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Capítulo 7 - Conversa de bêbado

Parte 7...

Isabela

Meu Deus! Alguém tem que segurar minha língua. Acabei de me dedurar dizendo que o vi antes e ainda o chamei de bonitão. Que ridícula!

Ele sorri e eu observo seus dentes brancos, a boca grande, o nariz aquilino, olhos pretos como se fossem duas jaboticabas.

Ai, me deu saudade de comer jaboticabas. No sítio de um primo meu tem muitas árvores e eu gostava de subir nos galhos e comer a jaboticaba lá mesmo.

E porque diabos eu estou pensando em comer jaboticaba com um homem desse parado na minha frente?

Ele é bem alto. Ou eu que sou muito baixa. Tenho que erguer o rosto para falar com ele. Suas mãos estão em meus braços. Ele me ajudou a levantar e ainda me segura. E eu gosto disso.

Caralho! Eu percebo que alguma coisa se apertou dentro de mim. Passei o olhar nele todo e me veio logo a pergunta.

Será que ele tem o pau grande?

Balancei a cabeça para espantar o pensamento safado e dei uma risadinha. Solucei e levei a mão à boca, ainda rindo. Misericórdia!

— E você é a garçonete - ele respondeu.

Eu corei. Sei que sim porque sinto meu rosto aquecer. Merda! Ele me reconheceu. Queria um buraco no chão agora para pular dentro.

— É, pois é - eu dei um passo para trás e ele me soltou — Euzinha... Obrigada!

Eu me virei para sair e ele segurou meu braço. Eu olhei para sua mão e vi seus dedos tatuados. Sexy!

— Você disse que eu podia passar.

— E pode... Mas não quer sentar um pouco antes? - ele ergue uma sobrancelha — Me parece que você está um pouco tonta.

— Eu não estou bêbada - reclamei arregalando os olhos para ele — Eu só bebi um... - mostrei o dedo — Dois co...- solucei — Não... Três copos de Tropical qualquer coisa aí - abanei a mão — Talvez foi um pouco mais.

— Tenho certeza de que foram mais de quatro - ele me puxou para perto — Sente-se um pouco para passar a tontura.

— Não! - eu franzi o nariz — Eu vou para minha mesa. Minhas amigas... Estão esperando.

Eu nem esperei ele falar algo e me virei saindo dali logo, mas tentando não tropeçar de novo e nem quebrar o pescoço na escada.

Minha pulsação estava rápida, mas acho que foi porque eu passei do ponto e bebi mais do que estou acostumada.

** ** **

Quando chegamos em casa eu estava morrendo de sono, com os olhos ardendo e a cabeça cheia de pensamentos pelo cliente bonitão do café e da boate.

Eu nem contei as meninas sobre meu momento de vergonha ao cair de quatro no chão na frente dele. Elas estavam bem animadas e como eu pensei, Mariane estava dando uns beijos com o amigo dela e Angelique já tinha se arrumado com o cara da outra mesa.

Fiquei ouvindo as conversas delas enquanto o táxi nos levava de volta para casa. Pela hora adiantada não dava para pegar um ônibus. A linha que usamos deixa de rodar a partir de uma da manhã.

Tomei um banho rápido, coloquei meu pijama e me enfiei embaixo das cobertas. Ainda pensei um pouco na noite e sorri, me sentindo bem.

Amanhã meus joelhos vão estar vermelhos. Ainda bem que eu estava usando uma calça jeans. Pelo menos diminuiu o prejuízo.

Bocejei demorado e me encolhi mais debaixo da coberta. A noite foi ótima, eu adorei ter saído com as meninas e me diverti muito.

Pena que não beijei na boca de ninguém.

** ** **

Eu acordei com o despertador do meu celular e me estiquei toda, esfregando os olhos com a costa da mão. Desliguei o alarme e deixei o celular de volta na mesinha ao lado da cama. Eu preciso comprar um celular novo, o meu está com a tela trincada por uma queda tem quase dois meses. O problema é que um celular novo custa caro e eu ando muito apertada.

Mariane e Angelique tem seus quartos. O apartamento não é muito grande, mas tem quatro quartos. O último nós fizemos de um tipo de escritório, onde nós três podemos usar para estudar ou para outra coisa que interesse.

Enchi o peito de ar e suspirei, pensando em minha situação aqui em Roma. Eu tenho muita vontade de chegar ao fim de meu curso de Artes e história da arte.

Ontem à noite foi um caso especial. Eu gosto muito de Tiziano Ferro e por isso economizei meses para ir a esse show. As meninas também economizaram. Quem tem uma situação melhor entre nós três é a Angelique.

Os pais dela enviam dinheiro para ela todos os meses. Já os meus pais e de Mariane não podem ajudar. Com o câmbio da moeda fica muito pesado para eles.

A vida em Roma é cara. Tem muitas vantagens e até dá para se manter com o que eu ganho, mas ainda assim, está longe de ser uma vida folgada.

Se eu pelo menos encontrasse um emprego que pagasse bem, eu poderia sair do café e do restaurante e ficar com um único emprego.

Seria bem melhor e menos cansativo, mas o salário tem que valer a pena. Uma coisa que me ajuda são as gorjetas que recebo nos dois empregos. Tem semanas que até consigo fazer um bom valor só de gorjetas.

Eu ainda tenho que ir trabalhar hoje, mas só no restaurante. O bom é que à noite eu posso descansar e até dormir mais cedo porque hoje não tem aula.

— Isabela! - escuto a voz de Mariane.

— Eu já acordei! - grito de volta.

— Então levanta!

— Já vou! - me estico toda de novo. Por mim eu dormiria mais, só que tenho que fazer algumas coisas e depois ir trabalhar — Já levantei!

Saí da cama jogando a coberta de lado. Não vou tomar banho porque já tomei quando chegamos. Deixei a cortina meio aberta. Esqueci de fechar completamente.

Meu quarto é bom, mas devido o projeto do prédio, a janela do vizinho fica de frente para a minha. Isso não era um problema antes, mas passou a ser tem uns dois meses com o novo vizinho. Se eu vacilar ele me pega nua.

Estou pensando em trocar meu quarto para o outro que fizemos de escritório. Ele é menor, mas pelo menos não tem um velho tarado me observando pela janela todo o tempo.

— Isabela! - ela grita de novo.

— Eu já estou no banheiro! - gritei rindo. Mariane sempre acorda cedo, mesmo se estiver cansada e por isso é difícil que a gente perca o horário — Obrigada!

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