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Capítulo 8- Tentativa de abuso

Eu era uma loba sem rumo de casa, desamparada, perdida, e que caminhava ao solo frio da floresta densa. Eu não podia voltar para casa de meu pai, havia sido expulsa por ele, rejeitada da alcateia de meu companheiro e ainda fiquei sem o meu filho amado.

Me sentia uma inútil, uma loba cega em meio aquele covil de cobras que permeava a alcateia de Tyson. Não sei se a ordem de me expulsar foi derivada do Alfa, isso pouco me importava. O meu coração ansiava para reencontrar meu filho. Poucas horas haviam se passado e a falta do meu Logan consumia-me como um fogo ardente desmoronando tudo que estivesse pela frente.

Apesar de ser uma loba, tendo como a pele quente, era inegável o frio daquela floresta. Os meus pelos se arrepiavam conforme o vento refletia nas folhas e zumbiam ao ouvido. Eu poderia ser filha do Alfa, mas o medo caminhava comigo desde nascença. Após sofrer o ataque ainda quando criança, eu senti que a vida virou as costas para mim, permitindo-me ser uma loba frágil e insegura.

Agacho-me ao riacho de água doce. Com um pouco do líquido em mãos, arremesso em minha nuca, deixando-a escorrer vagarosamente sobre a pele. Esse é o único momento em que me sinto viva, sentindo a água fria permear toda a minha extensão. O corpo ainda cansado, revela o seu real estado. Os ossos doem, como se fossem feitos de papel que a cada sutil movimento revela a sua dor.

Mesmo com o frio que se instalava, resolvi me banhar a fim de retirar os resquícios da sujeira do árduo trabalho. Delicadamente deslizei o vestido de alças finas que cobria meu corpo, deixando cair ao solo. Desnuda, coloquei a ponta dos pés sobre a água, medindo a sua temperatura. Balancei a cabeça, o corpo em chamas me comunicava que não estava tão frio assim.

Entro totalmente na água, com o intuito de enfrentar a minha realidade. Enquanto deixo a água molhar os meus cabelos lembro-me de Tyson, e do seu jeito estúpido e arrogante. Ele tem uma soberba a qual me dá asco. Tenho medo quando fico perto dele, porém, algo me chama atenção. Sempre que estamos perto, um ímã surge nos conduzindo ao outro, evidenciando a nossa ligação de companheiros.

Mesmo que minha loba suplique, afirmando desejar arduamente o seu companheiro, eu não posso gostar de um homem que ateou fogo em toda uma alcateia, me sequestrou e me obrigou a morar com ele, em um lugar que todos me detestam, e que me expulsaram na primeira oportunidade. Talvez assim tenha sido melhor.

Assim que ergo a cabeça percebo um movimento estranho. As folhas se moviam aceleradas, o vento que antes resfriava, agora era forte sem precedentes. Rapidamente deixei a água e me coloquei ao lado de fora. Com o vestido em mãos, cobri parcialmente o meu corpo quando percebi passos se aproximando.

— Eu sabia que você era bonita, mas não imaginava que era tão apetitosa. Engoli a seco, eu conhecia aquela voz. — Seu corpo é o mais atraente que eu conheço.

— Se afaste de mim. Eu segurei o meu vestido mais forte ainda. Não havia o colocado, pois o tempo não colaborou. — Eu estou falando sério. É melhor se afastar. Eu sou companheira do Alfa Tyson.

A sonora gargalhada fez o meu corpo se estremecer. Continuei ouvindo passos. Sem pensar mais, virei o meu corpo e corri o mais rápido que pude me transformando em minha loba Lua. Obviamente eu não podia ver o que estava em minha frente, mas eu confiava plenamente nela. Os instintos iriam falar o que eu deveria fazer, e assim segui correndo enlouquecida. Desviava dos grandes troncos das árvores, assim como os galhos que atrapalhavam a passagem. O único que eu queria era me livrar daquele lobo.

Algo despertou em mim, sim, eu recordei aquela voz! Era o Beta de Tyson, eu tenho certeza disso! Meus batimentos cardíacos aumentaram quando percebi os seus passos se aproximando mais ainda. Em um milésimo que olhei para trás, minha loba não me alertou de um pequeno tronco no caminho, acabamos tropeçando e rolando ao chão.

— Merda.

Nem ao menos consegui receber a dor da queda, pois o medo era maior. Segurei a respiração quando senti que o homem estava parado a minha frente.

— Fugindo de mim, princesa?

Arrastei o meu corpo, como uma cobra até bater em um tronco de árvore. Minha respiração estava desregulada, eu podia ouvir o meu coração pulsar, o que acelerou quando eu percebi que o lobo estava a um palmo do meu corpo.

— Não precisa fugir, eu não quero te morder. Senti quando ele se aproximou dos meus seios desnudos, e respirou profundamente puxando todo o ar. — Somente quero sentir a sua umidade e lhe penetrar loucamente enquanto sua carne me aperta.

— Por favor, não faça isso. As lágrimas formaram em meus olhos. Coloquei as minhas mãos na frente do meu corpo tentando evitá-lo. Com força, ele segurou os meus pulsos e subiu até que minhas mãos ficassem em cima de minha cabeça, imobilizadas. — Por favor.

Pela primeira vez na vida, eu estava a mercê da maldade alheia. Depois daquela noite, em que fiquei com um lobo estranho, jamais voltei a dormir com um homem. O nojo que eu sentia por William era o maior de todos, e eu só queria que ele saísse de cima de mim. Seu nariz se aproximou do meu pescoço, e cheirou novamente com intensidade. O medo do que ele iria fazer estava me consumindo.

De repente, tudo mudou. Eu senti um vento forte novamente, mas não aquele de outra hora, mas sim um vento inebriado de poder e fúria!

Ouvi quando o corpo do homem foi arremessado, e seus ossos se estalaram.

— Lobo infeliz!

Era Tyson!

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