Capítulo 8
—Então, o que você decidiu? - pergunta o juiz.
—Vou assinar, responde Thales, me surpreendendo, pensei que ele ficaria um pouco mais relutante.
—A única coisa que vejo no nome do casal é uma casa de campo...
— Quero comprar sua parte — digo.
—Vamos colocar isso no processo também, a secretária vai terminar de escrever tudo e aí você assina — avisa o juiz antes de sair.
Não se passaram nem dez minutos e eu já estava assinando minha liberdade, saí do cartório me sentindo outra mulher.
“Valeu cada centavo gasto, Santiago”, digo, sorrindo para ele e estendendo a mão.
— Agradeço, senhorita. Kala – aperta minha mão antes de caminhar em direção ao seu carro.
Dirijo pelas ruas como se fosse a primeira vez que faço isso, estaciono em frente à casa dos meus pais, espalhando até sorrisos nas paredes.
—E então, filha? — Mamãe é a primeira a perguntar.
— E então mamãe, sua filhinha está livre aqui, leve e solta, pronta para recomeçar — respondo, jogando minha bolsa no sofá e abrindo os braços.
— Thales, você não fez nada? —Juliana pergunta depois que me sentei.
— Na verdade ele ficou um pouco relutante, disse que eu estava maluca e não sei como, mas descobriu que eu estava fazendo terapia, não fiquei calado e joguei algumas verdades na cara dele, perguntou o juiz . nossos advogados para chegarem a um acordo conosco e assinaram — digo a ele, suspirando de alegria.
— Sobre sua terapia... — começa mamãe, chamando minha atenção — Ela pode ter comentado isso com a mãe sem dar importância, você sabe que sempre nos demos bem — ela explica e olha para ela de boca aberta.
"Mamãe", eu digo em uma reprimenda.
"Eu sei, sinto muito", ela pergunta em meio às lágrimas.
Passo o resto da manhã e grande parte da tarde na casa dos meus pais, quando chego em casa decido sair para jantar em algum lugar bacana e já sei onde.
Quando entro no meu quarto vou direto para o banheiro, tomo um banho relaxante na banheira, como não faço há muito tempo, estou com um vestido que não uso há algum tempo, alto salto alto e boa maquiagem. Avisei a Marília que não vou jantar em casa e que ela não deveria me esperar acordada.
Dirijo até o restaurante que já conheço, peço mesa e felizmente sobrou, quando olho o cardápio já sei o que pedir: — Peito de frango grelhado, purê de batata e salada completa, para beber, vinho branco.
Poucos minutos depois, o chef me atende pessoalmente, exatamente quem eu queria ver.
— Manuel, sente aqui comigo, hoje é um dia especial — digo a ele e ele senta na minha frente.
— Por que, é seu aniversário? - pergunta curiosa.
— Não, mas adivinha quem acabou de ficar solteiro?
—Beyoncé? Que? Sonhar não custa nada.
- Não é estúpido. Eu, que acabei de ficar solteiro, respondo, pegando-o de surpresa.
- Que? Você era casado? - ele pergunta com os olhos arregalados.
— Infelizmente, mas não vale a pena falar, estou comemorando meu novo começo, digo, bebendo minha taça de vinho.
— Ah, então, um brinde ao seu novo começo, sorrindo, pegando o copo d’água e batendo no meu.
Conversamos trivialidades enquanto eu comia, durante o qual ele acabou pedindo algo para si também, conversamos sobre seu filho Matteo, que sofre de cólicas, recomendo dar a ele chá de camomila e chá de picão, graças às noites cuidando da minha irmã O sobrinho, que precisava estudar para a universidade, descobriu que esses chás são um remédio sagrado para cólicas em bebês.
Mamãe falou e entregou, fez uma festa maravilhosa e com tudo que o Matteo merece, com o tema safari, decoração, bolo e só os pratos doces e salgados que eram diferentes, a casa dos meus pais era um verdadeiro safari e o Matteo estava vestido com personalidade .
Às nove horas da manhã Kala chega acompanhada da irmã, um menino de não mais de doze anos, um jovem e um casal da idade dos meus pais, a mulher que imagino ser amiga da universidade da minha mãe.
Caminho em direção a eles e para minha surpresa e penso em sua família, Kala me abraça.
—Onde está Mateo? — ele pergunta, olhando em volta, procurando por isso — eu trouxe uma coisinha para você. Ah, você conhece minha irmã, esses são o Rafael e o Rodrigo, filho e marido da Juliana, e esses são os meus pais João Ricardo e Raiane, apresente-os.
— Muito prazer, aperto a mão de cada um deles.
“O prazer é todo nosso”, diz a mãe.
Logo minha mãe aparece com Matteo no colo e Kala derrete ao ver.
— Meu Deus, mas é muito lindo — ao mesmo tempo que Matteo ouve a voz dela, ele vira a cabeça de um lado para o outro, procurando por ela.
E ele só a viu uma vez e já reconhece a voz dela.
— Olha, ele reconhece a sua voz — Mamãe diz espantada, como os outros — Quer pegar ele? - ele pergunta, mas praticamente joga a criança no colo.
—Olá querido, senti sua falta—ela abaixa a voz e quando beija o queixo dele ele sorri.
Observo ela brincar e conversar com Matteo e ele sorri para ela como se entendesse tudo o que ela diz, enquanto minha mãe conversa com seu amigo de longa data.
Foi uma surpresa para mim saber que Kala era casada e tinha acabado de se divorciar, nada tira minha mente do fato de que ela sofreu por causa dele e só esse pensamento desperta meu lado protetor e não me pergunte o porquê, porque eu não também não sei responder.
Depois que minha mãe me obrigou a posar para tantas fotos, cortar o bolo e ajudar a distribuir a comida, finalmente consegui sentar na mesa onde estão Kala e Matteo, hoje peguei meu filho algumas vezes, sozinho em casa de manhã até ir para a cama, na casa dos meus pais e na hora de tirar fotos.
“Finalmente posso sentar e abraçar meu filho”, digo quando Kala o entrega para mim.
“Seu filho é um jovem muito educado”, diz ele, passando as mãos nas costas.
—Ele está se comportando bem agora, não está, Matteo? "Diga a ela que você é um jovem muito chorão", brinco, sentindo o cheiro dele que já se misturou ao dela.
É para arruinar minha mente.
Não demora muito para Matteo adormecer, levo-o para meu antigo quarto, onde tem um berço que minha mãe comprou para ele dormir, quando volto convido Kala para dar um passeio no jardim.
— Você sempre sonhou em ser chef e dono de um restaurante? —ele pergunta enquanto nos sentamos nos balanços do parquinho que meu pai construiu quando eu era criança.
— Na verdade não, eu queria ser piloto de corrida — respondo e ela me olha surpresa.
- Sério? — Balanço a cabeça confirmando.
— Sim, só me interessei por gastronomia aos quinze anos, foi quando minha avó me ensinou a cozinhar, digo.
Ficamos em silêncio por um tempo até que ela quebrou o silêncio com uma pergunta que eu já esperava.
— Maurício, há muito tempo eu queria te perguntar uma coisa, mas fiquei com vergonha e medo de perguntar...
— Pode perguntar — autorizo que saiba do que se trata.
—Onde está a mãe de Matteo? - Ela pergunta envergonhada com as bochechas rosadas.
—Ele morreu uma semana depois do Matteo nascer, aliás ontem fez três meses que ele morreu, explico e ele leva a mão à boca.
— Me desculpe, pegue minha mão e entrelace nossos dedos.
- Obrigado. “Acho que nós dois estamos passando por momentos difíceis”, digo, olhando para as estrelas.
—Sim, acho que nós dois merecemos um novo começo, diz ele, olhando na mesma direção que eu.