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Capítulo 1 – A noite

Lydia vai cantarolando pelos corredores do palácio durante a noite para preencher o vazio assustador que aquele ambiente trás quando não há mais pessoas andando pelo palácio. A doce jovem de vinte anos, está com seu carrinho de limpeza, com uma pilha de toalhas limpas, lenços bem gomados e cheirosos, além de todos os utensílios que precisa para ajeitar os quartos dos hospedes do castelo.

Seus passos pelos corredores são ligeiros e silenciosos, aprenderam a passar despercebida pelos cômodos do palácio, os lordes, duques, príncipes e até mesmo o rei, não devem saber de sua existência. Para eles, tudo é feito de forma mágica, sem qualquer aparição dos funcionários.

Como de rotina para a Lydia, os quartos são os últimos locais que ela precisa ajeitar antes que o seu turno finalize. Alguns convidados foram embora no início da noite, porém, somente agora, já na chegada da madrugada, que a linda empregada é permitida a limpeza dos quartos.

Ela entra em um quarto que foi utilizado e que não precisa de muitos preparos para a limpeza, somente a troca dos lençóis e o recolhimento de toalhas usadas. Por sua sorte, o convidado do rei que ficou naquele quarto, não era uma pessoa que fazia muitas bagunças. Com a agilidade que já possuía nesse tipo de serviço, Lydia começou a recolher todas as toalhas utilizadas do banheiro e colocar no cesto do seu carrinho, em seguida ela lavou o banheiro com uma rapidez impressionante, tudo isso ela fazia com uma boa vontade genuína.

Para a moça, todo trabalho honesto era digno de ser feito com apreciação. Ela gostava do seu trabalho no palácio, gosta de seus colegas de trabalho e o serviço, depois que se pegava o ritmo e todos os macetes, não eram difíceis de serem feitos. O turno da noite era o favorito de Lydia, o palácio ficava em uma calmaria profunda, igual um lago no meio da floresta, por alguns momentos, sozinha fazendo seus deveres, Lydia se imaginava vivendo naqueles corredores e cômodos grandes como uma princesa.

Em uma outra ala do palácio, distante de Lydia, o rei Ethan se divertida em uma festa particular e secreta com máscaras. O rei de vinte e cinco anos estava sentado em uma poltrona de veludo rodeado de mulheres lindas e esbeltas prontas para atender todos os desejos do rei. A música eletrônica tocava alta no salão privativo, havia muitas pessoas mascaradas em sua festa, inclusive o rei.

Ethan trajava uma roupa vermelha para remeter o diabo, com uma máscara bem ordenada com rubis e chifres pretos com diamantes negros. O jovem rei se divertia com a bajulação das mulheres a sua volta, algumas lhe beijava o pescoço, outras massageavam seus ombros e algumas passavam as mãos sobre a sua calça, para sentir o seu membro rígido por dentro dela.

A festa das máscaras fez o rei Ethan beber tudo o que era lhe oferecido, ele ficou com praticamente todas as mulheres que chegavam até o seu aposento particular no salão, que era um belíssimo mezanino onde o rei podia ver toda a festa acontecendo lá embaixo, as pessoas dançando, se beijando e transando nos pontos escuros.

Porém, a atenção do rei para aquele evento já havia se esgotado. O rei Ethan se sentia muito calorento naquele lugar, mesmo o salão tendo muito espaço e com janelas que iam até o teto abertas, o barulho e a bajulação das mulheres após já terem sido usadas por ele, deixava o rei enjoado.

Saindo de forma cambaleante da festa, Ethan vai com os passos arrastados para o outro lado do castelo, querendo a paz e o silêncio que a ala dos quartos proporciona naquela madrugada.

Por mais que o rei estivesse fora de si, não foi difícil para ele chegar até o corredor silencio e escuro do palácio, porém, Ethan não consiga se lembrar qual era o seu quarto, as portas para ele eram todas iguais.

— Que se dane, eu posso dormir a onde eu bem quiser — falou o rei para si mesmo enquanto cambaleava pelo corredor.

O rei Ethan caminhou um pouco mais até virar a esquina de um corredor e notar uma luz vindo de um dos quartos. Seus passos arrastados foram até o quarto iluminado e ao chegar lá, uma surpresa aguardava o rei e Lydia.

Lydia tomo um susto ao ouvir a porta ser escancarada atrás dela, enquanto a moça ajeitava os lençóis novos na cama. Ao olhar para trás, seu coração ainda palpitava assustado, um homem alto e mascarado surgiu na entrada do quarto.

— Perdão, já estou de saída — Lydia se apressou a dizer, logo abaixando os olhos para o chão e colocando suas coisas no carrinho de limpeza.

— O que? Não! Eu acabei de chegar — respondeu Ethan com a língua enrolada.

A empregada notou que o homem mascarado estava bêbado e ela não queria ter que limpar logo de cara um vomito no tapete se continuasse naquele quarto. Ela conduz o carrinho para a saída, porém o rapaz impede a passagem, segurando o carrinho com as mãos.

— Com licença, senhor — Lydia pede com a voz baixa e acuada.

O rei não diz nada, ele apenas quer ter Lydia para si naquele momento. E o rei tem sempre o que quer. Os pés do rei puxam o final da porta até chegar novamente a ser fechada, ele empurra o carrinho de limpeza para a outra extremidade do quarto, que faz um barulho quando se choca contra a parede.

O som faz com que a Lydia de um pulinho de susto e de alguns passos para trás. Isso faz o rei soltar uma risada marota.

— Não precisa ficar assustada, princesa — Ethan diz com a voz arrastada. — Nós dois vamos nos divertir muito hoje.

— Perdão, senhor, mas eu não sou uma princesa — Lydia responde amedrontada.

— Shhh — Ethan responde, colocando a mão nos lábios de Lydia. — Essa noite, você é o que eu quero que você seja, princesa.

Ao declarar aquelas palavras, a sentença já havia sido anunciada para Lydia. O rei agarrou a moça pela cintura, o cheiro de lavanda e a pele macia da empregada deixara o rei extasiado, ele a segurava com força enquanto dava beijos e chupões no pescoço de Lydia.

A pobre moça se debatia para sair das garras do rei, porém o homem era forte demais, mesmo estando bêbado. Suas tentativas de se ver livre daquilo, faziam com que o Ethan ficasse ainda mais excitado e com vontade de ter a jovem moça para si. Por isso, durante toda aquela madrugada, Ethan possui Lydia de todas as maneiras que ele queria.

Lydia resistiu o máximo que pode, porém, em dado momento a jovem moça se desligou de ser corpo e deixou que aquele homem mascarado simplesmente fizesse o que quisesse com ela. Seu corpo dava reações involuntários as investidas do rapaz, que recebia aquilo como um sinal para que fosse continuado.

Logo que o dia seguinte chega, Ethan é o primeiro a tomar consciência. De início o jovem rei não entende ou reconhece o local que está, aquele não é os seus aposentos reais. Ao notar a presença de Lydia, o rei Ethan se desespera.

Ele não se lembra de nada da noite anterior, isso nunca aconteceu com o rei antes. Já ficara bêbado várias vezes, porém a ponto de perder a memória por completo, só podia significar que durante a festa, alguém havia lhe drogado.

— O que foi que eu fiz? — Ethan murmura para si mesmo ao ver a situação que Lydia se encontra ao seu lado.

Sem saber como resolver toda aquela situação, Ethan pensa somente em uma solução provisória, que é utilizada muitas vezes por seus advogados e regentes para calar as pessoas por um tempo.

O rei Ethan vai até as gavetas de uma cômoda e escreve uma carta designada para a moça deitada na cama.

“Peço perdão pela noite. Não há nada que eu possa oferecer além de uma estadia livre pelo palácio para que você possa se sentir como parte da realeza a partir de agora, até que em seu coração, seja possível encontrar o perdão pelo que eu fiz. Entregue isso ao Secretário do Estado na ala oeste do palácio, ele saberá como prosseguir a partir daí para os desejos.”

Por fim, Ethan assina a carta e a deixa dobrada em cima da mesa de cabeceira ao lado de Lydia e parte para fora do quarto. Por mais que o remorso consumisse os primeiros pensamentos do rei, ele precisava cuidar do seu reino em primeiro lugar.

Poucas horas depois, Lydia acorda com dores no corpo e com a sua dignada destruída. Sua mente bloqueia metade dos acontecimentos da noite anterior e Lydia se sente desamparada e com raiva daquele homem que a violentou, ela olha para seus punhos e nota que estão com hematomas e vermelhos. Ao se levantar para ver quais outros danos possuem em seu corpo, a porta do quarto é aberta de repente.

— Ah, aí está você, irmã — Jennifer prolifera chateada ao entrar no quarto — mamãe está furiosa que você não voltou para casa para cuidar das coisas. Ela me obrigou até a vir mais cedo trabalhar aqui para tentar encontrá-la.

Leva alguns segundos para que Jennifer, irmã de Lydia, note a situação do quarto. Jennifer é a irmã mais velha de Lydia, que possui secretamente um ódio velado pela irmã mais nova.

— Lydia, o que houve?

— Oh Jennifer... — Lydia cai aos prantos ao notar a presença da irmã.

Contra sua vontade inicial, Jennifer se obriga a consolar a irmã com desgosto, para entender o que aconteceu. Ao descobrir todo o relato, pelo menos, as partes que Lydia se recorda, Jennifer ri por dentro pela desgraça de sua irmã.

— Não fique assim, pequena Lydia — Jennifer diz com falsa simpatia na voz. — Vá até o banheiro, se arrume enquanto eu ajeito aqui, nenhuma de nós duas pode perder esse emprego, foi um infortuno, porém, não há nada que possamos fazer.

Lydia se sente feriada com as palavras duras de sua irmã mais velha, porém sabe que é a verdade e com isso, concorda em fazer o que lhe foi mandado. Enquanto ela está no banheiro, Jennifer encontra a carta deixada pelo rei Ethan e a lê rapidamente.

Aquela carta é a oportunidade que Jennifer tanto desejava ter para poder mudar de vida. O rei nunca soube o nome da moça que deitou na noite anterior, isso para Jennifer era perfeito para que ela pudesse se passar por sua irmã Lydia, as duas possuíam uma aparência similar, por mais que Jennifer sentisse uma inveja descomunal da beleza refinada de sua irmã, ela sabia muito bem que podia se passar por Lydia com facilidade.

Jennifer esconde a carta no momento que Lydia sai do banheiro, o rosto da irmã mais nova ainda está vermelho por causa do choro e há marcas de chupões em seu pescoço.

— Vá direto para casa, pequena Lydia — Jennifer ordena com a voz aveludada. — Eu termino o serviço para você aqui. Vá e descanse, tenta deixar para trás essa noite hedionda. Graças a Deus, essa noite não existe mais para você, ela já passou.

Lydia quer discordar de Jennifer, dizer para sua irmã que a noite passada sempre vai existir em sua mente, em seu corpo e em sua alma. Só que Lydia se sente suja demais, cansada demais e enjoada demais para debater com a sua irmã e com isso ela parte para fora daquele quarto.

Jennifer assim que percebe a partida da irmã, ajeita o máximo que consegue o quarto. Por mais que as duas trabalhe no palácio, Jennifer odiava fazer os serviços, não possuía a delicadeza e dedicação genuína de Lydia.

Enquanto ela tenta fazer o trabalho de limpeza no quarto, um homem bem trajado e elegante entra ao quarto.

— Olá, bom dia — diz o homem com a voz grave. — Você é a moça que esteve aqui... — o homem não termina a frase, somente encara Jennifer.

— Sim, sou eu sim, senhor — Jennifer mente, sua voz sai baixa e contida, tentando imitar sua irmã Lydia. — O rei pediu para que eu encontrasse o Secretário do Estado, mas eu queria primeiro limpar o quarto, porque não queria que...

— Venha comigo, senhorita. O rei me enviou para conversar com a senhora sobre ontem. A partir de hoje, você não precisara limpar mais nada nesse castelo.

Ao ouvir aquelas palavras, Jennifer sentiu seu coração se encher de alegria. Sua nova vida lhe aguardava.

Já Lydia voltava para casa de ônibus desolada com tudo o que lhe foi feito. A jovem moça se segura para não chorar de raiva e desespero, ela não conseguia ter forças para voltar a trabalhar naquele palácio novamente após aquilo. Sabia que sua mãe Beatriz, iria amaldiçoa-la por largar um emprego tão bem pago e que deixa ela tão perto da alta sociedade, entretanto Lydia não queria nunca mais pisar naquele lugar, ficar perto daquela gente que acha que pode usar pessoas como se fossem objetos.

Ao chegar em casa, Lydia foi direto para o banheiro e se enfiou debaixo do chuveiro. Ela esfregou com força a bucha em seu corpo, querendo apagar qualquer vestígio do homem tocando sua pela lhe preenchendo por dentro, marcando seu corpo com seus lábios. Flashes da noite anterior saltavam em sua mente, porém Lydia não queria lembrar dos detalhes, queria manter tudo aquilo trancado dentro de si.

Durante todo o banho, que foi quase uma hora, Lydia chorou de tristeza sem saber que aquela noite iria trazer algo muito mais grandioso do que ela poderia imaginar.

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