Capítulo 4 Noah
NOAH
DEPOIS DE UM DIA CANSATIVO de trabalho, eu consegui finalizar todas as entregas de hoje. E um pouco mais cedo que o costume, então eu resolvi voltar para o porto para esperar a lancha e voltar para ilha. Ela atrasou um pouco, mas finalmente chegou, junto com as outras pessoas, as quais estavam ali esperando. Nós subimos para irmos embora. Arrumei um lugar para me sentar quando percebi que o Marcio, o motorista, deu a partida e no mesmo momento, ouvi uma mulher gritar. Quando olhei para aquela direção, vi uma linda moça correndo carregando algumas coisas. Desajeitada, ela gritava como louca para que nós a esperasse. Foi até engraçado, pois assim que a lancha parou, a mocinha toda afobada tentou subir, mas acabou caindo no mar, mas eu a ajudei e no caminho para ilha, nós conversamos e confesso que o papo estava gostoso e descontraído. Não teve como não notar o quanto ela é linda. Não sei o porquê, mas ela tem algo diferente. Seria o seu jeito de falar ou de se expressar? Só sei que ela me pareceu ser uma pessoa muito comunicativa, entretanto o que eu mais gostei nela foi aquele jeito de ser feliz, já que ela está sempre sorrindo, mesmo depois de ter caído no mar.
Sarah me contava tudo a respeito da sua visita a nossa ilha e me parecia bastante animada, entretanto nunca acreditei que algum dia alguém viria atrás dessa mansão abandonada.
Percebi que a lancha tinha parado, e que nós já estamos na ilha, então falei para Sarah que nós havíamos chegado. E já me adiantei para ajudá-la a descer e na sequência peguei suas coisas e entreguei a ela. Sarah ainda estava toda molhada, só que ela parecia não se importar. Provavelmente porque aqui fazia muito calor.
Sarah observava tudo, olhando curiosamente para todos os lados e, pelo sorriso aberto em seus lábios, estava gostando do que via, já que a ilha era linda mesmo, pois todos que vinham para cá para passear sempre acabavam voltando.
Animados, nós passamos por uma rua repleta de barracas, as quais nós vendemos nosso artesanato e comidas típicas da ilha. Sarah até comprou um enfeite feito da casca de coco, e parecia que ela estava se divertindo, pois ficava sempre sorrindo.
Seguimos em frente e chegamos a Vila de Moreré. Sarah parou em minha frente e, me olhando fixamente, falou que não sabia como chegar até a mansão e me agradeceu por toda ajuda que dei a ela. Respondi que não precisava me agradecer, já que foi um prazer ajudá-la.
Como eu não tinha mais nada para fazer, pois todas as encomendas eu já tinha entregado e estava com resto do dia livre, então pude levá-la até a mansão. No entanto achei melhor leva-la antes para comprar comida, visto que é uma casa abandonada, logo não havia comida na despensa. Então falei para Sarah que seria um prazer acompanha-la até a mansão, só que antes iria levá-la a um mercadinho. Ingênua, ela comunicou que não tinha pensado nisso.
Minutos depois, lá estávamos nós dois de bike a caminho da casa. E eu estava muito preocupado com ela, até tentei convencê-la de passar a noite em uma pousada, ou mesmo de eu passar a noite ali com ela.
O que uma moça como ela vai fazer num lugar como aquele? Em uma casa… quer dizer mansão abandonada no meio do nada? Afinal, não passa ninguém por ali. Será que Sarah vai conseguir ficar sozinha? Pensei várias vezes nisso. No entanto percebi que Sarah era uma mulher corajosa, forte e determinada e não tinha medo de nada.
Nós continuamos andando. Eu conhecia tudo por ali e já havia brincado muito nessa casa, mas nunca por dentro, já que ficava sempre trancada. Logo avistei o portão, chegando perto eu o empurrei e ele se abriu, entramos e seguimos um caminho até uma escada que tinha na frente da casa, mas quando nós chegamos perto da porta de entrada, vimos que estava trancada. Foi então que percebi que Sarah estava pensativa e logo em seguida, ela se abaixou e levantou um tapete velho que tinha em frente à porta. Fiquei sem entender, mas ela me pediu que eu a ajudasse a procurar a chave. Logo após encontrar, Sarah pegou o molho lotado de chaves da minha mão e tentou abrir a porta. E tentou... uma, duas e na terceira pedi a ela que me deixasse tentar e com um sorriso, disse que eu podia tentar e que queria ver se eu tinha sorte. Peguei a chave e escolhi uma, coloquei na fechadura e virei, para minha surpresa a chave virou e abriu a porta, olhei para ela falando com um sorriso estampado em meu rosto que eu sou um cara de sorte.
Entramos na casa, e apesar de ela ser antiga, estava bem conservada por dentro além de ser linda internamente. Percebi que Sarah olhava tudo e pelo visto estava gostando. Então ela me olhou e apenas me agradeceu por tê-la trazido até aqui e me disse que achava melhor eu ir, já que logo iria escurecer e pediu para que eu voltasse amanhã, pois como não conhece ninguém por aqui, poderia precisar de mim, então eu disse a ela que só tinha que entregar umas encomendas e viria para cá, mais ou menos ás dez horas da manhã e ela concordou.
Coloquei a compra em cima de uma mesinha que estava coberta com um pano branco na sala e a mala e a bicicleta num canto e falei que já que não precisava da minha companhia, eu iria embora, me despedi dela e abrindo a porta, saí indo direto para minha casa, que não ficava tão longe daqui. Entretanto fui embora preocupado com o coração apertado, só que Sarah preferiu ficar sozinha, então não pude fazer nada, mas amanhã eu voltarei e ajudarei no que precisar. Afinal seu jeito acabou me encantando. Algo nela me chamou muito a atenção. Talvez seja sua coragem, determinação, seu jeito alegre e espontânea. Nunca conheci alguém como ela aqui na ilha.