Capítulo 7 — Ela não é para você
Judy
Estava me arrumando para o meu primeiro dia de trabalho, nem sei se assim posso dizer, porque ainda irei passar por uma experiência e conhecer mais chefe, já que disseram que hoje ele estaria lá.
Escolhi uma calça não tão justa, uma blusa de mangas longas, porque estava feio e um tênis salto não muito alto. Fiz um rabo de cavalo, fiz uma maquiagem básica e por fim, passei um batom nude para combinar com o dia feio que estava fazendo.
Estava pronta para sair quando olhei para um retrato em que estava eu e meu pai juntos, ali eu senti saudades e desejei com todas as minhas forças para que ele se recuperasse logo e que pudesse vir para casa logo.
Estava prestes a entrar no prédio e estava nervosa com tudo que estava por vir, então tomei coragem, desliguei o celular e entrei com a vara, coragem e a precisão.
— Bom dia, Srta. Di Lua, espere aqui que a gerente já vai lhe auxiliar, tudo bem? — Agradeci a senhora e fui até a recepção esperar o meu chamado.
Uma vinte minutos depois a gerente chegou, a mesma mulher que me entrevistou e que me ligou também. Ela me olhou de cima a baixo e soltou um "nada mal". Subir com ela até uma sala onde estava a maioria dos funcionários e então ela começou a falar:
— Esses serão seus colegas de trabalho na área da fiscalização. Essa é a Srta. Judy, nossa nova funcionária e colega de vocês. Espero que tenham uma boa relação, tentamos fazer com que a Lancer seja como uma família para vocês, damos o nosso melhor. — Após ela falar, todos aplaudiram e me deram boas-vindas, agradeci a todos e então ela me disse que o chefe teve alguns imprevistos e não pôde vir hoje.
(...)
Ramon
Para que as coisas não se prolongassem eu fui encontrar com Victoria após a Vivian partir, quero acertar essa droga toda de uma vez por todas e me ver livre dessa mulher.
Lá estava ela, com seu vestido vermelho com um decote que desce os seios e vai até o umbigo, cabelos loiros soltos e um salto que parece não ter fim.
— Pensei que iria fracassar como das outras vezes em que nos falamos.
— Eu quero me livrar de você de uma vez por todas, já não suporto mais a ideia de ter que olhar pra sua cara.
Fizemos o nosso pedido e ao perceber que Judy também estava ali, eu me senti nervoso, mas não deixei que Victoria percebesse algo e eu queria logo resolver os meus problemas.
— Ramon, você sabe o que eu quero, na verdade o que eu sempre quis. — Victoria casou comigo por puro interesse, eu já passei todos os meus bens para os meus filhos e o último apartamento eu havia acabado de passar para o nome de Lúcio, assim ele poderá fazer um bom uso, caso queira usufruir dele.
— Victoria, você nunca moveu uma palha para me ajudar nos negócios enquanto estávamos juntos. Por que não aceita o que eu estou te oferecendo e me deixa em paz? Você sabe que não terá direito de muita coisa, eu construí tudo aquilo sozinho e você sabe disso.
— Eu quero metade de tudo que você tem! — Ela esbanjava um sorriso, um maldito sorrindo de uma suposta vitória que jamais irá ter.
— Se essas forem suas últimas palavras, tudo bem. — Ela sorriu e concordou sem muitas expressões.
Levantei, paguei a conta e fui em direção ao carro, quando notei que Judy estava andando até o seu carro de forma apressada.
— Judy, que bom te ver por aqui. — Disse de forma que chamasse sua atenção, mas percebi que parecia que eu estava perseguindo ela.
— Eu vim almoçar, mas já estou voltando para o trabalho. Bom te ver também, Ramon.
— Podemos conversar dois minutos? É que eu…
— Eu não posso, me desculpe, tenho que voltar para o trabalho ou vou me atrasar no meu primeiro dia. — Ela entrou no carro e saiu sem me dar nem um tchauzinho.
— Então é ela sua nova amante? É, até que ela é bonita, mas se eu não estiver enganada, ela não é a filha do seu amigo? Lúcio, não é? — Victoria falava enquanto caminhava até o seu carro.
— Não fale idiotices, Victoria. Você sabe que Lúcio está mal e que Judy é sua filha, estou querendo apenas ajudar o meu amigo. Afinal, o que lhe faz pensar que eu estou interessado em uma garota que poderia ser minha filha?
— O simples fato dela ser filha do Lúcio e não sua, e ela não tem idade para ser sua filha, ao menos que tivesse feito ela com 16 anos, o que eu acho que não foi o caso.
— Você é louca! Espero vê-la na audiência, até lá não me procure.
— Espero os depósitos na minha conta ainda hoje, eu te mandei o valor por mensagem. Verifique sua caixa de entrada!
Eu não queria brigas ou discórdia com ela, queria apenas que ela me deixasse em paz e só isso. O telefone de Judy estava desligado, então deixei uma mensagem convidando ela para jantar comigo, precisamos discutir algumas coisas sobre o Lúcio ainda.
Em casa, Andrew havia acabado de chegar e estava bêbado.
— Vivian agora deu pra contar mentiras e tentará me enganar, agora você me aparece bêbado pela décima mês só neste mês, o que pensa que está fazendo com a sua vida? — Perguntei sentando ao lado do Andrew e tocou em seu ombro.
— A mulher que eu amo não me ama, pai. Ela prefere dizer que não quer se envolver com ninguém agora e eu não sei mais o que fazer pra ela acreditar em mim.
— Sofrendo por amor? Você sabe o que é sofrer por amor? Se sim, diga-me o que é! Como podemos sofrer por alguém que nunca foi nosso? Acho que está sendo um pouco precipitado demais, não acha?
— Eu amo a Judy, pai. Mas ela não me quer, eu acabei com a nossa amizade e agora não tenho nenhum dos dois. — Nesse momento eu pensei que então pudesse ter um inimigo, mas caramba, o rapaz é meu filho e pra piorar ainda mais a minha situação, ele era apaixonado pela filha do meu melhor amigo? Eu estou literalmente muito ferrado.
— Não acha que ela está focada em coisas mais importantes que um romance agora? Você sabe, ela sempre foi apegada ao pai, que sempre foi sua única família e eu acho que você deveria esquecer isso por enquanto. — Disse tentando fazer com que ele tirasse essa ideia da cabeça de uma vez por todas, ela não era mulher pra ele, de forma alguma.