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Capítulo 04

Angelina Leone

Olho em choque para o aparelho rosa e prateado, é lindo demais, porém não irei aceitar.

- Não acredito! – Bel murmurou se aproximando.

- Este é um IPhone Se. – Diz tomando o aparelho da minha mão.

- Sim, Beto mandou depois que nos encontramos ontem. – Falo naturalmente.

- Vocês transaram? – Fala em choque.

- Claro que não. – Falo sorrindo. Bel é doida. Conto tudo que aconteceu na boate e ela fica com os olhos arregalados me olhando.

- Ele está muito a fim de você. – Fala animada.

- Eu não vou ficar com o aparelho, Bel. Não preciso de homem que fique me presenteando. – Falo pegando o aparelho e colocando na caixa.

- Eu quero um homem que me presenteie e muito – Bel fala sorrindo.

- Você é doida. – Falo colocando a mão na cabeça e gemendo de dor pelas bebidas de ontem. Bel se levanta e sorrindo traz uma tigela repleta de poutine, uma especiaria feita com batatas fritas grossas junto com pequenos pedaços de queijo-coalho canadense, mergulhados em um delicioso molho preparado a partir de grãos de pimenta doce, é uma receita do Canada. Bel pegou esta receita em um site e desde então faz para curar a nossa ressaca. Por este lado é até bom ficar de ressaca, pois é uma delícia.

- Por isso que amo você. – Falo comendo com muita vontade.

- Interesseira. – Fala me dando língua.

Algumas horas mais tarde, eu chamo Bel para irmos ao shopping. Pois preciso comprar um celular, não posso ficar sem me comunicar. Provavelmente começarei a receber muitas propostas para comerciais, propagandas e entrevistas.

- Cara, eu não acredito que você não vai aceitar o aparelho que ele lhe deu. Afinal, foi por causa dele que o seu caiu no chão. – Bel fala tentando me convencer a não comprar um aparelho, olhando por este lado, eu poderia aceitar se não fosse um IPhone.

- Eu posso comprar meu próprio aparelho, Bel. Agora cala a boca e paga um Mega burguer, batatas e Milk-shake para mim. – Falo e vamos para uma lanchonete próxima.

***

Deitada na minha cama pego meu celular e ligo depois de ter deixado carregando. Assim que o aparelho atualiza recebo diversas mensagens no WhatsApp. Alguns amigos e familiares parabenizam-me pelo papel. Os meus pais ficaram muito felizes por eu ter conseguido o papel que eu queria e me parabenizaram pela conquista. Estou tranquila com as cenas que vou fazer, pois sei que tudo não passará de encenação, apesar de que, não tenho muito controle do meu corpo quando Beto me toca, mas tentarei agir o mais profissional possível.

Vejo uma mensagem de um número desconhecido e quase desfaleço ao ver a foto de Beto no perfil. Ele está com uma cara de macho alfa, daquele tipo de homem que tem tudo que deseja. Leio a mensagem e arqueio a sobrancelha.

"Não precisa agradecer pelo presente" Leio sua mensagem e cada vez me surpreendo mais com sua audácia.

"Não vou agradecer mesmo, pois lhe devolverei o que comprou".

"Você já sabe meu endereço e meu número de celular; andou me investigando"?

Eu mando a mensagem e vejo que o horário que ele esteve online é oculto. Odeio isso! Gosto de mandar uma mensagem para pessoa e saber qual foi a última hora que esteve online, além disso o seu visto é oculto.

Em alguns grupos fizeram montagens de fotos minhas com Beto e sorrio ao me dar conta da proporção que o filme terá, e para ficar melhor, espero superar as expectativas de todos os leitores, pois eu como uma leitora nata sei o quanto é difícil um filme alcançar todos os detalhes e perfeição de um livro.

Antes de fechar os olhos, vejo se Beto respondeu minha mensagem. Nada! Durmo na expectativa de acordar e ver se ele me deixará alguma mensagem.

Alberto Fellini

Naquele dia de domingo em que mandei o IPhone para Angelina, esperava receber alguma mensagem sua, ou uma resposta da mensagem que mandei para seu WhatsApp, porém o dia passou e eu não recebi nada. Como não tenho o costume de passar o dia inteiro no celular ou nesses aplicativos de redes sociais, terminei de responder uma mensagem de Drake perguntando se iria ao clube hoje.

Chego à casa dos meus pais em um prédio de luxo no centro de Los Angeles. Eles são o casal mais de bem com a vida que eu conheço. Eles viajam constantemente e aproveitam muito bem a vida de casados. Eles são completamente apaixonados por Anne, assim como eu. Toco a companhia e quando a porta se abre sou recebido com muitos beijos. Abraço uma das pessoas mais importante da minha vida.

- Oi, meu amor, estava morrendo de saudades de você. – Falo bagunçando seu cabelo.

- Eu também tio Beto. – Murmura e me abraça.

- Olá, meu filho. – Minha mãe aparece e me abraça.

- O que temos para almoçar. – Pergunto.

- Lasanha quatro queijos. – Anne responde grudada nos meus braços.

- Hum. – Falo passando a mão na barriga. Minha mãe me diz que meu pai está no escritório. Encaminho-me para o mesmo e vou falar com ele.

- Como foi à viagem? – Pergunto me sentando na cadeira.

- Muito boa, como sempre. – Fala e retira os olhos da tela do computador.

- Por quanto tempo irá esconder a verdade de Anne. – Retornou com o assunto que tenho evitado há tanto tempo.

- Não quero falar disso hoje, papai. Estou prestes a começar um novo trabalho e desta vez como ator. – Falo e espero sua reação. Ele passa a mão pelo rosto e vejo preocupação nos seus olhos.

- Você ainda não resolveu todos os problemas que teve no passado e agora irá arrumar mais um. – Fala se levantando.

- Não irá acontecer novamente, papai. – Falo dando o assunto por encerrado.

Depois que minha mãe serviu o almoço fui brincar com Anne. Matando a saudades que sinto dela. Anne completou dez anos há pouco tempo, mesmo tendo tão pouca idade ela já passou por muitas situações difíceis. Quando me casei com Alexia ela veio como uma mini Alexia, a sua irmã de apenas sete anos. Alexia me contou que elas perderam os pais em um acidente de avião e desde então ela tinha a guarda da irmã.

Tudo entre a gente aconteceu precocemente, nós nos envolvemos muito rápido, namoramos e casamos mais rápido ainda. Eu era completamente apaixonado por ela e no início não percebia o quanto estava sendo manipulado e deixando de fazer as coisas que eu realmente gostava.

Naquela época eu frequentava o clube, porém quando me casei deixei tudo de lado, as amizades, o clube e a minha carreira. Tudo isso, pois Alexia não queria que eu atuasse. Nós fomos felizes no nosso casamento durante o período de um ano, porém quando comentei com Alexia que pretendia voltar para minha carreira de ator ela começou a surtar. Ela tinha o trabalho dela de fotografia, mas deixou tudo de lado ao se casar comigo, se tornou totalmente dependente de mim. Tornei-me sua obsessão. Eu não podia ter amigos, ir para a casa dos meus pais, e ela me ligava o dia inteiro quando estava na produtora. Vivia consumido por ela!

Não me deixava respirar e fiquei com medo das reações que ela começou a ter. Depois de determinado tempo sem atuar, eu aceitei um papel em um filme para atuar como gangster, e neste filme eu teria uma parceira que precisaríamos fazer duas cenas de sexo, mas tudo seria feito com tapa sexo e de um jeito profissional. Falei com ela que aceitaria e viajei a trabalho.

Alexia rasgou todas as roupas que havia dentro do meu guarda-roupa, as malas, meias e meus sapatos. Dois dias depois quando cheguei de viagem não havia uma peça de roupa inteira, nada! Este acontecimento foi o fim. Recordo-me das suas palavras.

- Pensa que não vi sua foto com a mão na cintura daquela vagabunda! – Esbraveja.

- Ela é a atriz do filme que a minha produtora está produzindo, e além do mais, é casada. – Falo para que ela entenda. Porém, estou no meu limite. Não suporto mais ter que ficar explicando cada passo que dou na minha vida, e o que mais me preocupa é a sua irmã que não tem culpa de nada disso. Passo a mão pelo cabelo me sentindo cansado.

- Como se ser casada fosse algum impedimento para essas piranhas! – Fala irônica. Para ela eu como todas as mulheres que se aproximam de mim, antes era assim.

- Estou cansado de tudo isso. – Falo. Deixo tudo para trás e vou para casa dos meus pais, porém a minha atitude trouxe consequências que carrego a culpa até hoje.

- Quando minha irmã voltará de viagem? – Anne pergunta quando estou indo embora. Eu passei a tarde inteira com ela e sei que nada do que eu faça será suficiente, pois o tempo que passamos juntos é tão pouco.

- Não sei dizer. – Falo e agradeço a minha mãe por mudar de assunto.

- Meu amor, você não gosta de morar com a vovó? – Minha mãe pergunta.

- Sinto saudade da minha irmã. – Anne fala partindo meu coração.

Deixo a casa da minha mãe e me sinto transtornado, pois não sei como contar para uma criança que a única pessoa da família dela sofre de transtorno afetivo bipolar e que tentou se matar uma vez e que por isso está internada em uma clínica na Inglaterra. Entro no carro e pego meu aparelho, vejo a resposta de Angelina, mas como não estou com o melhor dos humores, decido não responder.

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