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Bela Mentirosa

— Você acordou! — exclamo, surpresa, ao entrar no quarto.

Max está diante do espelho de corpo inteiro, ajeitando o nó da gravata.  A camisa arregaçada até a altura dos cotovelos e o paletó jogado, de forma displicente, sobre a cama, sinalizam que está se arrumando para ir trabalhar. Mas não com tanta pressa.

Faz apenas seis meses que estamos casado. É estranho pensar como eu já o conheço bem... bem o suficiente para saber que, se decidir seguir os conselhos de Lauren e contar tudo o que eu fiz, estarei decepcionando a pessoa que mais amo no mundo. Colocando em risco o nosso relacionamento.

— Sim, minha esposa. Eu acordei — ele confirma, sem tirar os olhos do reflexo. — Tinha uma reunião importante, logo cedo, mas, aparentemente, os seus beijos contém algum tipo de ingrediente mágico capaz de me deixar dormindo como um bebê. Isso, claro, depois de uma noite bastante interessante — ele vira a cabeça sobre o ombro e lança aquele olhar sedutor para mim, mordendo o lábio inferior. — Pensando bem, talvez tenha sido a alta dosagem de sexo intenso, selvagem e primitivo que me fez dormir assim depois.

— Max...

— O que foi, meu amor?

Fecho a porta com cuidado atrás de mim. Enquanto avanço pelo quarto, faço o possível para não torcer as mãos, nervosamente, como tenho vontade de fazer. Eu me sinto pisando em ovos. Odeio pensar nisso, mas é a expressão que melhor me descreve agora. Eu estou um verdadeiro caos emocional.

A conversa com Lauren, lá embaixo, me levou a um outro nível de cansaço mental. Eu só espero que Max não perceba. Do contrário, vai me encher de perguntas que eu não serei capaz de responder. Não agora. Não sem ter a certeza de que terei o seu perdão.

— Estive pensando sobre o que você disse.

— Sobre o que exatamente? O sexo selvagem? — os olhos dele faíscam.

Tento sorrir, mas acabo engolindo a saliva como se fosse areia. Maldita agente Spencer e suas chantagens!

— Na verdade, eu estava falando sobre a viagem. Eu pensei melhor e acho que Milão é ótimo, sabia? Acho que deveríamos ir para lá e curtir em família por algum tempo — semanas, meses ou anos, digo a mim mesma sem ter coragem, é claro, de revelar a ele os pensamentos dentro da minha cabeça. Ou o medo que é a força motriz deles.

Max inclina a cabeça para o lado, cético.

— Está falando sério?

— Sim.

— Mas, quando perguntei, você não parecia muito empolgada. O que fez você mudar de ideia?

Por que até ontem a noite, eu achava que o próximo contato de Lauren seria para devolver minha paz perdida, não para destruir de uma vez a minha sanidade mental.

— Eu estava chateada — dou a ele uma meia verdade, me sentando na beira da cama. — Você tem trabalhado muito. Eu tenho me sentido um pouco sozinha.

O brilho nos olhos de Max desaparece, substituído por um lampejo de culpa. Isso, é claro, só faz eu me odiar umas cem vezes mais. Estou sendo suja e não me orgulho nem um pouco disso. Mas que outra escolha eu tenho?

— Me desculpe, amor. Eu sei que eu tenho andado distante. Mas é que depois do casamento, veio a lua de mel e eu acabei me afastando do trabalho por muito tempo. E tem esse novo contrato... a empresa é uma das líderes mundiais em automação industrial pneumática. Se conseguirmos fechar essa parceria, isso vai nos elevar a um outro nível de... — ele para de falar de repente. Suspira e, depois, sorri, como um garoto envergonhado. — Eu estou chateando você, não estou?

— Não — sorrio de volta, balançando as pernas. — Eu até acho bonitinho ouvir você falando do seu trabalho. Tem tanta paixão!

— Quando você descobrir o que quer fazer da vida, vai saber exatamente o que é isso — ele declara, ajeitando as mangas da camisa. Então, olha para mim, com uma casualidade disfarçada. — Por falar nisso, alguma pista nesse sentido?

— Com certeza, não consigo pensar nisso agora

— suspiro e ele franze a testa. Minha boca fica seca. Penso em algo para dizer, mas acho que perdi minhas habilidades no blefe. — Com o casamento tão recente, as aulas das meninas terminando, quero dizer. Não me parece o momento certo. Vou pensar nisso depois, prometo.

— Chloe...

— Sei que você acha que não existe um "depois", porque estou na melhor fase da vida e preciso gerenciar melhor o meu tempo.

— Caramba, eu sou mesmo um chato!

Dou a primeira risadinha verdadeira desde que entrei ali e começo a relaxar um pouco.

Depois do casamento, Max vem se empenhando em me ajudar a descobrir minha vocação. Ser a esposa perfeita está bem longe das minhas ambições. Concordamos que talvez eu devesse escolher uma faculdade ou, quem sabe, um curso. Isso após eu discordar, absolutamente, de aceitar uma vaga na sua empresa.

Posso não saber ainda o que quero fazer da vida, mas de uma coisa eu tenho certeza: não quero ser um gênio da indústria automotiva. Nem seguir os passos do meu marido e viver a sombra dele.

Eu aliso o lençol sobre a cama, perdida em pensamentos. Mas quando sinto o olhar de Max diretamente sobre mim, eu me forço a olhar para ele com um sorriso convicente no rosto. Não posso deixá-lo desconfiar absolutamente de nada por enquanto.

— Quem sabe Milão não é a solução? — insisto mais uma vez.

— Como assim, Chloe?

Eu me atiro de costas no colchão, sorrindo para o teto com o intuito de convencê-lo da minha expectativa.

— Ah, eu não sei. Uma viagem pode acabar abrindo minha mente, Max. Não é isso o que as pessoas fazem? Viajam para espairecer? Para ter uma nova visão do mundo?

— Ás vezes, elas só querem paz para transar em lugares diferentes.

— Seu pervertido! Então, o que quer que eu diga mais? Você estava certo e eu, errada. Você tem toda razão. Viajar pode ser exatamente o que eu estou precisando nesse momento.

— Admitir é um bom começo, Vossa Teimosia — sua voz carregada de orgulho me faz revirar os olhos. Ele vem caminhando até parar de pé entre as minhas pernas. — Mas tem outras coisas que você pode fazer para apagar a má impressão que deixou com seu orgulho bobo.

— Como o que?

Max se inclina e encaixa as mãos atrás dos meus joelhos, flexionando minhas pernas sobre a cama.

Uau, aquilo me pega de surpresa.

Deitada de costas e com os pés plantados na beirada do colchão, eu sinto meu coração bombear um fluxo de sangue quente por todo o corpo.

Do alto do seu quase um metro e noventa de altura ele me encara com seu olhar penetrante, o azul da íris sombreado pelo desejo crescente. Com um leve empurrão das suas mãos, ele deixa minhas pernas abertas, caídas sobre o colchão. Ainda flexionadas. É quase como estar fazendo um exercício de alongamento.

Tirando o fato de que o vestido que estou usando já não pode esconder a minúscula calcinha branca por baixo.

E é para ela que Max está olhando agora. Ele passa a língua, umedecendo os lábios. Estende a mão e os seus dedos roçam o tecido, bem no monte entre as minhas pernas.

Fecho os olhos. A seda fina e requintada permite quase um contato direto com a pele. De alguma forma, aliás, ela age de forma a tornar tudo ainda mais excitante. Eu deixo escapar um grunhido e Max me recompensa, com um leve beliscão por cima do clitóris.

Minhas terminações nervosas vão juntas a loucura. A razão diz que eu devo pará-lo. Que eu preciso colocar um ponto final nisso. Que quando ele descobrir que eu o estive enganando por todo esse tempo — isso é, "se ele descobrir", uma vozinha esperançosa soa dentro de mim — essa manhã gloriosa em nosso quarto, agindo como os recém casados apaixonados que somos, vai ficar gravada, de maneira permanente em sua memória.

O dia em que transamos em cima de uma mentira.

Apesar disso, da lógica dos fatos, os meus mecanismos de superação e defesa foram ativados com sucesso. E eles falam mais alto do que tudo. Eu me agarro a Max como um viajante com sede se agarraria a um poço cheio de água em pleno deserto. Eu me agarro ao seu toque, às suas carícias e a tudo mais o que ele tenha a me oferecer.

Quando os seus dedos passam para a parte de dentro da calcinha, eu enterro os dedos no colchão. Aberta e exposta, eu sinto o toque suave lançar o meu corpo para uma miríade de sensações pulsantes. 

Droga, ele é muito bom nisso. Muito bom mesmo.

— Vou enfiar meus dedos em você, Chloe — ele promete com um timbre calmo e controlado, enquanto eu me desfaço, toda ofegante. — Eu preciso trabalhar, mas não sem ter a doce lembrança de você gozando nessa cama. Isso vai me acompanhar pelo resto do dia. Seus gritos, seus sussurros... e o calor da sua boceta melada nos meus dedos.

Max cumpre a promessa e dois dedos mergulham na minha cavidade. Pouco a pouco, lentamente, me fazendo chorar. Eu só tenho a cama para me agarrar, então é nela que eu me agarro. Embolando os lençóis entre os dedos, eu desconto neles tudo o que estou sentindo. A espiral de emoções que me leva cada vez mais para o fundo. 

Ele desliza os dedos para fora, só para afundá-los de novo, dessa vez até o fundo. Meu corpo todo estremece, sem controle. Minha garganta fica seca, o coração dispara. É tudo tão incrível. O quarto vira um borrão através dos meus olhos enevoados.

— Por favor, Max. Por favor — eu suplico pela minha liberação. — Por favor, mais... rápido.

— Você está latejando, Chloe. Está me apertando tanto que eu só fico desejando que fosse meu pau e não os meus dedos aí dentro.

Os movimentos vão se tornando mais acelerados. Eles entram e saem com um som que me faz perceber que a sensação de umidade entre as minhas pernas não é apenas uma sensação, mas a pura realidade.

Fecho os olhos, com uma série de longos gemidos. Meus joelhos ficam fracos, as pernas bambas. A sensação de calor entre as minhas coxas vai ficando insuportável até que eu explodo com um grito agudo, rebolando o quadril para aproveitar até os últimos vestígios do meu orgasmo impressionante.

Max tira os dedos de mim, lentamente. Eu tento levantar da cama, mas o meu corpo não me obedece.

Do que estou falando?

Eu não consigo nem me mexer!

Que fascínio esse homem exerce sobre mim e sobre o meu corpo? Como posso me sentir tão dominada, tão arrebatada, tão refém de alguém? E mesmo assim, adorar cada minuto disso.

— Vou chegar mais cedo hoje a noite — ele anuncia, a voz rouca, e só então, ao descer os olhos pelo seu corpo, eu noto a enorme ereção entre as suas pernas. — Me espere acordada, Chloe. Vou recompensar você por isso, eu prometo.

Eu o vejo levar os dedos a boca e chupá-los, antes de se virar e sair do quarto.

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