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Capítulo 7

Rosmery caiu desastrosamente no chão e a força do impacto a fez perder o fôlego. Ela se sentiu arrastada para a grama, onde a luz das lâmpadas da rua não iluminava, e, diante dos olhos de Rosmery, seu agressor foi reduzido a uma sombra escura que se elevava sobre ela.

- Fique quieta! - rugiu a voz, tentando subir em cima dela. Na escuridão, ela não conseguia ver o rosto, mas o rugido desumano e o brilho de um par de caninos muito brancos tornavam tudo inconfundível. Não, isso realmente não poderia acontecer com ela. Ela tentou se defender dando um chute e se afundando na barriga macia do agressor, que não parecia sentir dor. A força dele era sobre-humana, e Rosmery sabia que não conseguiria resistir ao agressor por muito mais tempo quando ele aproximou duas presas afiadas e brilhantes de sua pele.

Mas quando ela pensou que estava prestes a morrer, algo agarrou a criatura e a arremessou com um baque.

- Você está bem? - perguntou uma voz que Rosmery não reconheceu a princípio. Era aquele garoto, Calvin. Rosmery piscou algumas vezes antes de perceber o que havia acabado de acontecer. Ele estava olhando para ela com uma sobrancelha levantada, uma expressão que era uma mistura de pena e desaprovação.

- Acho que sim. - gaguejou ela, sentindo seu corpo para saber se ainda estava viva.

- Então, você vai se levantar ou quer dormir na calçada? - ele perguntou, um pouco irritado para ser honesto.

Rosmery, sem perceber, estendeu a mão, achando que o viu estendendo a dele, como se fosse ajudá-la. Mas, horrorizada, ela percebeu que ele estava acendendo um cigarro. Mas ele a havia notado e parecia estar sorrindo zombeteiramente por baixo do bigode.

Que pessoa mal-educada! Rosmery pensou e se levantou, um pouco magoada. Seus olhos cinzentos continuavam a segui-la, como se ele estivesse esperando por algo.

- Calvin! - ela ouviu um chamado vindo de alguma distância. Era o loiro que ela tinha visto com Daniel e Seth pouco antes na festa. - Ela está machucada? -

- Está tudo bem, está tudo bem. Alguém está seguindo aquele cara? -

- Seth e Daniel, mas não conseguimos ouvi-lo. - Ele disse para o vampiro, que levantou a cabeça para cheirar alguma coisa.

- Eu também não. - disse ele. - Isso é estranho. -

- Você tem que levá-la embora antes que ela volte. - disse a garota, examinando Rosmery, que, por sua vez, se sentia inútil. Eles estavam falando sobre ela como se ela nem existisse.

- O desgraçado fugiu. - Foi Eric quem falou. Ele havia surgido praticamente do nada. Ele estava vindo em direção a eles com algo nas mãos, parecia uma arma. Os olhos de Rosmery se arregalaram em descrença. Somente depois de dar mais alguns passos em sua direção é que Eric pareceu notar Rosmery, parcialmente escondida pelo ombro de Calvin.

- Meu Deus, está tudo bem? - ele correu até a garota, abaixando-se até a altura dela também.

- Está tudo bem, já estou cansado de dizer isso. - murmurou o vampiro, - Por que você não faz o seu trabalho? - ele lançou um olhar furioso para Eric, que retribuiu com a mesma hostilidade.

- Quer uma mãozinha? - disse a loira que se juntou a ela nesse meio tempo. - Acho que seu calcanhar quebrou. -

- Que inferno. - Rosmery murmurou. Foi um milagre ela não ter quebrado o tornozelo. - Eu posso andar, obrigada. - Pelo menos ela parecia educada.

- É isso que estou fazendo. - Enquanto isso, Eric rosnava para o outro com o punho livre cerrado, como se estivesse segurando a vontade de socá-lo. Eu não podia culpá-lo, pois sua arrogância também estava ferindo suas mãos.

- Bem, então vá em frente. - ela o dispensou com um aceno de mão, como se estivesse tirando o pó de uma superfície.

Eric girou em seu calcanhar, murmurando uma série de insultos sob sua respiração, e desapareceu de vista em poucos passos. Definitivamente satisfeito, Calvin se voltou para o vampiro ao seu lado.

- Rose, volte para aqueles dois, não o deixe escapar. Ele era homem, branco, com cerca de 1,80 m de altura. Capuz preto. - Como ela havia notado esses detalhes? Em sua excitação, ela nem tinha visto o rosto dele.

A garota acenou com a cabeça.

- Até mais, Rosmery. - Como ele sabia o nome dela?

- Vamos, ande logo. - instou Calvin, que, nesse meio tempo, já havia partido.

- Olhe, eu não preciso de carona. Sério, posso chamar outro táxi. - A ideia de ficar sozinha com esse cara a deixava nervosa, ele era tão arrogante e bonito e, por ambos os motivos, a deixava boquiaberta.

Ela se virou e revirou os olhos.

- Por que você quer se arriscar pela segunda vez? Mas eu tenho outras coisas para fazer além de satisfazer seus caprichos, portanto, se não se importa, entre no carro. - e acompanhou o gesto apontando para o carro infrator. Ele tinha um pequeno caroço nas costas. Merda, merda, merda, merda.

Merda, merda, merda, merda... Mas era o cara do carro! Aquele que quase a derrubou do avião! De repente, Rosmery se sentiu claustrofóbica. Ela rezou para que ele não a reconhecesse.

- Ou por acaso você pretende protestar? - ela o ouviu dizer enquanto se sentava no lado do motorista. - Talvez queira jogar outra pedra em mim? Ou meu sapato? - Rosmery sentiu o olhar dele passar sobre as meias molhadas e o sapato quebrado e, verde de raiva, entrou no maldito carro, amaldiçoando-se por não ter ficado na festa.

"Olhe", gritou ela, irritada, batendo a porta. - Eu sei que você deve estar com raiva de mim por ter estragado seu carro, mas você quase me atropelou. -

- Normalmente, as pessoas olham antes de atravessar. - respondeu ele, aborrecido.

- As pessoas param quando correm o risco de bater em alguém, normalmente. -

- Só se eu estiver errado, e nesse caso eu não estava. -

Rosmery ficou furiosa. - É claro que você estava! -

- Não pode simplesmente me agradecer por salvar sua vida? - ela disse, começando com uma derrapagem.

Naquele momento, os olhos dela se arregalaram e ela o encarou com incredulidade. - Quer dizer, você acha que estou apenas tentando encobrir o problema? -

- Talvez. - ele sorriu, por baixo do bigode.

- E eu ainda não lhe agradeci porque você se comportou como uma pessoa rude? -

Ele bufou em resposta. Eles caíram em um silêncio constrangedor, e a ideia de passar o resto da viagem com esse cara concentrado em um espaço tão pequeno estava lhe dando urticária.

Mas, por mais que ela quisesse estrangulá-lo, não conseguia deixar de olhá-lo de lado. Como alguém poderia ser tão bonito e, ao mesmo tempo, tão infame?

Não havia nada de desagradável à vista, nem mesmo suas mãos, longas e afiadas, uma no volante e a outra descansando distraidamente em sua perna musculosa. A última coisa que ele queria era que ela o pegasse olhando para ele daquele jeito, então ele evitou vagar muito com o olhar e, em vez disso, concentrou-se nas mãos e começou a torturar as unhas.

- Então, Lily. - disse ela depois do que pareceu ser um silêncio interminável. - Vamos fazer um balanço da situação, certo? - Ele nem esperou que ela respondesse e continuou falando em um tom monótono. - Você tem alguma ideia de qual criatura o atacou? -

- Claro que tenho. - respondeu ele, na defensiva.

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