Capítulo 2: Preciso que Me Ajude e Te Ajudarei Também
Dan e Marco caminham rumo a um lago que há perto da casa em que Liz e ele estão morando e sentam em um banco de madeira bem perto do lago.
Marco parece triste, mas ao mesmo tempo feliz por finalmente ver sua prima feliz mesmo não sendo com ele. Ele suspira e seu arquirrival que está olhando e admirando a paisagem ansioso com o que ele tem a lhe falar. Marco então, respira profundamente passando a mão em seus cabelos e olha fixamente para Dan.
- Sabe Dan, confesso que movido pelo amor que tenho pela minha prima e pela raiva que senti por vê-la triste, tive vontade de te matar.
Dan engole em seco e o olha de relance fixando seu olhar com um semblante de raiva e ciúmes.
- Você quer me dizer que ama sua prima em que sentido?
Marco suspira e franze os lábios.
- Do mesmo jeito que vocês se amam. Só que eu sei que meu amor por ela jamais será correspondido pois vocês são almas antigas de outras vidas que sempre se amaram.
Os olhos de Marco estão marejados de lágrimas e seu rosto começa a ficar molhado com as mesmas caindo sobre suas bochechas morenas. Ele enxuga seu rosto com as pontas dos dedos, Dan o observa e o que era raiva, passa a ser um sentimento comedido de compreensão para seu arquirrival, afinal, nem podem se comparar a rivais, já que no coração de sua amada assim como no dele só há um e o outro desde outras vidas.
Dan coloca uma mão no ombro de Marco dando um leve aperto com os lábios franzidos, dá um suspiro e se levanta indo em direção ao lago ficando em pé frente a água que é cristalina e até alguns peixes dançam em sua sintonia magnifica naquela água.
- Você realmente a ama muito, mas sinto muito por não ser correspondido.
Dan parece sincero no seu consolo a Marco. Ele coloca suas mãos no seu joelho e se levanta do banco indo até onde se encontra Dan em frente ao lago. Marco olha para o horizonte e continua.
- Como já sei que você e a garota da Toscana não traíram minha prima, sei também que ela é muito teimosa e por mais que te ame, não irá ceder tão fácil, preciso da sua ajuda com algo. – Marco coloca as mãos dentro dos bolsos da sua calça preta. Sua voz soa apreensiva.
Dan o olha e sente sua apreensão na voz, fazendo-o indaga-lo.
- É alguma coisa com o bebê? A Liz e o bebê estão bem?
- A Liz e o bebê estão bem. Hoje até descobrimos o sexo do filho de vocês, mas a questão não é essa. É outra coisa, ou melhor dizendo, outra pessoa.
Marco o olha de relance e Dan o retribui entendendo do que se trata. Ambos se viram para olhar o horizonte.
- Então Marco, o que você viu que te afligiu?
- Dan, o Vitorino é um psicopata. Ele tem uma obsessão por Liz desde muito tempo. Por causa dele, um rapaz chamado Pietro ficou cego só porque também gostava dela. Comigo então, ele nem sabia que éramos primos e me atacou sem nem eu esperar. Fora que...
Marco então para de falar, tentando não contar o que ele falou antes de Marco e Liz fugirem do vilarejo e ficarem ali. Dan o olha apreensivo.
- Existe mais alguma coisa aí Marco, me conta logo.
Marco revira os olhos e bufa.
- O Vitorino antes de fugirmos pra cá, falou em alto e bom som que a Liz seria dele e que o filho que ela carrega ou ele matava ou colocaria na roda dos enjeitados, minha nona o expulsou de lá e eu quase acabei com ele, mas a nona não deixou.
A respiração de Dan começa a ficar ofegante após esta revelação de Marco, ele cerra os punhos, sua energia emana pura raiva e ódio daquele homem que se Vitorino aparecesse ali agora, certeza que Dan o mataria sem nem ao menos pensar duas vezes.
Marco continua, já que não adianta mais tentar controlar o que já estava em descontrole.
- Por isso, peguei Liz e viemos pra cá. Sei que se ela ficar com raiva, fará mal a ela, mas fará mais mal ao bebê. Sei do que ela é capaz quando seu lado sombra a domina.
- Lado sombra. O que significa isso?
- Significa que o cara que ficou cego, o tal Pietro, foi a Liz quem o deixou assim com seu lado sombra dominante e essa magia dela em descontrole é capaz até de se auto mutilar se bobear.
Dan estava em choque, seu semblante era de total incredulidade. Como era capaz de uma mulher tão linda, calma e doce se transformar daquela forma.
- Sei que você não acredita no que falo, então, vou te mostrar.
Neste momento, Marco se agacha próximo a borda do lago e estende sua mão de poder em direção a água e pronuncia algumas palavras.
“Espelhos d’água, espelhos de luz
Que hoje não me mostre nada além
Do que não me seduz.
Abram as portas de todos os portais
Mostre a verdade do que há por trás
A magia acontece de forma natural
Que naquele dia mostre o que aconteceu de mal”.
As águas começam a fervilhar onde Marco em movimentos circulares com sua mão espalmada sobre a água faz com que as imagens comecem a aparecer do dia em que Liz fez que Pietro ficasse cego.
Dan se aproxima e olha aquelas imagens incrédulo, mas não se assusta com aquilo, já que presenciou várias vezes sua mãe e sua bisnona fazendo coisas bem piores em termos de magia.
Assim que ele vê Liz desmaiar após ter se deixado usar pelo seu lado sombra, Vitorino se aproxima da mesma e lhe deposita um beijo em seus lábios, olha com um olhar psicopata e rindo por dentro em ver Pietro naquela situação e desmaiado. Quando mais dois rapazes se aproximam e tentam fazer algo com Liz mesmo desmaiada, Vitorino parte pra cima dos dois até que escutam vozes das primas dela, pegam Pietro e saem dali correndo e Vitorino antes de sair, deposita mais um beijo só que em sua testa e vai embora.
As cenas acabam e Marco se levanta após as aguas voltarem em como estavam antes. Dan está movido pelo ódio, seus punhos estão tão cerrados que suas unhas estão cravadas nas palmas fazendo-as sangrar e escorrer aquele sangue por entre os dedos e pingando no chão. Marco o chama para a realidade para que ele assim possa se acalmar e fazer com que a conversa continue fluindo.
- Depois que minha irmã me contou tudo o que houve para separarem vocês dois, só você pode me ajudar contra o Vitorino e não deixar a Liz correr perigo, não só por causa dele, mas por causa desse lado dela que você viu agora.
Dan está se recuperando e sua respiração está se estabilizando, assim como suas mãos estão se abrindo e deixando a raiva de lado por um momento.
- O que você precisa de mim Marco?
- Eu preciso que tiremos a Liz daqui pois agora não é mais seguro aqui.
Dan assente.
- Preciso primeiro fazer uma ligação e depois faremos com que a Liz não perceba e levamos ela pra Sicília.
Marco fica surpreso e em pensamento “porque logo na Sicília? Lá será mais perigoso com aquele primo e pai dele por perto, mas não tem outro jeito no momento”, Marco é retomado dos seus pensamentos pelo comentário de Dan.
- Marco, você também precisará me ajudar. Tem algo que não afete o bebê e a saúde de Liz para que possamos leva-la sem que ela fique brava ou estimule o lado sombra dela?
Marco coça a cabeça e assente.
- Sim, mas pra quando você precisa disso?
- Assim que falar com quem preciso, vamos imediatamente e de preferência, durante a madrugada.
Marco assente e sai caminhando de volta para a casa, Dan segura em um dos seus braços e Marco o encara.
- O bebê, é menino ou menina?
Marco arqueia a sobrancelha, olha em direção a mão que segura o seu braço, Dan o solta e sorri amarelo para ele. Marco segue andando, balançando a cabeça em negação e rindo. Dan fica ali sem entender nada, até que sai caminhando atrás de Marco esperando uma resposta.
- Quando for a hora, você fica sabendo. – Marco gargalha em deboche.
Dan bufa e revira os olhos e abre os braços.
- Ah, qual é Marco, começou a rezar, agora termina a missa!
Marco o olha de relance com um olhar debochado e sorriso sarcástico.
- Parece mulherzinha quando quer saber a fofoca kkkkkk.
Dan bufa e continuam indo até a casa.
- Quer saber, descobrirei depois, não quero saber mais.
Marco dá uma chave de braço no pescoço de Dan de leve e sussurra em seu ouvido rindo.
- Como eu sou do contra, vou te falar, é menino!
Ele solta Dan rindo e o mesmo está parado assimilando ainda o que acabava de ouvir. De repente, um sorriso bobo brota em seus lábios e seus olhos brilham. Ele corre para alcançar Marco que já está quase na porta de entrada da casa.
Antes que Marco entra junto com Dan, ele o alerta.
- Não esqueça, preciso que me ajude e irei te ajudar também, com ela e você ficando juntos.
Dan assente e sorri. Os dois entram na casa e Dan segue até uma saleta em que Liz o aguarda para conversarem, passando por Barbarella que está na sala e já o havia avisado onde encontrar sua amada.
Chegando até a saleta, Dan bate na porta e entra após girar a maçaneta e vê sua amada de costas para ele com os braços cruzados olhando pela grande janela em vidro daquela saleta.