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A dor e o vazio

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Dana la Mosa
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Resumo

Tere olhou pela janela de sua enorme sala de estar, mas não viu nem ouviu nada; o jardim estava imerso em um silêncio absoluto, saturado de tristeza e lágrimas. Não havia risos, brincadeiras ou alegria naquele jardim. Não havia voz, nem riso de sua amada Emily. Lágrimas escorriam por seu rosto, esvaziado pela dor e pela angústia, sua filhinha não estava mais lá, morta, nas mãos de homens sem coração e sem piedade. A dor, o vazio, o nada haviam se apoderado dela, a ausência daquela presença que era tudo para ela, sua garotinha, sua luz, sua estrela.

romanceRomance doce / Amor fofo amor

Capítulo 1

Sou Kala Olet, tenho vinte e oito anos, sou empresária, sou casada com o homem da minha vida e a única coisa que falta na minha vida para completá-la é um filho.

- Amor ? — chamo, chamando a atenção de Thales, meu marido, para mim — estava pensando em parar de tomar anticoncepcional.

Espero alguma reação dele, mas ele apenas me olha estaticamente.

—O que você quer dizer com parar de tomar anticoncepcionais? - ele pergunta tenso.

— Pare, eu já tenho vinte e oito anos, quase trinta, você tem vinte e nove, estamos bem profissionalmente e financeiramente, então pensei que já era hora de termos nosso primeiro filho — respondo apreensiva.

—E você decidiu isso sem me contar? — ele se transforma e eu me encolho na cadeira.

— Não, estou lhe contando agora.

Ele passa a mão pelos cabelos nervoso, levantando-se da cadeira e guardando o celular no bolso.

— Kala, conversamos mais tarde, vou trabalhar, ele sai antes que eu possa dizer alguma coisa.

Meus olhos estão começando a lacrimejar, mas estou tentando não chorar, não vou deixar isso me abater, só peguei ele numa hora ruim, sim, só isso.

- Está bem? —Pergunta Marília, nossa cozinheira e governanta, entrando na sala de jantar.

— Sim, acabei de pegar ele desprevenido — suspiro me levantando, pegando minha bolsa — vou na revista, tchau Marília.

Nasci em uma família de classe alta, como Thales, só tenho uma irmã mais velha, digamos Olet e a mais nova da família me permitiu ter alguns benefícios, sou formada em administração e sou diretora da revista "Positiva ". Revista fundada pelo meu bisavô, há mais de cinquenta anos.

Juliana, minha irmã mais velha, é formada em direito, é uma ótima advogada e me ajuda muito nos trâmites burocráticos da empresa, é casada e mãe do Rafael, meu sobrinho de doze anos.

Minha história com o Thales começa no ensino médio, no terceiro ano, ele era o aluno transferido, começamos como amigos só quando entramos na faculdade começamos a namorar, ficamos noivos um ano depois e casamos seis meses depois, estamos juntos casado há nove anos e estamos namorando há quase onze anos e depois de tanto tempo acho que é hora de termos um filho.

Estaciono meu carro, um Ford Mustang GT, na vaga presidencial, olho em volta e percebo que o carro da minha irmã está na vaga. Quando chego na presidência encontro Juliana conversando com sua assistente pessoal, com um simples gesto ela entende que precisamos conversar.

Dois minutos foi o tempo que ele levou para entrar no meu quarto como um furacão sorridente, mas quando viu minha condição seu sorriso morreu.

- O que aconteceu? O que seu marido bastardo fez? —pergunta ele, sentando-se na cadeira à minha frente.

— Acho que ele não quer ter filhos — respondo caindo no choro, agora não tem como conter as lágrimas.

—Espere, ele te contou isso?

— Não, mas sua atitude já disse tudo, digo, enxugando as lágrimas teimosas que insistem em cair, sem permissão. Acho que vou desistir.

"Ah, minha irmã", diz ele, levantando-se, contornando a mesa e me abraçando.

"Um mês e meio depois"

O dia começou ruim para mim, tive outra discussão com o Tales, agora é disso que se trata o nosso casamento, uma discussão atrás da outra, depois comecei a me sentir mal durante o trabalho, até sair mais cedo por causa disso.

No começo era só uma dor nas costas, mas agora se espalhou para o pé do estômago, até duas horas atrás era uma dor pequena, mas agora está mais forte.

— Aumenta — Gemo ao sentir uma dor muito forte no baixo ventre, levanto me segurando na mesa de cabeceira, olho para o colchão onde há uma mancha de sangue, com as mãos trêmulas ando pelo meu quarto privativo. partes e fico apavorada ao perceber que estou sangrando - Meu Deus, Marília - grito desesperada.

- Me chamaste?

A essa altura já havia sangue escorrendo pelas minhas pernas e o vestido que antes era branco agora está vermelho.

"Chame uma ambulância", peço.

“Estou ligando para você, senhora, estou ligando para você, fique calma”, ela pede, mais nervosa que eu.

Não sei quantos minutos demorou para a ambulância chegar, já estava perdendo a noção de tanta dor.

“Ligue para Juliana”, digo enquanto os paramédicos me levam embora.

Perdi a consciência antes mesmo de chegar ao hospital, quando acordei já estava em um quarto conectado a vários aparelhos.

— Dona Galvea, como se sente? — Concentro minha atenção no médico grisalho.

“Com um pouco de dor”, ele responde, ainda atordoado.

— Isso é normal para uma mulher que acabou de sofrer um aborto espontâneo — diz ela, anotando algo na prancheta.

—O que você quer dizer com aborto espontâneo? - pergunto, porque acho que ouvi errado.

—Você estava grávida, não sabia?

— Na—nenhum choque é tudo que sinto percorrendo meu corpo ao ouvir suas palavras.

Cinco minutos depois Juliana entra, seu rosto diz tudo.

"Oh, minha irmã, estou aqui", diz ele, pegando minhas mãos.

- Ele já sabe disso? - perguntou ele, referindo-se a Tales.

— Sim, e ele não parecia muito feliz — ele responde.

-Imaginei que.

Não sei quanto tempo meu casamento sobreviverá assim.

—O que está acontecendo com seu casamento? Você tem estado muito triste ultimamente. Juliana me conhece melhor do que eu mesmo.

- Não quero falar disso. Você pode perguntar quando vou para casa? - pergunto e ela acena com a cabeça e depois sai, me deixando sozinho.

Merda.

Quando minha vida finalmente poderia estar voltando aos trilhos, isso acontece comigo, mesmo quando terei que passar por isso, meu casamento está desmoronando cada vez mais e agora foi tirado de mim um filho que eu nem sabia existia. .

Depois do meu primeiro aborto, fiz mais dois entre períodos de três e seis meses, em nenhum momento o Tales ficou ao meu lado, ele disse que era ridículo continuar tentando, às vezes acho que ele deixou de me amar, a partir do momento que eu o trouxe . Quando toco no assunto “filho”, ele tem agido diferente.

Thales tem voltado cada vez mais tarde para casa, sei que sua carreira como cirurgião exige muito dele, mas parece que ele está usando seu trabalho como desculpa para ficar longe de mim, não sei mais o que fazer . Sugeri terapia cardíaca ao casal e ele disse que não tinha tempo a perder com bobagens.

Depois do meu último aborto, resolvi procurar um médico especialista para saber o que eu tinha.

Essa espera está me deixando ainda mais nervoso, nunca fui uma pessoa muito calma, sempre fui ágil e não ficava parada, mamãe tinha muita dificuldade em me manter quieta quando eu era criança.

— Desculpe pela demora, senhora. Gálvea, tive que atender uma ligação importante, relacionada a outro paciente — explica Dr. Robert ao entrar em seu consultório.

— Bem, quais são os resultados? - pergunto, não aguentando mais.

— Então, você me explicou antes que usou o DIU e depois trocou para as pílulas normais — você começa e eu confirmo — O DIU às vezes pode dificultar as coisas quando uma mulher está tentando engravidar e para você que você não tomou uma pausa. Começar a usar os comprimidos tornará tudo muito mais difícil.

—Você está dizendo que não poderei mais ter filhos? - pergunto anestesiado.

— Dona Galvea, para levar a gravidez a termo você terá que fazer tratamentos hormonais — ele me explica, me acalmando.

—E isso vai mesmo funcionar, doutor? —Pergunto um pouco mais animado.

— Dona Galvea, temos % de chance de tudo dar certo e o % restante é muito raro, então sim, vai dar certo.

A resposta dele me deixou ainda mais feliz, me despedi dele com os pensamentos mais positivos, que agora meu filho está mais próximo.

Quando saí do hospital resolvi ir para a casa dos meus pais, João Ricardo e Raiane Olet, eles são os melhores pais que qualquer criança poderia pedir, são amorosos e atenciosos, nos ensinaram o valor da vida e das coisas e a valorizar tudo. temos, e nunca julgamos alguém pela sua classe social ou cor, mas sim pelo seu caráter.

Soraia, governanta da casa dos meus pais desde antes do nascimento da minha irmã, sorri assim que me vê ao abrir a porta.

- Oi menina como você está? - ela pergunta quando eu a abraço.

— Melhor agora, onde estão meus pais? Tenho ótimas notícias para lhe contar.

— Eles estão no jardim, sua irmã está lá com o Rafa — ele responde fechando a porta.

—Obrigado Soraia.