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Capítulo 7 — Presa fácil

Will Ferrari

As coisas estavam indo muito bem, como não era de costume as coisas sempre saírem tão bem assim, porque sempre acontecia um imprevisto. Eu precisava saber onde ela estava, Kallil levou a garota sem me avisar sobre nada, estava a um passo de cometer alguma loucura. Então, liguei para ele, mesmo que já se passasse das duas da manhã.

Ligação Ativa

“Onde ela está?” Pergunto assim que ele me atende. “Você chega aqui, interrompe meus planos e tira ela daqui sem ao menos me dar uma satisfação? Que merda você tem na cabeça?”

“Eu quem a busquei, eu quem a tirei de lá e o senhor ainda acha que tem algum direito sobre ela? Qual é, Will. Você me deu uma missão sem nem mesmo me dizer a verdade, sempre jogamos limpo, mas não quando o assunto é trazer uma freira até aqui e…”

“E o quê? Não tem o direito de intervir em nada, Kalil. Eu lhe dei as informações necessárias. Lhe disse que a mãe dela acabou com a minha vida. Tem fotos dela, inclusive da garota também e sabe bem que ela não é freira. Portanto, exijo que a traga até mim novamente. Preciso acabar com ela de uma vez por todas.”

“O que faria se fosse a Suzana em seu lugar?”

“Não me desafie, Kalil. Fez um ótimo trabalho, agora me entregue a garota. A não ser que você já fodeu com ela antes mesmo de mim!?” O sorriso sarcástico do outro lado da linha deixava a resposta em aberto. Por que ele tinha tanto da minha personalidade?

“Eu não fodi com ninguém, embora me senti tentando. Mas, eu não vou levá-la de volta a você, sabe muito bem que não apoio esse tipo de coisas, pai. Tenha o mínimo de respeito e consideração por sua filha. Coloque Suzana acima de tudo. Agora me fale, como se sentiria se fosse ela nesta situação?”

Eu o conheço bem e embora quisesse muito foder com a vida dessa noviça, sinto que Kallil irá me impedir até eu mude de ideia, mas eu não pretendo mudar de ideia.

“Tudo bem, se não quer me dizer onde ela está, amanhã vasculharei todos os lugares até encontrá-la. Espero que se divirta, mande um abraço aos seus amigos.”

Ligação Inativa

Suzana estava cada dia mais vulnerável. Embora Ana sempre venha me dando notícias dela, não sei de fato como ela está, há semanas que não a vejo.

Kalil

— Então, seu pai de novo? Ainda não deu um jeito na noviça mesmo? — Don estava quase bêbado, porém não perdia a oportunidade de falar bobagens.

— Não estou dando um jeito nem mesmo em mim, quem dirá nos outros. — Respondi sem dar brecha para outra pergunta, levantei e fui ao banheiro, precisava pensar um pouco no que eu faria com ela depois dessa ligação.

Encarava o espelho olhando meus olhos que já estavam vermelhos pelo efeito que a bebida causava em meu corpo. Estava sentindo calafrios quando saí do banheiro, como se alguma coisa estivesse se saindo de forma que eu não queria.

— Eu vou nessa, Don. Amanhã a gente se fala, preciso verificar uma coisa. — Me despedi do pessoal e Dom continuou a falar, ou melhor, a gritar:

— Vai verificar se a noviça tá bem? Amanhã a gente tinha marcado de ir a um Rallye, então não esqueça!

Sem dar mais nenhum minuto de atenção ao que Don gritava, caminhei até o carro e segui em direção ao hotel em que havia colocado Luíza. Eu precisava tirar ela de lá antes que Will a encontre.

— Boa noite Sr. Ferrari, o que deseja? — A recepcionista perguntou com um largo sorriso no rosto.

— Estou com quatro reservado. — Respondi subindo as escadas.

Parei em frente ao seu quarto e tentei fazer de uma forma diferente. Antes de abrir a porta, bati algumas vezes na mesma e não houve resposta de Luíza. Tentei mais um, duas, três vezes até que não tive mais paciência de continuar com aquela palhaçada e abrir. Procurei por todos os lugares e não a encontrei, então vi a janela aberta e uma corda improvisada com lençóis e cortinas davam até o chão, mas ainda sim estavam pretos da escada. O que ajudaria a descer mais facilmente. Droga, ela não pode ter ido tão longe. Além de estar toda ferrada, estava com fome e cansada também. Ela era uma garota, e já era frágil por sua natureza.

As horas pareciam não se passar, quando finalmente deu quatro horas da manhã, o céu estava clareando e então eu resolvi ir atrás dela antes que fosse mais tarde. Isso não vai ficar assim, quando eu tento ser bonzinho, acabo me ferrando.

Luiza

A cada passo que eu dava meu corpo implorava por descanso. Meu corpo inteiro estava com as marcas roxas expostas, não poderia ir a um hospital, ele sem dúvidas procuraria por lá. Sem mais forças, me esforcei mais um pouco até chegar em um beco escuro, onde tinha muitas caixas de papelão, foi ali então que eu entrei. Assustei alguns gatos que estavam ali, ficando finalmente sozinha alguns minutos depois.

O tempo parecia não passar. Estava amanhecendo e o frio estava ficando cada vez mais intenso. Eu não tinha roupas para me proteger, embora estivesse com o sobretudo, ainda sim estava me tremendo de frio. Peguei algumas caixas de papelão, juntei todas e tentei me cobrir com elas. Deveria ser por volta das quatro da manhã. Era possível ouvir as pessoas caminhando, falando ao telefone, os barulhos dos carros e motos e percebi que já era hora de encarar mais um dia, desta vez arriscando a minha vida.

Levantei e a dor foi ainda minha intensa, era como se meus nervos estivessem atrofiados. Mas, antes de sair andando, passou um pouco e me cortou com um canivete, na altura da minha barriga. A dor se tornava mais forte a cada passo que eu dava, minha carne estava rasgada e isso doía muito.

Apoiei as mãos no muro que tinha entre um beco e outro e fui andando devagar. Por sorte a rua não era muito movimentada. Parei em frente a uma loja cujo as portas eram de vidros espelhados, então vi que meu rosto estava horrível e quase impossível de identificar que era eu. Estava suja e com os lábios rachados.

Andei pouco mais de dois minutos quando senti meu corpo ser puxado brutalmente, mas antes que eu caísse duas mãos me seguraram, me virando para frente, e ali estava ele. Como ele me achou?

— O que o que pensou que estava fazendo? Acha mesmo que pode escapar de mim? — Kalil sorria de sério, prensando meu corpo contra um muro pichado.

Estava com a mão sobre a barriga que sangrava, mas o casaco estava absorvendo, então estava quase imperceptível.

— Eu acho que… — O frio estava me deixando ainda mais cansada. Quanto mais eu tentava falar, mais casada ficava. Tirei minha mão da barriga e mostrei e a ele, que estava com os olhos fixados aos meus, mas logo se desviaram para minha mão.

— Caralho, pra que porra você foi sair daquele jeito? Acha que eu vou te fazer algum mal?

— Acho. Por isso quero te pedir uma coisa! — Estava nervosa, mas a dor estava insuportável. — Me ajuda, não quero morrer antes de mandar seu pai se ferrar do jeito que ele merece ser mandado..

Kalil

A aflição tomou conta do meu corpo, estava nervoso e sem saber o que fazer diante daquela situação. Os lábios dela estavam pálidos, o sangue estava começando a pingar.

Sem mais pensar, a peguei nos braços, levei até o carro e pela primeira estava levando alguém até a minha casa. Mas o que bem depois eu já não sei, mas não quero deixá-la nas mãos do meu pai. Liguei para o médico, alegando ser uma emergência e o mesmo viria dentro de 30 minutos.

Levei ela até o quarto de emergência, liguei os aquecedores e a coloquei na cama. Coloquei minhas mãos sem sua barriga, mas sua mão gélida tocou a minha me fazendo olhar para ela de forma instantânea.

— Por favor, não me deixe sofrer. Se eu tiver que morrer, que seja agora. Por favor, Kalil! — Pediu derrubando uma lágrima e fechando os olhos lentamente. Não tive reação durante alguns segundos.

Após quase uma hora o médico chegou, na sala já havia tudo que um doente precisava. Cursei cinco anos de medicina, mas não quis dar continuidade, embora soubesse muito bem como cuidar dela agora, não quis arriscar. Meu estado não me permitia suturar sua ferida, minhas mãos estavam trêmulas.

— Eu não vou deixar você morrer. Se não quiser que vejam seus seios, segure em meu pescoço que tirarei sua blusa. — Pedi e por um momento pensei que ela não o faria, mas com uma certa dificuldade apoio as duas mãos em meus pescoço e ergueu um pouco das suas costas, o suficiente para que eu subisse seu casaco e sua blusa no mesmo instante, faltando apenas passar os braços. — Pode soltar agora.

Ela não estava abrindo os olhos. Peguei uma toalha e molhei em água morna, limpei seu corpo e pude ver o quão machucada ela realmente estava. Senti um nó na garganta por ela estar nesta situação. Me senti um filho da puta por não impedir que Will a espancasse.

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