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Capítulo 4- O encontro com Tyson

Kira

Refazer a minha vida com meu pequeno Logan, não era fácil. Ele ama interagir com as outras crianças, mas eu tenho medo que algo de ruim possa acontecer com ele. Eu não sei se é besteira de mãe. Desde que ele nasceu, eu senti que eu precisava protegê-lo dos inimigos ocultos provenientes do misterioso Vale de Wanderson.

Jogo a bola de golfe para que ele segure. Ouvindo as suas passadas ligeiras, eu sinto o barulho do vento e o som que as folhas fazem. É impressionante a sua agilidade e destreza. Posso dizer que o meu filho é um dos lobos mais rápidos que eu conheço, senão o maior.

— Eu consegui, mãe!

Quando percebi que ele se aproximou, abaixei o meu corpo e abri os braços para abraçá-lo. Eu amava o cheiro do gel refrescante que ele insiste em colocar em seu cabelo. Tão pequeno e tão vaidoso.

— Muito bem, meu amor. Chega de brincar por hoje. Você já concluiu o seu dever de casa? Sabe que dona Lurdes detesta quando vocês não cumprem a tarefa.

— Sim, mãe. Eu coloco as mãos na cintura. Pelo seu tom de voz, eu sei que ele não concluiu. — Tudo bem, eu vou terminar.

Enquanto ele caminha ao interior da casa, eu me despeço das outras crianças. Mesmo não enxergando, ao longo dos anos, os meus sentidos se apuraram. Muito do que eu não conseguia fazer, como cozinhar sozinha, já consigo.

Aliás, somente eu que cozinho na casa da tia Esmeralda. Ela é uma mulher solteira, sem filhos. Posso dizer que ela tem Logan como o seu maior presente, mas não me trata com o mesmo carinho que oferece a ele.

Aparentemente, ela possuía algum conflito com minha mãe. Eu ainda não descobri o porquê. Parece que todos tentam esconder quem de fato era Aurora. Se era boa ou má? Eu não sei. Eu só queria que ela estivesse nesse momento para cuidar de mim.

— Ande, menina! A comida não se faz sozinha.

Com cuidado peguei os utensílios que eu precisava para preparar o cordeiro com espinafre. Cozinhar era um dos meus melhores dons. Eu acreditava que era um dom, pois fora isso, eu não possuía nenhuma magia.

Talvez o meu jeito de me sentir inferior seja por isso. Sou uma filha rejeitada do Alfa que não possuía dons surreais, força ou agilidade incomum. Mesmo assim, continuei acreditando que a deusa Luna tem o melhor para minha vida.

— O sabor não está tão ruim. Da próxima vez coloca um pouco mais de sal. Eu preciso sentir o gosto dos alimentos.

Eu coloquei a comida do meu filho, e enquanto apreciava o almoço, eu me questionava se era certo continuar a viver na alcateia, procurarei um novo rumo para minha vida. Eu acabei me acomodando, e acostumando em ser a criada de minha tia.

Em minha vida monótona, nada surreal acontece. Posso dizer que minha última loucura, foi entregar o meu corpo para aquele desconhecido, tendo o caso de uma noite ocasionando a gravidez de Logan.

Balanço a cabeça tentando esquecer os problemas. Preciso encarar a realidade. Irei nada de novo acontecerá e eu perecerei nesse local. Assim é melhor. Meu filho crescerá tendo bons estudos, pois o ensino aqui é de qualidade. Eu não me importo comigo, ele sendo feliz, eu sou feliz.

Assim que coloquei o prato em cima da pia, ouvi um barulho ensurdecedor.

— O que é isso? Perguntei enquanto procurava meu filho. Nos abaixamos embaixo da bancada. — O que está acontecendo, tia?

— Estamos sendo atacados. Não está vendo? Ah! deixa pra lá.

Ouvi quando minha tia saiu para averiguar o que estava acontecendo.

Me encolhi quando os barulhos se intensificaram. Parecia uma guerra fora de horário. Desde que cheguei a esse local, jamais ouvi ou presenciei um ataque. Justamente por ser uma alcateia pacífica aliada com Luna Negra.

— Pela Deusa Luna! Está um caos ao lado de fora. Estão destruindo a nossa alcateia. Há um monstro colocando nas tendas e matando pessoas inocentes!

— Por favor, tia. Desça as escadas e esconda o meu filho no porão.

— Vem comigo mamãe. Meu filho suplicou.

Eu queria fugir com ele, mas sabia que não seria possível que Esmeralda pudesse me guiar e levá-lo ao mesmo tempo. Os barulhos das explosões aumentavam. Parecia que estava mais perto da minha casa.

Procurei algo pontiagudo para que eu pudesse me defender. Eu sabia que não iria adiantar de alguma coisa. Era um dos lobos destruidores, mas eu precisava me defender de alguma forma. Com a faca pontiaguda em mãos eu apontei para o ponto em minha frente.

Escutei um barulho forte o qual fez a porta central bater contra a parede. No mesmo momento, senti um cheiro refrescante, o qual fez as minhas pernas tremerem e meu coração palpitar mais rápido.

Sabendo que eu parecia uma tola, apontei para todos os lados em busca de me defender e machucar o lobo assassino. Sons de risada ecoaram. Isso me deixou irritada.

— Parem de rir de mim!

Eu não conseguia compreender o que estava acontecendo, mas alguém pediu silêncio, e automaticamente as risadas cessaram. Minhas mãos começaram a tremer, evidenciando o medo que irradiava o meu corpo. Nesse momento eu me senti uma grande idiota.

Ouvi quando o chiado do som de botas caminhavam. Em cada passo que o lobo dava em minha direção, meu coração aumentava uma batida. O que mais me preocupava era o meu filho, e como ele ficaria sem mãe e nem pai. Em um ato derivado ao medo, eu deixei a faca cair ao chão e ajoelhei.

— Por favor, por favor. Não faça nada de ruim comigo. Eu tenho um filho para cuidar e ele não pode ficar sozinho. Por favor, senhor. Tenha piedade.

O homem agachou a minha altura. Automaticamente eu senti o cheiro de madeira e pinho. Era uma dor familiar, contudo eu não consegui identificar a sua origem.

— Não me mate. Eu imploro.

Aquele cheiro se tornava mais presente. Senti quando seus dedos ásperos tocaram em minha bochecha, me fazendo afastar o rosto em resposta. Senti quando ele puxou a minha face fazendo-me ser obrigada a sentir o seu toque.

Suavemente ele acariciou o meu maxilar. Eu engoli a seco, não sentindo mais medo, mas sim uma sensação de conforto e prazer. Isso era estranho.

— Eu jamais faria mal a minha companheira.

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