Emboscada
Quarenta minutos depois, ouço uma buzina em frente da casa.
Praticamente voou escada abaixo, quase me encontrando o fim dela, tentando controlar o nervosismo antes de sair.
Rodrigo terminava de trancar o carro quando me aproximo do portão. Assim que me vê, um leve sorriso surge em seu rosto.
- Você acredita que nunca vim aqui?
- Nunca veio em Paraisópolis? - Não era algo que precisava para ter surpresa, já era esperado. Só era preciso fingir surpresa.
- Não - Ele continua sorrindo, olhando ao redor - Mas é melhor do que imaginava. Está longe do que imaginei.
- E... como você imaginava? - pergunto cruzando os braços.
- Um lugar hostil e perigoso.
Talvez por ter crescido naquele lugar, não o considerava o inferno, muito menos o céu. Era um lugar, assim como os demais, que tinha certo periculosidade e infelismente, já nos sentíamos fadados à isso.
- Mas parece ser tranquilo aqui - Ele volta a me olhar - Faz muito tempo que seu irmão mora aqui?
- Faz - digo sem pensar.
- Pensei que ele morava também no centro.
Balanço a cabeça de um lado para o outro.
- André gosta de manter um certo distanciamento.
Ele se aproxima do portão.
- E não tem problema de eu entrar?
Neste momento meu coração acelera rapidamente e instantaneamente, minha calcinha fica úmida, deixando evidente que já tinha segundas intenções.
- Pode entrar - Dou um passo para trás, grudando meu corpo na parede gélida.
Rodrigo entra, parando alguns passos para esperar eu fechar o portão e mostrar o caminho.
- Pretende ficar quanto tempo aqui? - Ele pergunta atrás de mim, quando entramos na sala.
- Só quando eu achar um lugar pra mim.
- Posso ver um apartamento pra você pelo centro mesmo.
Olho para ele de imediato, imaginando eu ficando sem um real, após dar todo meu salário em um único aluguel.
- Não precisa.
- Para com isso vai, Bruna. Deixa eu ajudar você - Ele se aproxima de mim - Você está chateada comigo, não é?
E não era para estar?
Se fosse ao contrário, ele não estaria?
- Acho que isso é óbvio.
Ele abaixa a cabeça, balançando de um lado para o outro.
- Meu pai foi um idiota, eu sei.
- Talvez ele e a sua mãe tenha razão - digo sem pensar, atraindo o olhar dele.
- Do que você está falando?
- Posso não ser a mulher certa para você.
- Eles não podem decidir isso por mim.
- Me pareceu que ele já tinha decido.
Silêncio.
- Mas o que me magoa mais, não foi o modo que me tratou, só que o fato de eu gostar de você - Continuo.
- Você sabe que também gosto de você, Bruna.
Não era todos os dias que ouvia tais palavras de Rodrigo. Não era um “eu te amo”, mas chegava a ser parecido e só por isso, já era motivo o suficiente para aquecer meu coração e me fazer ter a certeza, mais uma vez, mesmo sabendo que voltaria nessa conclusão depois, de que Rodrigo era o homem que eu queria em minha vida.
Segurando o rosto dele entre as mãos, o beijo, não sentindo nenhuma resistência da parte dele, como já estivesse esperando que aquele nosso desentendimento, terminasse daquela forma.
Logo suas mãos estavam em minha bunda, apertando-a, separando cada lado com certa força. Gemo contra seu boca, colando mais nossos corpos, a medida de não aguentar mais estarmos separados por finas camadas de roupas, ao sentir sua ereção contra minha barriga.
Sim, ele estava completamente pronto para mim. E eu para ele.
- Vamos fazer aqui mesmo? - Ele pergunta ofegante, quando começo a beijar seu pescoço.
Lembrando o último acontecimento, a última coisa que queria naquele momento, era ser pega por André, transando em sua sala.
Com certeza seria o ápice das vergonhas e não estava pronta.
- Lá em cima - murmuro, segurando a mão dele, o puxando escada acima.
No quarto onde estava dormindo, me certifico em fechar a porta e começar a tirar a roupa, observando Rodrigo fazer o mesmo, enquanto olhava ao redor e sentia falta de alguns móveis básicos.
Quando ele ficou completamente nu em minha frente, fixei meu olhar entre suas pernas, aonde seu pênis estava rígido e apontando para o lado.
Minha boca se enche de saliva e quando me vejo, já estou ajoelhada em sua frente, pronta para começar um boquete.
- Bruna - diz ele me afastando, tentando me levantar - Você sabe que não gosto.
- Só um pouquinho.
- Não - Ele me levanta, me beijando, conseguindo meio que sem jeito, me deitar no colchão.
Antes mesmo que ele fizesse alguma coisa, meu cérebro já sabia o que estava prestes acontecer e a primeira coisa que aconteceria, seria seus dedos hábeis na minha perseguida. E foi exatamente o que aconteceu.
Deslizaram com facilidade entre os grandes lábios e pequenos, alternando no clítoris e na entrada da minha vagina.
Cada movimento que sua mão fazia, só contribuía para me deixar ainda mais sedenta por algo, que eu sabia que só duraria poucos minutos quando estivesse dentro de mim.
Mesmo assim, me esfreguei o máximo que pude e absorvi todo o prazer que ele estava me proporcionando, enquanto com uma mão o masturbava, sentindo um líquido um pouco pegajoso sair de seu pênis.
Uma vez Rita havia dito que aquela era a confirmação de que o homem estava no ápice da excitação.
Continuamos daquela forma por mais alguns minutos, nos saboreando, dando prazer apenas com alguns toques, até Rodrigo entender que precisávamos terminar de uma vez com todo aquele sofrimento e partiu para o ataque definitivamente.
Ele se coloca atrás de mim, precisando de ajuda para erguer uma das minhas pernas para conseguir acesso a entrada da minha vagina.
Quando finalmente ele entra, é um alívio e ao mesmo tempo uma tortura, já que os movimentos de Rodrigo eram mínimos.
Começo a me mover desesperadamente em busca de gozar o mais rápido possível, sentindo-o a todo instante, segurando meu quadril numa tentativa de evitar que continuasse.
Sinceramente, já não entendia o que ele estava tentando fazer e já começava a dar a mínima. Só queria me sentir expandir por dentro e simplesmente explodir em diversas fagulhas.
- Eu quero gozar - digo baixo, quase num gemido, me esfregando novamente contra ele.
- Se você continuar se mexendo assim, eu que vou gozar - diz ele, apertando meu quadril - Se mexe mais devagar.
Simplesmente um ponto de interrogação surgiu na minha cabeça, enquanto ele continuava a fazer o mínimo de movimento possível.
- Merda - diz ele de repente entre dentes, apertando meu quadril com mais força e se impulsionando completamente para frente, indo um pouco mais fundo dentro de mim, relaxando de repente segundos depois.
Mas que...!
Olho para ele por cima do meu ombro, sem acreditar no que havia acabado de acontecer.
Ele não havia me deixado gozar, alegando que estava prestes a gozar, gozando segundos depois.
E eu ficava onde?
- Gozei - diz sem fôlego, dando um beijo em meu ombro.
Solto o ar dos pulmões, me afastando dele, procurando minha roupa.
- Percebi.
- Você não gozou não? - Tenciono meu maxilar, vestindo a roupa.
- Quando eu estava pra gozar, você não deixou.
- Pensei que íamos gozar junto.
Balanço a cabeça de um lado para o outro.
Estava prestes para rebater ele, quando ouvi a porta da frente abrir num barulho alto, o que me fez levantar com o coração acelerado, imaginando que deveria ser meu pai.
Assustada, encaro a porta do quarto fechada, incapaz de me mexer.
- Você ouviu? - Rodrigo pergunta, se vestindo.
Assinto.
- Ouvi.
- E não vai lá ver? - Olho para ele.
Até aquele momento, eu morava ali, então era eu que tinha que ir, não é?
Prestes a abrir a porta, ouço passos vindo para o segundo andar. Me detenho, sentindo todo meu corpo gelar, até que ouço o bater de uma porta e concluo que não deveria ser meu pai e sim Rita ou até mesmo André.
Abro a porta, saindo do quarto, notando que a porta do quarto que Rita dormia com André, estava fechada.
- Rita? - Chamo perto da porta - Rita, é você? - insisto. Quando não obtenho resposta e notar pingos de sangue no chão decido abrir de uma vez a porta. Encontrando mais respingos, que dava no banheiro, onde encontrei sentado na privada meu irmão - O que aconteceu, André?! - Ele estava suando e havia um círculo grande de sangue em sua camiseta.
- Não foi nada - diz ele baixo.
- Como nada?! Tem sangue por toda parte!
- Bruna - Rodrigo me chama na porta do quarto.
André olha com o cenho franzido para a porta, olhando em seguida para mim.
- Quem é?
Por míseros segundos, havia esquecido da existência de Rodrigo naquela casa.
- É o Rodrigo.
Ele continua com o cenho franzido.
- O que ele tá fazendo aqui?
- Eu chamei ele - digo impaciente, não com as perguntas, mas com o fato de ver tanto sangue - Vou mandar ele embora - Ele apenas assenti, parecendo agradecido pelo gesto.
Saio rapidamente do banheiro, encontrando Rodrigo na metade do quarto, tentando olhar por cima do ombro quem estava no banheiro.
- Está tudo bem?
- Tá sim - Começo a empurrar ele gentilmente para fora do quarto.
- E todo esse sangue? - Ele olha para o chão.
- Meu irmão machucou a mão.
Ele me olha no mesmo instante.
- Ele está bem? Quer que eu leve vocês no hospital?
Hospital me era a melhor alternativa a seguir naquele momento, mas podia fazer isso sem a ajuda de Rodrigo.
- Vou cuidar disso.
Rodrigo para de repente.
- Bruna, eu quero ajudar.
- Eu sei. Mas não precisa. Ele está bem - Pelo menos o que eu esperava.
Ele solta o ar dos pulmões.
- Então acho que é melhor eu ir embora.
Sim!
Acompanho Rodrigo até o portão, não esperando o mesmo entrar no carro. André ainda estava no segundo andar, dentro do banheiro, emanando sangue de algum lugar.
Volto para o segundo andar correndo, quase me batendo contra a porta do quarto. André continuava no mesmo lugar, pressionando a mão contra tanto sangue.
- Vamos no hospital - digo me aproximando.
- Não precisa.
Nervosa, coloco o cabelo atrás das orelhas, não acreditando que até correndo o risco de morrer, mesmo eu não sabendo se tinha algum risco, ele continuava com a teimosia dele.
- André, por favor.
Ele me ignora, invés disso, tira a camiseta com dificuldade, quase que não percebo uma perfuração média do lado esquerdo do corpo, abaixo do peitoral.
- Isso é uma perfuração de tiro?! - pergunto elevando a voz, mesmo a resposta óbvia estando ali, estampada, bem na minha cara.
- É.
Desvio o olhar do ferimento para o rosto dele, incrédula. Sem conseguir pensar onde ele levaria um tiro.
- Quem atirou em você? - Ele não responde, invés disso, tenciona o maxilar - Foi ele, não foi?
Ele respira fundo lentamente.
- Não foi o nosso pai.
Quase que respiro de alívio. Quase. Pois ainda precisava entender como ele havia sido baleado.
- Então quem foi? - Insisto. Ele balança a cabeça de um lado para o outro - Me diz - Nunca fomos de esconder nada um do outro, conversávamos como se fóssemos amigos e mesmo distantes por um tempo, para mim, tudo ainda continuava igual.
- Foi uma emboscada - diz por fim - Os cara abriram fogo do nada.
Minha mente tentava ainda entender sobre o quê ele estava falando.
- Tem haver com aqueles caras que estava conversando hoje?
- Mais ou menos. A gente só... recebe ordens. É como um trabalho, entende? E nós somos os funcionários.
- E quem é o chefe?
- Você já viu ele.
Estreito os olhos, sentindo a ficha cair lentamente.
Não queria chegar na conclusão que cheguei mas, acabei chegando e naquele momento, precisei deixar de lado minha conclusão, para algo mais importante.
- Você tem que ir para o hospital.
- Estou bem.
- Você não está bem, André! - digo séria, elevando a voz - Agora, por favor, vamos.
Por um momento, ele sustenta meu olhar, antes de obedecer, pressionando a camiseta contra o ferimento ao levantar.
Ajudo ele a sair do quarto, me forçando a me concentrar apenas em cuidar dele, depois pensaria num jeito de fazer ele explicar o que realmente estava acontecendo e o que havia acontecido, pois ainda faltava eu entender como ele havia sido baleado e o motivo.
Após acomodar André no banco do passageiro, me coloco atrás do volante, forçando meu cérebro a lembrar como dirigia, já que fazia algum tempo que não dirigia.
- Só não mete o carro no posto - Ele murmura, com a cabeça apoiada no vidro.
