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Prólogo

A Mulher do Alfa

Prólogo

Onde eu estava?

Me sentei, zonza, coçando os olhos que estavam ardidos pela claridade do sol que os atingia, minha cabeça doía, como se uma banda de Rock muito ruim, e barulhenta, resolvesse ensaiar dentro dela.

- Ai… - Gemi, tentando me levantar e falhando miseravelmente, eu não podia acreditar, eu estava de ressaca. A última vez que eu havia bebido tanto, foi quando ele ainda estava vivo.

Maldita Jenna, maldito seja quem criou o álcool!

- Acordou só agora? Madame? - ouvi no hall da porta, alguém dizer debochadamente, fazendo eu me encolher instantaneamente de dor, com a voz ricocheteando dentro de minha cabeça. Maravilha.

- Jenna... Isso é tudo sua culpa! O que diabos aconteceu? - Minha voz saiu seca, arranhando a garganta ao sair. Passei a língua sobre meus lábios extremamente ressecados, tentando aplacar a minha sede e amenizar o gosto ruim na boca.

- Está falando da boate de ontem, ou o fato de que você sumiu, me deixando sozinha, e louca de preocupação? - Seus olhos negros pareciam querer me fuzilar, tendo a intensidade de um laiser. - Eu liguei para a Polícia Liane! ou pode ser o fato de me ligar de madrugada, para te buscar, na porra de uma mansão! No meio de uma floresta! Quem diabos constrói uma mansão em uma floresta? Foi assustador! Eu literalmente, me aborreci de preocupação por você, Lia!

Eu me encolhi.

" Santo Deus, o que aconteceu?"

- Aí! Eu não lembro de nada! - Resmunguei, me levantando, estremecendo levemente com o frio do chão, ao tatear com o pé, tentando achar minhas pantufas debaixo da cama. Desesperada o bastante para achar analgésicos suficientes, para dopar um elefante.

- Nada mesmo? - Perguntou descrente, jogando as mesmas para mim, já que elas estavam ao seu lado, perto da porta.

- Já disse que não! - Tentei não olhar para os olhos de Jenna, enquanto colocava as pantufas, usando isso como desculpa para não enfrentá-la, ela iria saber que eu estava mentindo, eu era tecnicamente uma péssima mentirosa, e com a ressaca, seria brincadeira de criança para minha amiga me desvendar.

Claro, desde que não se tratasse daquele, "assunto."

- Do que se lembra? - Ela se aproximou de mim, com os braços cruzados, me pondo imediatamente em guarda. Eu suspirei fundo, tentando pôr os pensamentos em ordem, já que pelo visto, eu não a enganara.

Fechei os olhos com força, com a esperança de que isso desencadeasse lembranças da noite anterior, mesmo com a dor de cabeça, aos poucos, flashes do que aconteceu no dia anterior veio à minha mente.

Eu indo "obrigada," à ir na boate, eu entediada, eu enchendo a cara, eu animada, eu dançando em cima da mesa, olhos incrivelmente azuis... Pele... Muita pele... Grunhidos?

Eu abri os olhos e olhei horrorizada para Jenna, sentindo os cabelos de minha nuca se arrepiarem só com os flash de lembrança do estranho de olhos azuis.

- Jenna! Acho que fiz sexo com um desconhecido! Ai meu Deus! - Gemi, não era possível! - Como isso foi acontecer? Eu não faço sexo casual! Não faço mais isso… - Sussurrei horrorizada.

"Parabéns, Lia, está se saindo muito bem! Que recomeço impressionante!"

Me bati mentalmente, por ser uma idiota.

- Imaginei, já que estava me esperando completamente nua! Branca como corretivo, chegava a cegar, só de olhar... E bem Lia, eu estou até impressionada que você tenha feito sexo com alguém, já achava seriamente que você estava sendo obrigada ao celibato... - Ela sorriu para mim, “quase” babando veneno.

- Como é?! - Senti meus olhos se arregalaram, chocados, mais pelo fato de Jenna ter me visto completamente pelada, do que pelo fato de ela achar que eu era uma suposta freira.

- Deveria tomar um solzinho de vez em quando...

- O quê?- Gaguejei, quase tendo um surto psicótico.

- Estou brincando!- Suspirou, irritada. - Mas bem que mereceu pelo o que me fez passar ontem. Você terá que ir ao médico, isso não é nem discutível.

- Por que? - Tinha que ser um motivo muito bom, para que eu fosse ao médico, gastar meu salário apertado e suado. Não podia me dar o luxo de sair distribuindo dinheiro. Não mais.

Jenna levantou uma sobrancelha negra para mim, os olhos furiosos. Minha amiga era ácida, isso não se podia contestar, no entanto isso não diminuía em nada sua beleza. Ela era uma beldade de um metro e setenta, à pele incrivelmente negra, com os cachos igualmente escuros emoldurando seu rosto elegante, que no momento estava com um franzido que quase a enfeiava em sua fúria contra mim, como se fosse a encarnação do próprio pecado da ira.

- Precisa ver se está tudo bem com você! Pode ter DST ou algo pior, você transou com um estranho, você nem sabe se vocês se protegem ou não, bêbada como estava, pode literalmente ter contraído qualquer coisa, e. Tapada como é… Você pode estar grávida. - Seus olhos ficaram ainda mais sérios e irritados com a última frase, me fazendo inconscientemente me encolher.

Senti meu rosto esquentar imediatamente, me sentia ridícula, normalmente era Jenna à festeira, é à baladeira, já houvera incontáveis vezes em que tivera que buscar minha amiga, e dado as broncas, mas, em uma única noite em que eu havia extrapolado, eu superará todas as suas "aventuras."

Eu fiquei extremamente descuidada, o que diabos aconteceu comigo? Estava maluca? E se tivesse acontecido de novo?

- Desculpa... - Uma leve preocupação me atingiu, por mais que minha condição fosse estranha, meu corpo ainda era bem humano... Pelo menos, até onde eu sabia.

- Tudo bem... mas não faça isso de novo, aliás, não está atrasada para o trabalho? - Ela deu um sorriso de lado, apreciando meu rosto entrando em desespero, ao lembrar que eu estava atrasada. Sadomasoquista!

Maldição! Meu trabalho! - Ah, e eu deixei uma pílula do dia seguinte na bancada da cozinha, em hipótese alguma deixe de tomar. - Ela escorou no Hall da porta, apreciando meu desespero com um canto de um sorriso no rosto.

- Jenna!- Gritei, correndo para procurar meu uniforme nas roupas enroladas e totalmente emboladas, dentro da cômoda, minha amiga olhou com reprovação para a minha bagunça. - Por que não avisou antes? Droga!

- A conversa era mais importante ora! Preparei um café extra forte, então é sua única coisa contra a ressaca. - Ela deu de ombros, não se importando com os palavrões cabeludos que eu pronunciava. Se minha avó estivesse viva, com certeza lavaria minha boca com sabão... Não, desinfetante.

Após vestir meu uniforme, e completamente amassado, eu engoli de um gole só o café que Jenna preparou junto com a pílula, parando apenas por um leve momento para fazer careta para a bebida, que só pelo amargor, poderia ter sido feito com todo o pó de café do mundo.

Com adeanalina pratcamente correndo pela minhas veias, sai depressa para o trabalho, com uma unica cetreza em mente, Marcie iria me matar.

Eu me mudara a pouco menos de três anos para Wahtadre, uma cidade consideravelmente grande na Califórnia, que impressionantemente sumia no mapa, onde ninguém falava sobre e não tinha turistas, o que era simplesmente perfeito para mim.

Um novo recomeço, sem meus demônios particulares.

Após algum tempo na cidade, por sorte consegui trabalho em um café, como garçonete no Centro de Wahtadre, o salário não era bom, mas o suficiente para pagar as contas. A cafeteria tinha um ambiente aconchegante, com pisos quadrados, e paredes amarelas, davam um aspecto retrô ao lugar.

- Está atrasada! - Minha chefe reclamou, assim que pisei os pés no estabelecimento. Era bem verdade que às vezes eu dava motivo, mas ela simplesmente parecia me odiar simplesmente por eu existir. Seus olhos de gavião pareciam me observar o tempo todo, procurando mínimas falhas.

- Peço desculpas, Marcie, eu tive um problema pessoal. - Tentei me justificar. - Acho que bebi algo estranho.

- E o que tenho eu a ver com isso? Se não quer trabalhar, demite-se! - Ela grunhiu para mim, com a voz insuportavelmente irritante. E bem, se eu pudesse comparar minha chefe a algum animal, não que o pobre coitado merecesse isso, seria com um Sphynx, o gato pelado egípcio, não só por que Marcie era uma ameixa seca em formato humano, como também pela sua falta de roupa e cara de antipática.

Eu fechei os olhos, apesar do café de Jenna ter amenizado a dor, eu ainda sentia as consequências do álcool, e com a voz irritante de Marcie nos meus ouvidos, era simplesmente insuportável.

- Maldita! - resmunguei baixinho, indo atender os clientes já irritados com minha demora, armada somente com uma caneta preta e um bloco de notas.

Comparada a minha vida antiga, com a atual, realmente foi uma grande mudança, de uma socialite, para uma garçonete, não que eu chorasse por isso, não, estava aliviada, estava longe o suficiente dos meus próprios problemas.

E bem, eu estava em um recomeço, e nada, nem ninguém iria estragar isso.

Nem eu mesma.

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