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Capítulo 8

Capítulo 8

Rodolfo acompanha Anna até a porta do quarto depois de mostrar as toalhas, roupas e o banheiro. Ao sair, ele para perto da porta dizendo:

- Não demore. Vou te dar sua primeira aula de culinária.

Anna fica parada por um momento, encarando a porta após ele sair, antes de pegar a toalha e seguir para o banheiro.

Lá dentro, ela se depara com uma surpresa. Uma variedade de produtos femininos dispostos no balcão. Os melhores shampoos, cremes, sabonetes, esponjas e sais de banho estão à sua disposição.

Além disso, no quarto, ela tinha notado uma coleção de perfumes, maquiagem e roupas que parecem ser do seu tamanho. Mas como isso é possível? Anna se questiona, sentindo uma mistura de surpresa e desconfiança. A resposta que vem à sua mente, é que Rodolfo a vigiava a muito tempo.

Anna decide não se aprofundar nesse mistério por enquanto. Precisa se concentrar em encontrar uma maneira de sair dali. Ela toma um banho rápido e veste uma das roupas disponíveis, um vestido leve preto.

Enquanto se prepara, sua mente trabalha freneticamente em busca de um plano de fuga. Ela sabe que não será fácil, mas está determinada a não permanecer prisioneira de Rodolfo por muito tempo.

Preparando-se, Anna respira fundo e sai do quarto, dirigindo-se à sala onde encontra Rodolfo observando pela janela.

O perfume que ela usa preenche o ambiente, e Rodolfo se vira para encará-la, percebendo a mistura de frustração e raiva em seu olhar.

- Não me olhe assim, vai acabar marcando esse rosto tão bonito com rugas. - Ele tenta quebrar o clima tenso.

- Quem é você de verdade? Qual é o seu verdadeiro nome? Quem você representa? Acha que não tenho o direito de saber quem são os inimigos do meu pai? Devem odiá-lo muito para sequestrar a filha dele dessa maneira.

Rodolfo fica em silêncio por um momento, ponderando sobre o que dizer. Ele sabe que revelar toda a verdade pode ser arriscado demais neste momento.

- Está pensando no que? Está com dificuldade para inventar uma mentira convincente? - Anna o questiona, cruzando os braços.

- Venha comigo. - Ele a conduz até a cozinha, sentindo-se obrigado a explicar. - Primeiro, eu disse meu nome verdadeiro. Não havia razão para mentir, não haveria tempo para ninguém descobrir minha verdadeira identidade. Segundo, sou brasileiro. E terceiro, ainda não é o momento certo para revelar quem são os inimigos do seu pai.

- Você e esses inimigos também estão envolvidos com a máfia? Ou são policiais? - Anna pergunta, lembrando-se da polícia no restaurante.

- Seu pai pode achar que é discreto, mas não é segredo que ele matou muitos policiais este ano, deixando várias famílias sem pai.

- Ele não fez isso...

- Querida, acorde. Você não sabe o verdadeiro significado da palavra "mafioso". Você já matou alguém?

- Não. Já feri algumas pessoas, mas só em legítima defesa. Agora, se não houvesse outra opção...

- Você não é como seu "pai". - Rodolfo enfatiza a última palavra.

- Você não sabe nada sobre mim. - Anna disse, com um tom áspero, observando Rodolfo abrir a geladeira em busca de algo.

- Sobre sua personalidade, talvez não. Mas quem você é, isso eu sei.

Anna franze a testa enquanto se aproxima do balcão. Ela vê Rodolfo pegar cogumelos, tomate, alface e outros ingredientes da geladeira antes de continuar:

- Como você sabe quem eu sou? Esteve me vigiando? Isso é doentio!

- Sim, estive te observando. Também sei que seu jardineiro, Luca, é apaixonado por você.

- Luca? De jeito nenhum - ri indignada.

- Você não percebeu porque não se importa com ele. Se tivesse sentido o mesmo que sentiu por mim, teria notado o interesse do rapaz. - Ele lava os ingredientes enquanto fala. - Ah, e esta é sua primeira aula de culinária. Preste bastante atenção, da próxima vez será você quem cozinhará.

- Eu? É mais fácil queimar tudo do que preparar algo que dê para comer, e não me interessa aprender nada. Você não me quer aqui? Faça sua parte - disse com ironia.

- É o que você pensa. As coisas serão do meu jeito, e tenho permissão para forçá-la se necessário.

Ela ri ironicamente:

- Ah, é? E o que pretende fazer?

- Você saberá quando o momento chegar. Já disse que vamos passar dias juntos, é bom que nos darmos bem.

- Quero distância de você! - disse, cuspindo as palavras. - Pode sonhar que vou ser sua amiguinha depois de ter me sequestrado. Mas não se preocupe, mais cedo ou mais tarde, meu pai vai me encontrar. E não sobrará nada de você...

Ele corta os ingredientes enquanto ela continua falando sem parar. Em determinado momento, ele não ouve mais, sua mente viaja para o dia em que foi chamado para este serviço. Negou veementemente, até que dois agentes importantes da polícia o convenceram.

- Você não está ouvindo uma palavra do que estou dizendo! Minha mãe sempre dizia que vocês homens não escutam nada!

Ele para o que está fazendo e arqueia uma sobrancelha antes de falar:

- Eu perdi alguma coisa? Somos um casal agora?

Ela o encara incrédula, soltando um riso sarcástico.

- Casal? Você só pode estar brincando! Se isso é uma tentativa de conquista, devo dizer que é péssima.

Rodolfo revira os olhos, voltando a se concentrar na comida.

- Não seja tão dura comigo. Afinal, já estamos morando juntos e compartilhando tarefas domésticas. É quase um relacionamento.

Anna solta uma risada alta e desdenhosa.

- Quase um relacionamento? Pelo amor de Deus! Isso aqui é um sequestro, não um episódio de "A Bela e a Fera".

Rodolfo sorri de lado, mexendo os ingredientes com mais força do que o necessário.

- Não precisa ser tão dramática. Estamos apenas fazendo o melhor que podemos com as circunstâncias.

- Ah, claro! - ela responde, com sarcasmo. - Acho que vou começar a chamar isso de nosso "Reality Show do Sequestro". Mal posso esperar para ver qual será o próximo desafio!

Ela se cansa da brincadeira sem graça e dá as costas, retornando para a sala. Ele permanece em silêncio, apenas observando-a.

Ele se pergunta como ela está se sentindo, mesmo tendo dormido no carro por algumas horas, ainda foi o suficiente para o corpo descansar. Não vai exigir tanto dela no momento, por isso preferiu permanecer em silêncio.

A casa está segura, ninguém entra e ninguém sai. Ele pode ir dormir tranquilo a hora que quiser, pois sabe que ela não conseguirá sair. Mas antes, vai terminar de fazer o risoto de camarão com cogumelos e a salada de folhas com tomate cereja e queijo de búfala.

Rodolfo termina de preparar a refeição, colocando os pratos sobre a mesa da sala de jantar. Ele chama por Anna, mas não obtém resposta. Decidido, vai até o quarto dela, encontrando-a deitada na cama, olhando para o teto.

- A comida está pronta. Vamos comer? - ele pergunta, preocupado com a expressão dela.

Anna abaixa o olhar para ele, seus olhos refletindo uma mistura de emoções. Ela concorda em silêncio e segue-o até a mesa, onde os dois se sentam em um silêncio tenso.

Enquanto comem, o clima entre eles é pesado, carregado de tensão e desconfiança mútua. Rodolfo tenta puxar assunto algumas vezes, mas Anna responde apenas com monossílabos, mantendo sua guarda alta.

Após a refeição, eles se levantam da mesa, cada um seguindo para um lado oposto. Rodolfo vai até a janela, enquanto Anna se retira para o quarto.

Ela está exausta, precisando desesperadamente de descanso, e não se dá ao trabalho de falar com ele. Está cansada de toda essa situação. Talvez, quando dormir e acordar, tudo isso pareça apenas um sonho desagradável.

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