Passo 2: Conheça a garota (de verdade!) - Parte II
— Eu já vou pra casa. - Digo após algum tempo de silêncio constrangedor, apontando a porta com o polegar.
— Por que tão cedo?
— Porque... eu... tenho... dever de casa, isso, dever de casa pra fazer.
— Fica um pouquinho. - Ele se aproxima e toca minha mão.
— Eu... eu...
— Seu irmão está aqui mesmo... A gente pode conversar um pouco... Tem tanto tempo que a gente não se vê.
— A gente se viu ontem.
— Antes disso. - Ele sorri. Me sinto uma criancinha apaixonada.
— O que quer fazer então?
Ele segura minha mão e andamos até a cozinha.
— Está com fome? - Ele pergunta assim que eu sento em um banco alto na ilha da cozinha.
— Sempre. - Falo sem pensar e coro na hora. — Quer dizer, um pouco.
— Qual seu prato preferido? - Ele apoia os cotovelos na bancada de granizo, bem de frente para mim.
— Chocolate. - Ele fica com uma expressão confusa no rosto. — Qualquer coisa que tenha chocolate.
— Hm, deixa eu ver o que temos aqui que tenha chocolate.
Ele se vira e mexe na geladeira. Enquanto isso, (muito sem querer) observo como ele fica bem naquela calça jeans preta e naquela blusa social branca dobrada até os cotovelos.
— Posso te fazer um milk-shake de chocolate? - Anuo. Ele começa a preparar e eu continuo a olhá-lo. — Do que mais você gosta?
— Seja mais específico. - Tento soar madura.
— Suas preferências: O filme ou o livro?, Praia ou campo?, biscoito ou bolacha?
— O livro, sempre! Praia e é biscoito.
Ele revira os olhos.
— Bolacha!
— Tanto faz. - Dou de ombros e ele ri.
— Você está diferente desde a última vez que eu estive aqui.
Abro minha boca pra responder, mas Matheus e Bella sentem cheiro de milk-shake a quilômetros de distância.
— Eu sabia! Não te disse? - Bella diz para o meu irmão, apontando o líquido de chocolate que Zac distribui em taças.
— Você deu sorte. - Matheus diz.
Os dois se sentam com a gente e começam a tomar o milk-shake.
— Isso tá muito bom, Zac. - Bella elogia.
Quando olho pro meu irmão, ele está olhando ao redor e procurando por algo.
— Algum problema, amigão? - Zac pergunta.
— Não. Viu, Mad? Você nem precisava colocar esse vestido aí. - Ai meu Santinho dos irmãos que falam de mais. — Não tem nenhum crush aqui.
Sabe aquela hora que a terra podia se abrir e te sugar?! Deveria ser agora!
— Crush? - Zac segura o riso.
— É. A Mad disse que não queria pagar mico na frente do crush. Mas não tem ninguém aqui com esse nome, então não têm com o que se preocupar. - Ele diz, orgulhoso de sua constatação.
Abaixo a cabeça lentamente e ignoro, o máximo que posso, o sorriso do Zac pra mim.
— Sua anta! - Bella diz para meu irmão. Obrigada querida. — O crush dela é o Zac. Isso significa que ela é apaixonada por ele. Não é obvio?! Mas é uma topeira mesmo.
Quando você pensa que as coisas não podem piorar...
Arrisco uma olhadela rápida para Zac e ele está segurando o riso. Tento rir também pra garantir que ele leve tudo na brincadeira, mas parece que a risada ficou muito desesperada.
— Que risada é essa? Tá passando mal, Mad? - Matheus, meu querido, cale essa boca.
Levanto meu pulso e olho as horas no meu relógio imaginário.
— Olha essa hora. Voou, né?! - Levanto do banco e puxo Matheus. — Adorei o papo e essas brincadeirinhas todas. Ha há! Vamos repetir mais vezes.
— Não quero ir, Mad. - Tenha Santa paciência!
— Eu o levo mais tarde, MeM's.
— Ok. Então, tchau.
Me viro e tento manter meus passos firmes.
— Eu te acompanho. - Ele me alcança e põe a mão na base das minhas costas.
Quando chegamos a porta me viro pra ele e digo:
— Não liga pro que as crianças falam, tá?
— Isso significa que eu não sou seu crush?
— Então, é que-
— EU NÃO SOU UMA ANTA, VOCÊ É QUE É. - Matheus grita da cozinha.
— EU? VOCÊ CONTOU QUE ELE ERA O CRUSH DELA, SEU BURRO! - Voz da Bella.
— EU NÃO. EU NEM SABIA O QUE ERA ISSO.
— NUNCA MAIS EU QUERO TE VER, SUA ANTA. - Bella grita e alguns segundos depois ela passa correndo por nós.
— Oh-ow. Acho que as coisas não terminaram muito bem. - Zac olha pra mim. — Hora da conselheira amorosa entrar em ação.
— Vou ver o que posso fazer. - Pisco para ele.
Matheus chega, todo desolado. Queria dizer: Bem feito, bocudo. Mas sou uma boa irmã e me limitei a acompanhá-lo até em casa.
(...)
— Madson, seu pai já está ficando louco. Quer nos contar de quem são os buquês? - Mamãe banca a mamãe na hora do jantar.
— Se quiser me ajudar a descobrir, mãe, eu agradeço.
— Quer dizer que você não sabe? - O capitão fala com aquele exagero típico.
— Não, Sherlock. Quer participar da investigação?
Ele me olha com cara de poucos amigos, mas não toca mais no assunto. Apenas eu e minha mãe conversamos sobre as possibilidades, que são tantas que eu não estou nem perto de descobrir.
Quer dizer, talvez um deles seja do Zac. Mas os outros dois podem ser de qualquer um.
Só que o que parece é que todos estão seguindo o mesmo padrão: A minha cartilha. Então só preciso ficar atenta!
(...)
— Não acredito que você está me ligando as 22h, encosto. - Miguel fez o favor de atrapalhar meu sono.
— Duvido que você estava dormindo.
— O que quer? Tem 1 minuto.
— Preciso de mais do que isso, Madson Square. - Reviro os olhos, mesmo que ele não possa ver. — Tenho dúvidas sobre a cartilha.
— Não atendo depois das 22h. Amanhã na hora do intervalo nós conversamos.
— Tudo bem, Conselheira.
— Vai dormir, encosto. Boa noite.
— Boa noite, Yellow Lilies.
— O quê? - Ele desliga antes de ouvir a pergunta.
É um pesadelo. Algum tipo de palhaçada, só pode ser.
O Miguel não!
(...)
Quando chego a escola, Peter está me aguardando no meu armário.
— Caiu da cama? - Ele pergunta, apontando meu rosto com clara falta de humor.
Olho pra ele com cara de tédio e volto minha atenção pro cadeado a minha frente.
— Que bicho te mordeu?
— O Miguel.
— Onde ele mordeu? - Peter arregala os olhos.
— Aquele infeliz tá me zoando.
— Como assim?
— O buquê de lírios amarelos, foi ele quem enviou. Pra brincar com a minha cara. Mas eu vou matar aquele encosto.
— Você tem certeza que foi ele? Certeza absoluta? - Peter bagunça o cabelo da nuca e ajeita o óculos.
— Ele me chamou de yellow lilies. Lírios amarelos, entendeu?
— Eu falo inglês, Madson. Obrigado por acreditar no meu potencial.
— Ele me chamou de yellow lilies no dia que eu recebi lírios amarelos. Só pode ser coisa desse enviado do inferno.
Do corredor surge Cecília, correndo mais ofegante do que tudo. Ela para perto de nós e coloca as mãos no joelho, recuperando seu fôlego.
— Eu... também... recebi.
— Recebeu o quê?
— Um buquê de lírios amarelos.
Homem é tudo igual! Não é possível.
??????????
Oi gente,
Ate o décimo cap vamos conseguir eliminar pelo menos 1 possibilidade. Alguém já arrisca?
Eu confesso que tenho meus shippers, uns dois, pra ser mais exata. E eu sou do contra? Talvez!
Lembra da estrelinha, tá? Espero que tenham gostado do cap.
Amo vocês.
Beijos, S. ?