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Marcela narrando

Um ano se passou desde que eu estou casada com Roberto, ele me fez casar com ele oficialmente, ele me exibia para todos como sua esposa e o casamento era perto nos olhos dos outros, a verdade é que eu vivia o pior pesadelo da minha vida ao lado dele. Eu nunca mais tive noticias do meu pai e toda vez que eu questionava a ele sobre isso, sobre noticias do meu pai, ele me lembrava que meu pai nunca se importou comigo e ainda me deu como pagamento á ele e nem cogitou a possibilidade dele me levar.

- Você está linda hoje - ele fala e eu sorrio fraco para ele terminando de tirar os pelos do seu paletó. - O jantar de hoje é muito especial - eu o encaro - eu irei ganhar um prêmio.

- Parabéns - eu respondo e termino de tirar o pelo e ele me encara.

- Se comporte - ele fala

- Eu irei - eu falo sorrindo fraco para ele.

Ele passa a mão pela minha barriga.

- Logo nosso filho vai está aqui junto com a gente - eu engulo seco.

E sim, eu descobri que eu estava grávida a duas semanas, estava de três meses e por isso ele estava assim, me tratanto melhor, Nem sempre era assim calmo, ele descontava tudo em mim, os problemas da delegacia e sempre fazia questão de trazer as suas amantes para cá, principalmente Marisa.

Quando entramos no jantar, eu vejo de longe Marisa com o seu irmão Kaio que era melhor amigo de Roberto dentro da delegacia, ele me obriga a sentar na mesa junto deles e o tempo todo Marisa me encara.

- Eu não sabia que você tinha voltado dos Estados Unidos - uma senhora pergunta a Marisa - e o seu casamento, sua filha?

- Estou divorciada a anos - ela fala - estava apenas curtindo a minha vida, agora voltei para o Brasil para ficar com meu irmão - ela coloca a mão sobre o ombro de Kaio.

- É sempre bom ter a companhia de alguém do nosso sangue - Kaio comenta a ela.

A voz dessa mulher me dava nojo, me deixava enjoada e não era por ciumes, porque jamais sentiria ciumes de Roberto, eu sentia nojo dele.

- Eu preciso ir ao banheiro - eu falo baixo a ele.

- Não demore - ele fala e eu assinto com a cabeça.

A duas semanas que foi o tempo que descobri a minha gravidez, ele não levou mais ela para nossa casa , eu entro dentro do banheiro e passo uma água no meu rosto, até que a porta é aberta e era Marisa.

- Olá Marcela - ela fala. - é bom te ver sem ter um olho roxo ou você escondeu com maquiagem?

- Me deixa em paz - eu falo - eu nunca fiz nada para você.

- Você é casada com ele - ela fala.

- Você pode pedir para ele se separaar de mim, te digo que não vou ficar triste - eu falo e ela abre um sorriso.

- Ele não se separa de você e eu não entendo o porque - ela fala.

- Por obsessão - eu falo - Tudo que eu queria era me ver livre dele, você não sabe como.

- Ele não quer mais saber de me ver a duas semanas e eu sei que a culpa é sua - ela fala - o que vocÊ fez?

- Eu não fiz nada - eu falo para ela - eu estou grávida - ela arqueia sua sombrancelha me encarando.

- É mentira - ela fala.

- Infelizmente é verdade - eu falo para ela - infelizmente eu estou grávida daquele homem nojento que você gosta de se deitar todas as noites por causa de luxo, enquanto eu sinto nojo dele toda vez que ele me estupra.

A porta é aberta e naquele momento entra Roberto.

- Sai Marcela - ele fala - anda! - ele diz firme e grosso.

Eu encaro ele sem reação e com medo dele ter escutado o que eu falei, eu passo por ele e ele me encara firme, eu respiro fundo e vou em direção ao salão, eu volto a me sentar na mesa e pego uma taça de água, demorou mas ele retornou e logo depois Marisa também, Kaio o tempo todo me encarava.

Logo depois, ele é chamado para receber o seu prêmio e eu vou junto, ele me elogia e me agradece e conta a todos sobre a gravidez, somos aplaudidos, recebemos elogios de casal perfeito e tiramos algumas fotos, o tempo todo fingindo um sorriso que não existia, uma felicidade que era obscura.

Porque apenas na frente das pessoas que as coisas eram boas...

(..)

Eu tiro os meus sapatos assim que entro no quarto, eu começo a soltar o meu cabelo que era longo e por isso eu tinha prendido, porque estava muito quente aqui no Rio de Janeiro, Roberto entra no quarto e tira a sua arma colocando sobre a mesa e depois ele se aproxima de mim, abrindo levemente o meu vestido atrás.

- Você disse que sente nojo de mim - ele fala e eu encaro ele.

- Eu - eu guaguejo e ele tampa a minha boca me segurando firme.

- Porque vocÊ sente nojo de mim? sente nojo de está grávida de mim? - ele pergunta e eu tento falar mas ele segura firme em minha boca - tudo bem, eu vou resover os seus problemas.

Ele me joga na cama.

- o que você vai fazer? - eu pergunto para ele.

- Você vai se lembrar disso para o resto da vida - ele fala.

Pegando a sua cinta que ele arrecém tinha tirado da sua calça e eu que estava nua porque ele tinha descido o meu vestido , tento me encolher na cama, mas ele começa a me bater forte, mas tão forte, que ardia em meu corpo cada vez que a cinta encostava na minha pele e ele cada vez mais colocava força para me bater.

- por favor - eu falo chorando muito.

- VocÊ não vai precisar carregar um filho meu - ele fala me batendo na região da barriga, eu tentava me proteger, mas era impossivel conseguir, ele tinha muita força;

Ele sai de perto de mim, indo para o banheiro e é quando eu olho para cama e para o meio das minhas pernas vendo que eu estava sangrando.

- Eu estou sangrando - eu falo nervosa e nesse momento a dor das cintadas sumiram e apenas nasceu o desespero de saber que eu estava perdendo o nenê.

Eu estava a noite toda com dor e sangrando muito, eu gritava, implorava ajuda de Roberto e ele não me ajudava, o sangramento ficava ainda mais intenso e as dores também e a única coisa que ele me disse antes de sair do quarto, era que eu teria que passar por tudo isso sozinha.

Ele era um monstro!!! E acho que eu jamais vou perdoar meu pai por ter me dado a ele como pagamento de uma divida, eu que sempre fiz tudo por ele e mesmo nunca ter recebido sequer um carinho, sempre demonstrei amor por ele.

Eu me sentia mal, eu me sentia inutil.

- Me ajuda - eu falo chorando.

(..............)

4 anos depois....

Muitas coisas aconteceram, depois de Roberto começar uma guerra junto de Kaio , nos fomos embora para os Estados Unidos, ficamos morando lá por alguns anos e agora retornamos porque Roberto tinha conseguido o seu cargo novamente e ele queria vingar a morte de Kaio e de Marisa, era isso que eu escutava ele falando sempre. A gente se mudou para outra casa, em um bairro ainda mais nobre no Rio de Janeiro, não era uma casa, era uma mansão tomada por vários funcionários e seguranças.

Nada mudou em nosso relacionamento, ele me agredia muito, me humilhava. Eu sei que uma hora eu iria conseguir me livrar dele, eu não sei como mas eu iria, eu pensei várias vezes em fugir mas sei que seria muito pior, Roberto foi cada vez ficando mais rico e poderos e isso me dava medo, porque ele sempre deixava claro que se eu tentasse algo, ele me caçaria até o inferno.

- Eu vou te deixar na consulta - ele fala.

- Você vai ficar lá comigo? - eu pergunto.

- Não, eu vou me apresentar oficialmente hoje na delegacia - ele fala. - Mas, o motorista está de folga porque a esposa dele está ganhando bebê. Logo será você. - eu o encaro.

Depois que ele me deixou ter um aborto sozinha dentro do quarto, eu nunca mais consegui engravidar e todos os médicos lá foram sempre falaram que engravidar naturalmente seria impossivel, mas a gente poderia fazer uma fertilização usando os meus óvulos e os espermas dele e era essa consulta que ele tinha marcado para eu ir. Ele queria um filho e ele não mediria esforços para que eu engravidasse dele.

- Quando você chegar em casa, você me liga! - ele fala antes que eu abra a porta para sair.

- Pode deixar - eu respondo a ele que assente.

Nosso relacionamento era assim, eu falava palavras curtas a ele, sempre concordava e me subordinava, pelo menos assim evitava tanto sofrimento, um pouco porque ele nunca deixou de me fazer sofrer.

Eu entro na consulta e o doutor Vinicius me explica como seria os procedimentos daqui para frente, o tratamento, minha alimentação, me passa diversas receitas e marca o retorno para os exames daqui 48h depois disso eu começo a saga de tentar pedir um uber, mas não tinha disponivel no meu app.

- A senhora quer um uber? - Um homem alto, cheio de tatuagem mas muito bem vestido e com um perfume muito bom pergunta me encarando.

- Estou pedindo no app, obrigada - eu falo.

- O aplicativo está fora - ele fala - acho que não deve está funcionando para senhora.

- Ele está sim - eu respondo.

- Tem certeza? - ele inssiste - porque eu estou vendo que não está - ele aponta - a senhora quer ir para onde? olha, eu sou motorista da Uber - ele aponta para todos os adesivos do carro e mostra o app dele de motorista.

- Eu não pego uber estranho - eu falo.

- Miguel - ele fala estendendo a mão - eu sou conhecido aqui, Pode confiar - ele aponta para o cara da loja de revista - e ai Pedro Henrique.

- O miguel - o cara responde.

- Viu? - ele pergunta me encarando - eu prometo que não irei assaltar a senhora, você quer ir embora e eu quero ganhar grana para sustentar os meus 3 filhos. Minha esposa morreu de cancer a um ano.

- Eu sinto muito - eu respondo - vocÊ tem três filhos?

- Tenho - ele fala - Joana, Joaquim e Janaina - ele fala sorrindo e me mostra a foto no celular de três crianças.

- Uma é bem pequena - eu falo.

- Ela tem dois anos - ele fala - ela sente a falta da mãe.

- Eu sinto muito - eu respondo a ele.

- Eu preciso comprar o leite deles, posso te levar ? - ele pergunta.

- É claro - eu sorrio fraco para ele. - Meu endereço é no Jardim Botanico.

- Conheço tudo por aqui - ele fala.

Ele abre a porta para que eu entre e eu ainda desconfiada mas penso nos filhos dele, resolvo entrar, mando mensagem para Roberto, avisando que eu já estava no uber e ele vai puxando assunto.

- Você é carioca? - ele pergunta

- Não, paulista - eu respondo.

E ele vai puxando assunto o tempo todo.

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