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Capítulo 5- O sequestro

Companheira. Quando ele disse essa palavra, minha loba se contorceu agitada. Ela estava feliz em finalmente poder encontrar a sua outra metade. Ao contrário de mim, que olhava apavorada para aquele homem. Ainda sentia a sua respiração contra a ponta do meu nariz. Ele estava perto demais.

— Minha companheira. Ele sorriu sem vontade. —Eu acreditei que a Deusa Luna não iria me presentear com uma companheira de segunda chance. Agora eu percebo que eu não sou tão ruim como eu imaginava.

— Você destruiu o vilarejo... Você... É um monstro!

Imediatamente eu me afastei. Eu estava assustada, e muito apreensiva com aquele homem. Ainda sentia o cheiro da fumaça das casas queimadas. Não era apenas madeiras em cinzas, também havia portas retratos que guardavam sonhos de pessoas felizes. Ele queimava a história de todo um povo.

— Afaste-se de mim forasteiro. Eu jamais poderia ser a companheira de um lobo destruidor.

Não demorou muito para eu sentir o meu corpo ser imprensado contra a parede. Os seus músculos eram como um bloco de mármore que reprimia o meu peito.

— Droga... Sussurrei.

Uma sensação de prazer foi sentida, como se eu estivesse encontrado meu ponto seguro. Ao mesmo tempo que eu queria afastá-lo, uma vontade imensa de beijá-lo interferia os meus sentidos.

— Kira...

Eu queria o ferir. Castigando da mesma forma que está fazendo ao meu povo, mas ao sentir a sua aproximação, abaixei a cabeça como uma cadela indefesa.

— Está com medo, princesa? O lobo sussurrou perto do meu ouvido. Inclinei a cabeça. Ele não gostou. — Olha para mim quando eu falo com você.

Engoli a seco, as carnes do meu corpo estavam tremendo. Olhei para qualquer canto, e torcia para que fosse na direção do seu olhar.

— Você... É cega? Concordei com a cabeça. Ele soltou um suspiro pesado. Poucos segundos depois, novamente os seus dedos ásperos tocaram em minha face. — Minha companheira cega. Eu cuidarei de você.

Prendi a respiração, quando senti o odor do seu hálito fresco. Sua boca estava muito perto da minha. Eu não queria beijá-lo, mas a minha loba implorava insistentemente por aquilo. Ela choramingava, de um jeito enjoativo e irritante.

— Mamãe!

O grito do meu filho me chamou a atenção.

— Ora, ora. O que temos aqui! Um pequeno lobinho.

— Não faça nada com ele. Eu implorei. — É apenas uma criança.

O barulho da borracha das botas ecoou. Ele ainda estava na sala e parecia intrigado com algo. Eu sabia que logo ele iria descobrir sobre a paternidade. Por dentro, implorava aos deuses que pudessem nos proteger e esconder esse fato.

— Esse menino se parece muito comigo. O silêncio dominou o ambiente. Ele descobriu. — Você é meu filho!

Sua voz parecia surpresa.

— Eu não acredito que eu tenho um filho.

Mais uma vez o silencio reinou.

— Imaginei que a deusa havia me presenteado somente com minha companheira, mas também fui contemplado com um herdeiro. Como você se chama pequeno lobo?

— Logan.

— Logan. Um pequeno guerreiro. Seu nome lhe diz que será brilhante em suas batalhas. Um lobo de grande confiabilidade e honra. Todos irão ficar admirados quando você vir morar conosco.

— O quê? Perguntei assustada. — Como assim? Nós não iremos morar com você.

Como eu não escutei nenhuma resposta, continuei a falar.

— Eu não aceito morar com um homem que eu não conheço! Você pode ser o meu companheiro, mas para mim é um desconhecido qualquer. Enchi o meu pulmão de ar somente para falar a última frase. — Eu não quero ser a sua companheira.

— E quem disse que você decide algo?

Nessa mesma hora eu senti o meu corpo ser puxado ao alto. Ele me colocou em cima de seu ombro e me levou porta afora. Eu me debati em seus braços, acertando em suas costas largas. Ele bateu forte em minha bunda, mostrando que ele era autoridade.

Ouvia os gritos desesperados do meu filho, e eu não sabia o que fazer. Gritava para que não o machucassem. Eles poderiam fazer o que quisesse comigo, contudo, não podiam tocar em um fio de cabelo dele.

— Me deixem em paz! Deixem o meu filho em paz! Ele é só uma criança!

— Pare de espernear, loba insolente!

Eu me debatia em seus braços, como uma louca. Eu sentia que minha Loba estava triste com a minha atitude. Se fosse preciso, eu iria me transformar mesmo contra sua vontade. Eu só queria me libertar, e fugir o mais rápido com Logan. Estava prestes a fazer isso quando eu senti um cheiro forte penetrar em meu nariz.

— Isso é pela sua desobediência. Tenha bons sonhos, princesa.

//

Eu molhei os meus lábios, eles estavam ressecados e ansiando por uma gota de água. Forcei as pálpebras para que pudesse abri-las, estava difícil, parecia que havia uma super cola nelas. Me esforcei um pouco e finalmente consegui.

Respirei fundo para sentir se alguém estava próximo. Aparentemente eu estava sozinha no quarto. Lembrei dos gritos do meu filho, e automaticamente meu coração saltou do peito.

— Logan! Logan!

Eu preciso procurá-lo.

Quando iria colocar os meus pés no chão, senti meu corpo ser puxado para trás. Balancei os meus braços e percebi que eu estava presa. Barulhos de correntes eram escutadas sempre quando tentava puxar as mãos.

— Socorro!

Eu não sei quantos minutos eu fiquei a gritar. A minha garganta que não estava muito boa, começou a secar mais ainda. Eu queria somente a resposta do que estava acontecendo.

Depois de uma hora mais ou menos, ouvi quando a porta foi aberta e aquele cheiro de pinho e madeira exalaram no ambiente. Com ele, outro odor se misturava. Parecia que era ovos fritos, com pães torrados. Minha barriga roncou, com vergonha, minhas bochechas formigaram.

— Percebo que está com fome.

— Onde está o meu filho?

— Se acalme. Ele está bem. Posso dizer que está muito contente em se enturmar com as outras crianças do vilarejo.

Eu senti quando ele rodeou a cama. Poucos segundos depois, pude sentir os meus pulsos serem libertos. Massageei, tentando me livrar da ardência que foi emitida. Ele havia me prometido que não iria me fazer mal. É um lobo mentiroso.

—Eu exijo que você me liberte. Não quero ficar nem mais um segundo nesse lugar com o meu filho.

Ele sorriu. Escutei o seu riso debochado, Como se eu tivesse falando loucuras.

—Você ainda não entendeu o que está acontecendo? Somos companheiros. Você é minha propriedade, então nunca mais vai sair do meu lado.

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