Capítulo 5
- Sim, bem... - Rosmery gaguejou então. Ela parecia ter estudado aquele pequeno discurso de cor. - Eu não me importo. Farei isso sozinha, treinarei com Seth quando puder. - A ideia de vê-la na academia cercada por outros homens de sua raça o incomodava, mas, por outro lado, ele preferia que ela começasse a desenvolver seu potencial e aprendesse a se defender. Assim, ele não precisaria se preocupar tanto com ela, teria todo o tempo do mundo para parar de se comportar como um animal e voltar à sua vida cotidiana. Ele encontraria outra mulher com quem não se importava para transar e se sentiria melhor. Como sempre fez, sem ter que marcar seu território a cada passo como um leão.
- Faça o que você quiser. É só isso? - Por favor, Rosmery, vá embora. Ele já estava se dirigindo para a porta de seu apartamento.
- Não, isso não é tudo. - respondeu ela, dessa vez determinada. Ela ficou ali, a alguns passos dele, com os olhos baixos, esperando a coragem para falar. E quanto mais Calvin olhava para ela, menos ele queria ouvir o que ela tinha a dizer, porque, no fundo, ele sentia que estava chegando ao seu ponto de ruptura. - Eu queria lhe dizer que deveríamos parar com esse ato. Quero dizer, somos adultos e estamos vacinados, eu posso lidar com a rejeição. Não precisa me evitar, vamos acabar com isso e depois cada um seguirá seu caminho, certo? - Ela disse tudo em um só fôlego, mordendo o lábio com evidente dificuldade.
Isso foi demais para Calvin. Ele tentou suportar o golpe da melhor forma possível, mas todo o seu ser se recusou a ficar parado e assentir como deveria. Ele sabia que teria sido melhor se Rosmery tivesse acreditado nele, mas o fato é que ela não queria acreditar. - Você acha que eu não a amo? - perguntou ele, aproximando-se com passos lentos e medidos das costas dela, que recuava. -Você acha que eu não gostei? - insistiu ele naquela situação em particular, estava corando, seus olhos viajaram de volta àquela noite. Assim como a mente de Calvin, ele ainda podia sentir a respiração ofegante dela contra seus lábios, assim como a doçura e o calor de seu corpo enquanto ela o recebia dentro dela.
O corpo de Calvin estava em chamas agora, literalmente, ele se aproximou ainda mais dela e ela se viu com as costas pressionadas contra a porta de seu apartamento, presa. Ele as pressionou contra seu corpo, sua ereção empurrando com força contra a barriga dela, que, impotente, começou a hiperventilar. Deus, ele estava tão excitado. Ele não pensou duas vezes e abriu a porta e, em um movimento fluido, empurrou-a para dentro, esmagando-a do outro lado da porta. Eles estavam sozinhos, exatamente onde ele a queria há semanas. Ele acariciou o lado dela bem devagar e a sentiu derreter sob seu toque. - É isso mesmo que você pensa, Rosmery? - continuou ele, esperando que ela respondesse. Em seguida, ele passou o polegar pelo lábio trêmulo dela, sentiu que ela se aquecia e que o cheiro de sua excitação chegava ao fundo dela.
- Diga-me. - ela apenas suspirou, mas de prazer quando ele estava em seus lábios. Rosmery estava se derretendo por ele, ele podia senti-la tão macia, doce e molhada. Era demais até para ele, mas não conseguiu resistir e, com a ponta da língua, lambeu os lábios dela, que se abriram sem resistência. Ele a beijou longa e profundamente, sentindo o gosto dela que ele só imaginava há dias e deixou que isso o intoxicasse.
- Toque-me. - ele só conseguiu dizer, sem sair dos lábios dela. E ela não precisou dizer duas vezes, acariciando seu rosto, seus ombros. A pele dela estava quente, tudo dentro dele ardia de desejo, - Desça, querida. - Ele queria que ela sentisse o quanto ele estava excitado e, quando ela obedeceu, ele sibilou como um felino. Ele queria tomá-la, aqui e agora. Ele beijou o pescoço dela com o desejo irresistível de mordê-la novamente, mas foi nesse momento que ele sentiu isso. Seu pulso, acelerado de excitação, mas fraco ao mesmo tempo. Ele estava tão quente, mas não percebeu o frio que ela sentia. O que havia de errado com ele? Ele não estava bem? Não, ele estava fraco. E a culpa era dele, que havia se alimentado dela avidamente, sem pensar nas consequências. No entanto, Rosmery não recuou ao toque de suas presas. Ela aceitaria que ele a mordesse novamente, por quê? Pela primeira vez em sua vida, Calvin sentiu uma sensação completamente desconhecida, um calor que o forçou a se afastar, embora ele a desejasse com todo o seu ser. Rosmery?
- Rosmery? - murmurou ele, sem desviar o olhar da pele branca dela.
- Mmm? -
- Agora quero que me ouça com atenção, porque não vou lhe contar de novo. - continuou ele, tentando recuperar o pouco autocontrole que lhe restava. - Você entendeu? - ele sussurrou de novo, gostando disso. Rosmery estremeceu novamente, mas assentiu. - Ótimo. - Com a ponta da língua, ele traçou a curva do pescoço dela, fazendo-a estremecer de prazer. - Se dependesse de mim, eu a levaria para minha cama e a faria gritar até que esquecesse seu nome. - E ele foi sincero, - Mas a única razão pela qual não o faço é porque não sinto e nunca sentirei nada por você. E agora, por favor, vá embora. - E antes que ele encontrasse o olhar ferido dela e se sentisse como um verme, ele abriu a porta.
Lily:
Rosmery suspirou enquanto fechava o zíper de seu vestido azul-marinho. Já havia se passado mais uma semana desde que ela havia falado com Calvin e ainda estava doendo. Tão ruim que, só de pensar nas palavras secas e duras dele, um abismo frio se abria em seu peito.
Ela se olhou no espelho. A maquiagem escondia a aparência cansada que a acompanhava há dias, e ela apertou as bochechas para dar um pouco de cor. Aquele clima frio não ajudava em seu bronzeado. Não que ela tivesse dormido muito nos últimos dias, Daniel e Violet haviam passado os últimos dias pesquisando aquela maldita lista sem tirar uma única aranha do buraco. Talvez fosse mesmo uma perda de tempo. Nenhum sinal de Lisa, no entanto.
- Os pretos ficam ótimos em você, mas a tira corta um pouco o seu tornozelo. - disse ela, como um autômato em frente ao espelho, respondendo a outra pergunta de Violet sobre que sapatos usar. Ela estava animada para o encontro. Quero dizer, para o dela.
Com Michael.
Sim, aquele Michael, amigo do Eric. Acontece que ele não havia falado com ela desde que Calvin fez aquela cena do homem das cavernas na frente de todo mundo.
Felizmente, Seth e seu pai estavam em uma viagem de negócios que os manteria ocupados durante todo o fim de semana, então ele evitaria passar vergonha novamente.
- Isso também era verdade. - Violet estava sentada na beirada da cama, usando um par de saltos pretos, mas sem a tira e olhando primeiro para um pé e depois para o outro para descobrir qual era o melhor para usar, enquanto Rosmery tinha optado por saltos de cor nude. Sabe-se lá o que ela viu em Michael.
Violet havia implorado para que ele fosse com ela, mas quanto mais se aproximava a hora da partida, mais borboletas começavam a surgir no estômago de Rosmery. Mas não eram aquelas bonitas, que geralmente aparecem quando você se apaixona, não. Eram aquelas borboletas que se agitam no estômago quando você tem certeza de que está cometendo um erro, e Rosmery estava cada vez mais convencida disso. E se Eric também estivesse lá? Com que cara ela poderia olhá-lo nos olhos? Toda vez que ela se lembrava daquela noite, sua mente também lhe dava sensações maravilhosas do gosto de Calvin e isso não ajudava em nada em sua jornada de desintoxicação dele.
Agora não era hora de pensar nisso.
Como se ela não tivesse outros problemas, Alex estava chegando ao Seven Apples naquela noite para entregar as informações sobre o caso de Lisa. O que era uma ótima distração de todos os seus outros problemas e a concentrava no principal, o que mais a pressionava no momento.
Depois de escolherem os malditos sapatos de cadarço, eles saíram do quarto de Violet e atravessaram o corredor. Matthew estava debruçado sobre seu laptop, com as pernas cruzadas no chão, pensando profundamente. De seu quarto, ele podia ouvir claramente o som de um rádio muito alto, provavelmente para encobrir outros sons decididamente menos óbvios que ainda podiam ser ouvidos, embora um pouco abafados pela música.
- Ei, Matt, você ficou trancado do lado de fora? perguntou Violet, tirando as chaves do carro da bolsa. Ele deu de ombros e colocou os óculos no nariz. Violet olhou para Rosmery e revirou os olhos. - Por que você não vem conosco ao Seven Apples hoje à noite? - insistiu ele. A solidão a havia aproximado de Michael ultimamente, o que também surpreendeu muito Rosmery, dada a ideia que a garota tinha dele.