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Capítulo 8 - Uma cobrança chata

Parte 8...

Isabela

Depois de fazer minha rotina no banheiro voltei para a cama e peguei meu notebook para enviar uma mensagem para meus pais.

Por internet é a forma mais rápida e barata de fazer isso. Como somos nós três que dividimos a conta, não fica pesado pra mim.

Eu gosto de enviar mensagens para minha família, assim eles não ficam preocupados comigo. Não é sempre. Às vezes eu passo até duas semanas sem dar notícias, mas eles sabem que esse é meu tempo máximo sumida.

Depois tomei um café da manhã leve, só uma fruta com yogurte. Depois de ontem estou com uma dor de cabeça chata. Acho que deve ser a tal de ressaca. Sinto um gosto estranho no fundo da garganta.

Ainda sonolenta separei minhas roupas e coloquei na máquina de lavar da área de serviço, amanhã eu passo ferro em tudo. Aproveitei e fui para o quartinho - barra - escritório. Abri minha conta no banco e apoiei a mão no queixo, desanimada com os números que aparecem na tela.

Eu preciso muito encontrar um modo de conseguir grana, não posso ficar nessa de ter que economizar meses de salário para poder ir a um show. Assim eu nunca vou sair dessa situação ferrada.

Fechei o notebook com um novo suspiro desanimado e fui continuar minhas tarefas que se acumulam durante a semana.

Fiz a minha parte da limpeza. Essa semana a cozinha é minha, então deixei tudo brilhando, inclusive o fogão que estava um horror, depois que Angelique derrubou o leite nele e deixou secar. Agora parece outro.

E agora só tenho que ir trabalhar.

** ** **

* Marco *

 

Eu não gosto de me repetir, mas nesse caso, preciso afirmar.

— Eu quero foder com o imbecil que fez isso - bati a mão na mesa com força — E vocês estão demorando muito para me entregar a cabeça desse bosta - disse com irritação.

— Calma, chefe - Gilliard disse, erguendo a mão — Nós vamos descobrir quem é, mas é que a pessoa é esperta, não está deixando rastros.

— É esperto ou vocês são burros? - ergui uma sobrancelha — Nós não podemos ter prejuízo novamente. Tem pontos de entrega que já estão desabastecidos. E eu não gosto disso - o encarei quase que saindo fumaça pelo nariz.

Ele abaixou o olhar. Quando começo a me irritar as coisas tendem a ficar ruins. Olhei a hora no relógio de pulso, quase uma da tarde e eu ainda não comi nada.

Dei mais algumas broncas, mandei que fizessem outras tarefas e encerrei a reunião. Quando ia saindo do prédio meu celular vibrou.

— Diga, Carolina!

— Nossa, que jeito de atender sua futura esposa, carinho - ela diz com voz melosa.

— Eu estou em uma reunião agora e não estou com humor para chamegos - respondi um pouco rude. Realmente ela é grudenta e isso me irrita — O que precisa?

— Só queria saber como você está, Marco. Você não veio me ver esta semana.

— Eu não pude ir, Carolina. Estou com assuntos pendentes aqui e que precisam de minha presença.

Isso é verdade, mas eu não fui até Barcelona porque não quis. Apesar dela ser uma beldade, até para mim o seu nível de futilidade é alto demais. Talvez depois, quando nos casarmos, ela pare de encher minha paciência querendo atenção o tempo todo.

— Então, que tal se eu for até aí?

Eu respirei fundo. Era só o que me faltava, ter a princesinha da máfia espanhola na minha cola todo o dia. Ela até que fode bem, mas não vale a pena que fique atrás de mim, me atrapalhando durante meu dia.

— É melhor não, Carolina. Estou muito ocupado com alguns assuntos e não vou poder dar atenção a você.

— Marco, nós vamos nos casar - ela reclama — Você tem que começar a se preparar. Falta pouco tempo e essas coisas são complicadas.

O que pode ser tão complicado que não se resolva em um dia? O tamanho da cauda do vestido pomposo que ela vai usar apenas para se exibir para os convidados e sair na mídia?

— Tenho certeza de que você irá resolver tudo, querida - falei de modo cínico — O importante é que eu esteja no altar no dia.

— Marco, eu não quero que...

— Não tenho tempo agora, Carolina. Nos falamos outro dia, está bem?

Desliguei sem nem ao menos me despedir. Se tem uma coisa que me irrita profundamente, é que fiquem me cobrando atitudes. Eu faço o que quero, na hora que quero e do meu jeito.

É bom que ela comece a entender isso.

Meu estômago está estranho e sei que é fome. Como já dei as ordens e direções para esses dias, posso aproveitar e comer algo.

— Vamos - chamei os seguranças — Eu quero comer algo.

O bom de ter o escritório em Trastevere é que por ser um bairro antigo, posso encontrar diversos tipos de serviços aqui com facilidade. Como a cafeteria que eu não conhecia, decidi repetir e ir a um restaurante que nunca fui antes.

Entrei no carro e disse ao motorista onde ir. Tem uma rua muito tranquila que já passei algumas vezes por ela e nunca entrei, mas sei que tem galerias com muitas opções.

Deixei que dois seguranças fossem na frente e eles escolheram um lugar que é bem meu estilo. Depois de anos trabalhando para mim, eles já sabem um pouco sobre meus gostos pessoais.

A decoração do lugar é charmosa e escolhi uma mesa ao lado de uma grande janela que dá para o jardim.

E quando procurei por um atendente para fazer o meu pedido, lá estava ela. A garota da noite anterior.

Fiquei olhando enquanto ela se movimentava pelo salão grande, com uma delicadeza que ela não tinha ontem, na boate.

Dessa vez o uniforme era outro. Uma saia preta com uma camiseta branca e o avental xadrez com o nome do restaurante. Cruzei as mãos e fiquei observando-a circular entre as mesas, até que ela me viu e travou.

Autora Ninha Cardoso

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