Capítulo 2 — Caça ao tesouro
Kalil
— Problemas meu filho?
— Muitos, meu pai. Como está Suzana? Soube que ela estava muito mal ainda, quando vou poder vê-la?
— Sua irmã está em um estado crítico, logo em breve poderá vê-la. Mas não é isso que me interesse agora e nem por isso que o chamei aqui. Kalil, Jaz é uma peça chave para os nossos trabalhos, conhece muito bem coisas que não estão sob nosso alcance e por isso não pode descartar ele. Poderia ter escolhido também filho, não o culpe.
— Írfan, eu só estou aqui porque o me ligou dizendo que era urgente, portanto me faça o favor de ser breve. Com meus problemas eu resolvo depois.
— Tudo bem. Kalil, quero que você me traga a filha desta mulher. – Sob a mesa havia um envelope de cor parda a, ele abriu o mesmo e retirou de dentro uma foto.
— Quem é ela? – Perguntei ao abrir o envelope.
— Essa mulher acabou com a minha vida e eu quero a filha dela como parte do meu plano. Essa mulher da foto está morta, é a mãe dela, agir no impulso e não pensei duas vezes antes de mata-lá. A filha dela deve ser adulta e isso não é mais nenhum problema para mim.
— Onde ela está?
— Em um convento na Itália. — Seu maldito sorriso quase me fizeram repensar sobre o que eu estava fazendo.
— Eu tenho que me preparar para isso. Daqui há nove dias estarei partindo e vou mata-lá, como o senhor tanto deseja. – O riso cínico que ele dá sempre é algo insuportável.
— Eu não quero ela morta, Kalil. Quero ela para mim. Ela vai me pagar com o corpo toda a dívida que a mãe dela me deixou. Ah, pode ficar a vontade para satisfazer suas vontades também, mas só depois de mim...
— Ok! Pode me mandar tudo por e-mail, vou tentar sair daqui o mais rápido possível.
Sair direto para dentro do meu carro e acendi um cigarro enquanto estava o sinal ficar verde. Cheguei em casa e vi Cristina dormindo na minha cama. Quantas vezes será que eu vou ter que dizer pra ela que eu não quero nada sério?
— Por que demorou tanto hoje? – É, me enganei ao pensar que ela poderia estar dormindo.
— E você já deveria ter ido embora. Qual é a sua, Cristina? Não sabe o que significa a palavra "casual"? É isso que nós fazemos, sexo casual e nada mais que isso.
— Você deve estar com outra. Você não reclamava tanto assim antes. Não sei porque, mas sempre que você se encontra com o seu pai você volta muito estranho.
— Não estou estranho! Sou assim desde que me conheceu e sabe disso, mas não te devo satisfações também. Acho que está na hora de você ir embora, quer uma carona?
— Vai pro inferno, Kalil.
(...)
Estava pronto para ir até a igreja onde a tal Luíza estaria.
Luiza
Madri já estava de pé. Levantei cuidadosamente e fui até a janela, sempre amei a vista do amanhecer, como o meu quarto ficava na parte de cima, eu via perfeitamente o nascer do Sol.
— Bom dia, Luíza. O que faz acordada a essa hora? — Madri perguntava com a porta do quarto entreaberta e a cabeça um pouco para dentro.
— Bom dia, Madri. A senhora sabe que sempre gostei de acordar cedo! Mas esses dias eu venho sentindo umas sensações estranhas. É como se... — Como se eu soubesse que algo ruim vai acontecer.
— Reze! — Foi sua última palavra dita e de certa forma me doeu, ela sempre me ouviu e até gostava de escutar meus sonhos...
Sem fazer nenhum alarde eu fui até a quitanda da Bela, precisava contra meus planos para ela ou acabar enlouquecendo.
Bela estava com um sorriso de canto a canto e eu até poderia imaginar os motivos, mas não me precipitei, pois algo estava me incomodando muito.
— Olha só, a Margarida resolveu aparecer! — Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e a respondi:
— Está margarida está murchando! Preciso te falar uma coisa, mas te peço que não conte para ninguém.
— Luíza, quando você me conheceu fofoqueira? — Se ela não tivesse espalhado para o vilarejo inteiro que a filha do seu Hanoar não era mais moça, a moça não teria sido obrigada a casar...
— Preciso mesmo falar? Bem, não foi para isso que vim aqui hoje. Estou pensando seriamente em fugir deste lugar, sinto que aqui não me pertence. Sabe quando você está se sentindo enganada por todos a sua volta? É assim que eu estou me sentindo agora.
— Para onde iria? E por que isso agora?
— Porque estou cansada, Bela.
Contei tudo que ouvir a Madri falar ontem e de fato eu estava me sentindo uma tremenda idiota, jamais pensei que a Madri me escondesse algo. Que idiota sou.