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Capítulo 5 — Intimidade

Luiza

Acordei em uma sala cheia de luzes, mas não era um hospital ou algo do tipo e aquilo me deixou aflita, eu já não estava entendendo nada e nem mesmo o porquê do tal Ferrari me querer!

— Vejo que acordou consciente! — A voz rouca se fez presente e quando olhei para o lado, ele estava lá, encostado na porta com os braços cruzados.

Então eu vi que não havia mais ninguém ali dentro além de mim, era um quarto pequeno e todo branco, com duas luzes no teto e era isso que fazia o lugar ficar tão claro, mas era tão pequeno como um quarto de solteiro. — Eu não entendo… por que a senhora mentiu para mim todos esses anos? Como ela foi capaz? — Me perguntava lembrando da Madri e de todas as outras freiras.

— Luiza seu nome, não é? — Assenti quando ele perguntou, mas ainda sem forças para levantar. Seus passos estavam ficando cada vez mais próximos, até que ele sentou ao meu lado e me olhou nos olhos, tirando meu cabelo do rosto e colocando atrás da orelha. — Me perdoe por isso. Eu não sabia que era isso que aconteceria com você.

— O quê? Achava que iria acontecer o quê? Então me trouxe aqui para que eu morresse de uma vez, é isso? Deveria ter fechado os olhos se não quisesse ter visto a cena ou talvez, poderia fazer papel de um homem e humano.

— Não. Eu pensei que fosse haver uma conversa entre vocês antes, mas agora já não há mais volta. E eu não interveio nos problema de ninguém. — Seu jeito de falar me deixava com medo, embora eu não deixasse transparecer, eu estava com medo de morrer, ou de ser estuprada a qualquer momento.

— Por favor, se for me tocar eu prefiro a morte. Eu não sei de nada, se o seu pai espera que eu seja útil para alguma coisa irá perder seu tempo.

— Eu compreendo que não saiba de nada. Eu não posso me meter nos negócios do meu pai e você é problema dele, me entende?

— Então ele vai fazer sexo comigo? Me usar e depois descartar quando perceber que eu não sei nada sobre a minha mãe? Não sei bem mesmo seu nome verdadeiro.

Fechei os olhos na esperança de ter alguma lembrança boa, mas as dores não me permitiram pensar em nada além de querer levantar e não consegui. Eu ainda estava suja, meu corpo estava fedendo e eu estava me sentindo mal por tudo que estava acontecendo.

Kalil

Vê-la no estado em que ela estava era preocupante. Meu pai nunca havia feito tal coisa com ninguém, mas ele se referia a Luíza como se ela fosse culpada por tudo que mãe fez com ele. Em alguns momentos ele mensurou que iria fazer dela a sua puta, que sinceramente se depender de mim ele não vai. O quarto estava com um mau cheiro terrível, ela estava toda suja e eu era a única pessoa que poderia ajudá-la.

Antes de ir até ela, passei em farmácia e comprei algumas coisas íntimas e sua higiene pessoal. Eu não sabia do que ela gostava de vestir, então comprei um vestido e algumas peças femininas, de acordo com o que a vendedora me orientou. Coloquei tudo dentro de uma sacola e levei para ela.

— Consegue levantar? Eu trouxe um lanche, absorventes e uma roupa. — Coloquei a sacola ao seu lado e a vi fazer força para levantar, sua barriga estava roxa por causa dos chutes, assim como seu rosto e algumas partes do seu corpo.

— Eu agradeço, mas mal consigo respirar quem dirá levantar. — Sem pensar duas vezes eu peguei seus braços e coloquei em volta do meu pescoço, lhe dando o apoio necessário para levantar ela e assim ela sentou.

— Primeiro come, você precisa de forças. — Levantei da cama e fui até a janela, onde a mesma estava com grandes e cerca elétricas. — Depois eu ajudo você a tomar um banho. — Sair a deixando à vontade e trancando a porta por fora, levando a chave comigo.

Enquanto andava pelos corredores, percebi que havia muitos homens verificando uma carga só, então fui até lá conferir o que era e então me deparei com algumas coisas que eu estava buscando há algum tempo.

— Isso é pólvora? Onde está a mercadoria principal? — Perguntei ao motorista que estava sendo cercado pelos homens que trabalhavam para o meu pai.

— O Sr. Ferrari pediu para deixar no galpão, ele disse que ele mesmo iria verificar a carga. — Como sempre ele está querendo passar na frente de tudo que é meu, mas eu estou tão cansado quanto ele.

— Quando terminarem aqui me avise, são meus negócios e vocês devem satisfação a mim, não ao meu pai. Esse aqui é o meu território, e quem manda sou eu. — Disse autoritário e voltei para o quarto onde estava Luíza.

Ao abrir a porta fui pego de surpresa com um tapa no rosto, certamente era pra ser algo impactante, mas pela sua falta de força foi apenas com carinho. Sua mão levantou para repetir o movimento, mas antes disse ela caiu sentada no chão e começou a chorar.

— Se vai me matar que seja rápido, por favor. — Eu já não estava com paciência para conversas, então fui direto ao ponto onde queria chegar. Mas ela tinha lágrimas nos olhos e um olhar medroso.

— Tem que melhorar bastantes se quiser atingir alguém, melhorar muito mais se quiser acertar o rosto de alguém.

— Vai se ferrar, seu desgraçado! — Sua mão estava em cima da sua barriga e ela estava horrível, com suas roupas rasgadas e imunda.

— Levanta daí, vai tomar um banho, está precisando. — Estendi a mão para ajudá-la, mas ela recusou cuspindo na mesma. — Ok. Então eu vou sentar ali e esperar a senhorita ter a boa vontade de cooperar comigo, tudo bem?

Sem muitas conversas ela levantou e saiu se segurando nas paredes até o banheiro, que não tinha porta, a água era fria e o melhor de tudo, ficava de frente para cama e me dava a total visão do seu corpo nu e machucado. Tentei não pensar no quanto eu estava com ódio do meu pai nesse momento.

— Não precisa ter vergonha, eu já vi mulheres nuas antes. Se veste e vamos dar um passeio. — Lhe dei uma piscadela e virei de costas para que ela se vestisse sem que eu visse.

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