também sentiu minha falta? -

- Como… -

Ele afasta o tecido e empurra com um dedo, me fazendo gemer. Agarro seu pulso, mas ele levanta minha camisa e o ar frio endurece meus mamilos.

Sua boca suga a pele do meu pescoço, morde e aumenta a velocidade com a mão ocupada me torturando.

— Você está tão molhada para mim Daniela... —

- Por favor. -

— Sim, reze para mim como um Deus, invoque meu nome e ofereça-se em sacrifício. -

—M-Malik... ah—

— É uma pena que seja o seu doce pesadelo. -

Sua voz é substituída pelo som do despertador e, sentindo calor, desligo com muita força.

Droga, estou sem fôlego e sinto que estou molhado.

Um sonho, ultimamente acontece com muita frequência que penso naquele homem.

Depois daquela noite em Los Angeles, não tive experiência semelhante com mais ninguém. Eu era novamente Daniela Moore, a garota responsável que aspirava ser cirurgiã e para isso tive que sair da cama e me preparar para ir para a universidade. Mesmo com apenas quatro horas de sono, a tentação de me considerar doente era grande.

Arrasto meu corpo até o banheiro e tento me tornar o menos zumbi possível. Tomo um banho rápido, evitando molhar o cabelo, e relaxo.Depois de ter aquele sonho novamente, visto uma calça jeans preta de cintura alta e uma blusa leve que enfio na calça. Arrumo um semi-cultivo e cubro minhas olheiras, me movendo para preparar o café da manhã e acordar meu fedor.

Faço uma torrada, arrumo a mesa, tomo seu suco preferido e vou para o quarto dele.

Ela estava completamente enrolada nos cobertores, tanto que parecia um salame.

—Eleonor, é hora de levantar. -

— Mmm — Ele vira a cabeça na direção oposta à minha e suspira. Aparentemente, somos dois que não querem sair da cama.

Sabendo que a praga finge dormir, ela começou a fazer cócegas nela, indefesa e sem saída. Ele ri e pede misericórdia.

— Meg ahahaha não é assim. -

— Lele definitivamente vale a pena para você, agora venha se vestir, deixei sua roupa na cadeira e hoje de manhã tem torrada com marshmallow. -

- Na realidade? Eu serei muito rápido -

Ele se desenrola, gira, cai lentamente no chão e depois corre para pegar suas roupas.

Os doces bastam para acordá-la, mas tantas ameaças bastam para fazê-la escovar os dentes, e depois de uma árdua batalha com resultado positivo fugimos, correndo o risco de perder o ônibus. No final tive que colocar Lele nos ombros e gritar para o motorista parar.

Prendo a respiração, em meio às risadas da minha irmã, e a faço sentar em uma cadeira vazia enquanto fico ao lado dela.

—Você vem me procurar hoje? — Meu Deus, o olhar letal, imediatamente sinto uma pontada no coração.

— Não posso seu pestinha, tenho que ir trabalhar, Taylor virá, você também vai dormir na casa dela esta noite. -

—Mas eu queria ver a Barbie com você. -

— Eu sei, mas vamos nos recuperar, prometo. -

- Está tudo bem - Droga, contar para ele toda vez que tenho que trabalhar é sempre difícil. Ela tenta não demonstrar, mas eu a conheço muito bem. Isso nos machuca.

Chegamos ao nosso destino e eu a levo até a porta, onde os outros pais estão aglomerados.

- Estamos aqui. Seja bom, não discuta com ninguém e divirta-se. —Ele balança a cabeça e corre para meus braços. Eu a dou beijos e ela corre em direção à entrada.

— Não corra Lele! — Ela ri e diminui o ritmo, embora olhe várias vezes para trás, tentada a desobedecer.

Suspiro, eles tiveram que ligar para o Exterminador do Futuro no cartório.

Olho para o relógio em meu pulso e praguejo mentalmente antes de começar a correr novamente.

Enquanto fizer isso, acho que posso fazer parte da equipe de atletismo, mas isso ocuparia mais do meu tempo, um luxo que não posso pagar.

Consegui pegar o segundo ônibus, rumo a Harvard, o caminho é um pouco longo da região onde moro, Downtown, um pouco da história, mas adoro ver alguns prédios que permanecem como estão e não arranha-céus.

Pego meus fones de ouvido e ouço algumas músicas que terei que cantar esta noite, depois do meu turno no bar do Ronny como garçonete, terei que ir cantar no White Bunny.

Antes, porém, terei que enfrentar um pequeno limbo, onde encontrarei meu Virgílio na jornada para o inferno.

Em passos rápidos chego à imponente entrada e, arrumando minha bolsa, caminho.

Muitos se abraçam, o grupo de atletas começa a causar destruição no pátio, mas a elite deve se destacar.

Minha algoz, Molly Jefferson, me ligou diversas vezes para posar para importantes grifes de moda. Pernas longas, cabelos negros e olhos gelados, como o coração dela, eu acho. Ao seu lado, seu brinquedo favorito, Tyler Donnovan, o quarterback do time, promete um futuro próspero para este casal... ou pelo menos é o que dizem. Em seguida estão Bettany De Light, Amanda Young, Timothy Full e Ryan Prescott. Filhos de advogados, juízes, senadores, diretores de hospitais... vocês são novos no trabalho.

Olho para frente e continuo andando, mas o carrasco pensa diferente.

—Que coragem, você voltou esse ano Moore? -

—Jefferson—

—E pensei que o ano passado foi suficiente para você. -

— Sabe, está quase na hora da minha formatura, fiz mais algumas provas que você —

Ele quer continuar esta guerra, quando coloca um braço em meus ombros.

— Meu Deus, você começou antes mesmo de entrar, Molly, tome um chá de camomila no café da manhã. -

—O assunto não diz respeito a você Bellatrix. -

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