Resumo
ATENÇÃO: ESSA OBRA CONTÉM GATILHOS! ABUSO, TORTURA, MORTE, DROGAS! CONTÉM SEXO EXPLÍCITO! Hellen tem apenas nove anos quando vê sua mãe morrer de câncer cerebral, e então conhece seu pai. Um drogado de mente torpe que, que acha que todo rico é pedófilo. Assim, ele leva a menina para um local onde os ricos costumam frequentar, e a vende para Alejandro, um bilionário. Mas Diego não sabe que Alejandro é, na verdade, um mafioso, então exige que ele se case com a menina, e entrega a certidão de casamento iraquiana, às autoridades locais, para que o casamento seja validado também na Espanha, o seu país.
PRÓLOGO
A primeira coisa que eu gostaria de dizer, é que eu, Alejandro Estevan Castilho, jamais tocaria numa criança!
Conversando com Hellen muitas vezes, eu soube de sua história. Hellen me contou tudo o que viveu antes de eu a conhecer. Muitas vezes fiquei chocado e me perguntando como uma pessoa tão jovem poderia ter vivido e suportado tanta coisa, que eu com quase 30 anos, na época, nem sonhava.
Eu quis abraçá-la e dizer que agora tudo estava bem. Mas minha natureza só me permitiu ouvi-la. Eu já havia feito uma boa ação... na verdade às vezes acho que fiz duas... mas às vezes também acho que só fiz o pior por ela.
Não sei se estou me enganando ou se estou certo naquilo que fiz. Sei que sou um monstro! Quem é que trabalha com a máfia europeia, e pode se considerar uma boa pessoa? Minhas empresas são apenas fachadas, para encobrir a verdadeira natureza dos meus negócios.
Não sou um homem bom. Nunca fui. Minto para mim mesmo, dizendo que fiz o melhor por ela, mas no fundo sei que foi pelo meu medo do que acontece depois da morte… então sei que fiz por mim.
Uma pessoa que como eu, que tortura e mata sem remorso e sem pestanejar, só tem um lugar para ir. Mas uma vez eu ouvi que quando se faz uma boa ação, ela pode pesar para o lado do bem, na balança do destino.
Sei que, às vezes acho, que fiz o melhor por ela, mas quem se beneficiou fui eu. Ela cuida de mim quando eu preciso. Bem… pelo menos até hoje ela sempre cuidou. Ela cuidou de mim, por achar que fiz algo por ela, algo bom por ela.
Hellen é uma pessoa realmente maravilhosa, e ela merece o melhor lugar no pós vida. Assim como merece o melhor, também em vida.
Ela cuidou da própria mamá quando ainda tinha sete anos, menos até. Ela ficou cuidando durante dois anos, mas sua mamá morreu de câncer. Eu acho que é muito sofrimento para uma criança, aliás ninguém deveria passar por isso, a não ser meus inimigos. Mas uma criança inocente, jamais.
Passei a conviver com Hellen há alguns anos, e posso dizer que esses anos foram maravilhosos, mas só agora eu enxergo isso. E posso dizer também, que fui eu quem estraguei tudo. Consegui fazer com que ela se fosse. Consegui fazer com que ela esquecesse o sentimento que pensava que tinha por mim.
Hellen sempre me viu como um herói. Como ela está enganada! Posso ser qualquer coisa menos uma coisa boa. E essa coisa de herói não existe! Tiro isso por mim e pelo próprio papá dela, que a vendeu para mim com apenas nove anos de idade.
Vou contar tudo, e deixar que vocês me julguem. Também vou deixar que vocês saibam das experiências de Hellen, antes de me conhecer, por ela mesma... só espero que vocês entendam, que fiz que o seu papá exigiu.
Eu sei que sou um demônio, e tenho consciência de que ela paga por isso... ela é inocente e nem deveria estar em minha casa. Sei que os erros são meus, e que eu não deveria ter aceitado os termos que aquele louco e drogado queria! É... mas eu aceitei! E eu que vou pagar por isso também. Mas sempre peço ao Ser Maior, que nos criou, que me perdoe... Hellen sempre mereceu muito mais… eu tenho essa consciência! Então por qual razão eu fiz isso com ela?
Às vezes, eu acho que ela me mudou um pouco... às vezes acho que ainda sou o mesmo. Não me vejo “O Bom Samaritano” que ela fala que fui com ela. Ainda me vejo o facínora que ela conheceu aos nove anos, que tentou fazer uma ou duas boas ações, mas tenho certeza de que não foram tão boas assim, como ela acha.
Acho que não estou falando coisa com coisa… e não vejo Hellen em lugar nenhum. Estou meio zonzo, já perdi muito sangue, por isso, me perdoem se não consigo me fazer entender muito bem, ou se estou sendo muito repetitivo.
Preciso de Hellen! Ela quem sempre cuidou de mim quando estava por perto e eu preciso dos cuidados dela, agora. Dessa menina que hoje é uma mulher e enche os meus olhos... mas eu sou burro suficiente para não ter percebido isso antes. Sempre achei que ela merecia mais. Mas não sei o que fazer agora... preciso dela... preciso que ela me perdoe... preciso que ela volte... preciso que ela cuide de mim.
Estou lembrando nesse momento, de Hellen me falando quando a mamá dela adoeceu. Hellen tinha 5 anos, mas sua memória é muito boa. Ela me disse que sua mamá fez o tratamento de quimioterapia, mas que o câncer apenas estabilizou e não pode ser retirado, eu não me lembro o motivo, e que dois anos depois, se tornou muito agressivo; e isso fez com que elas ficassem no hospital por dois anos. Sua mamá lutando pela vida, e Hellen tentando cuidar da própria mamá.
Como uma criança pode cuidar de alguém? Como uma criança pode acompanhar um estado de doença terminal? Mas pelo que eu entendi, nenhuma das duas teve escolha… pobre Hellen e pobre de sua mamá, Marie.
Eu só espero que Hellen esteja bem, agora que está longe de mim! E também espero que sua mamá, Marie, esteja num lugar bom. Quem sabe, se pelo menos uma de minhas ações para Hellen quando ela tinha nove anos, me levem para o mesmo lugar que sua mamá, e eu possa finalmente conhecê-la. Gostaria de agradecer a ela, pelo anjo que ela teve, e que hoje ela está bem… ou pelo menos vai ficar, já que estará longe de mim, e é herdeira de bilhões de Euros que estão em minhas contas bancárias. Além de diversas propriedades, em cada país da Europa.
Não sei quantas horas, ou minutos, ainda tenho. Sinto minha consciência se esvaindo. Gostaria de gritar o nome de Hellen, mas não consigo… seria ótimo morrer com seu nome em minha boca, vou ter que me contentar em tê-la em minha mente. Também gostaria de conseguir ligar para a emergência, mas também não consigo… hump… que ironia! Fiz isso com tantas pessoas, e agora acontece comigo. Chega a ser hilário!
Sinto que meus olhos estão começando a pesar muito não sei quanto tempo vou conseguir permanecer com eles abertos. Hellen, eu preciso de você... onde você está? Hellen... Hellen… Hellen... onde você está que não vem me ajudar? Preciso de você, Hellen… isso é tudo o que consigo sussurrar.
Minha cabeça está começando a enlouquecer. Estou começando a ver coisas. Estou ouvindo e sentindo também. Vejo Hellen à minha frente... é claro que é uma alucinação! Hellen foi embora e a culpa é minha! Eu a fiz ir embora. Eu a convenci de que ela só era grata, e que ela nem deveria ser grata pelo que eu fiz a ela. Ela só tinha nove anos na época.
Sinto Hellen acariciar o meu rosto, tão amorosamente, como sempre fez, e a ouço dizer suavemente, que tudo ficará bem. Tento me desculpar e dizer a ela que sinto muito, mas ela me diz para poupar as minhas forças, e que eu não me preocupe, pois, ela está aqui agora e que tudo vai ficar bem.
Eu a sinto começar a cuidar do ferimento, do tiro que eu levei. Tenho certeza que minha cabeça realmente está enlouquecendo. Sei que ela não está aqui. Mas aceito cair na doce armadilha da morte, e peço para ela me contar de novo como foi sua vida antes de me conhecer. Ela me pergunta suavemente, qual o motivo de eu querer ouvir essas coisas novamente. Eu respondo apenas que quero levar comigo um pedacinho dela. Hellen briga comigo, com sua voz suave, mas firme; depois, afirma que não vai deixar que eu morra agora. Mas eu insisto que ela conte de novo, e digo que é para me distrair, e então ela concorda.