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Capítulo VI - Vitor

— Ainda não acredito que você se jogou na frente da moto, sem nem conhecer meu irmão.

Estava carregando a heroína gostosa no meu colo, podia facilmente me acostumar em ter aquele corpão dela em meus braços sempre.

Claro que eu preferia que as circunstâncias fossem outras, primeiro brigando e agora ela toda machucada, não eram nada favoráveis.

— Ele é uma criança, não me interessa quem ele é. — ela se remexeu em meu colo, parecendo envergonhada por ter minhas mãos sobre ela. — Já falei que eu posso andar sozinha! — protestou novamente.

— E eu já disse que é um prazer carregá-la, ursinha.

Ela desviou o olhar, aposto que com as bochechas pegando fogo. Dava pra ver toda inocência e timidez transbordando daquele rosto angelical, mas era quase um pecado quando vinha acompanhado de um corpo de parar o trânsito.

— Você sabe que me chamo Camila e não ursinha. — sorri com sua irritação quanto ao apelido.

— E você sabe que se passar o braço em volta do meu pescoço vai ficar mais confortável. — provoquei querendo que ela enrolasse os braços em volta do meu pescoço para nos aproximar ainda mais. — Só o Juninho pode te chamar assim?

— Juninho, esse é o nome do menino? Ele parece muito com o pai dele.

— E desde quando você conhece o meu pai? — as sobrancelhas dela vincaram, em clara confusão e eu só ri sabendo que ela tinha entendido tudo errado. — João Miguel, eu e Juninho somos irmãos. A única família que temos.

— Oh eu... Não sabia... Imaginei que... — ela gaguejou tentando encontrar as palavras certas.

— O jeito que ele correu para o pequeno, muita gente pensa nisso. Mas nós dois o criamos, por isso somos muito apegados, Miguel passou mais tempo cuidando dele do que eu, já que estava estudando.

Estudando, curtindo, vivendo minha vida enquanto ele cuidava do morro e do nosso irmão.

— Eu fico aqui. — ela murmurou já se virando com a intensão de descer.

— Onde pensa que vai? Vou entrar com você e vamos esperar meu irmão juntos. — Camila me olhou prestes a protestar, mas nossos rostos estavam próximos de mais.

Eu era conhecido por ser ousado, o galinha da família, fazer o que se preferia me acabar do que passar vontade.

Baixei a cabeça querendo capturar os lábios carnudos, mas um grito a fez virar no mesmo instante, se afastando de mim.

— Camila! O que aconteceu menina? — dona Nalva gritou da laje e rapidamente sumiu, provavelmente descendo para vir abrir o portão.

— De verdade, não precisa entrar comigo...

— E perder de te segurar? Nem pensar. — era engraçado como meu jeito descarado que deixava sem jeito.

Era como se ninguém nessa vida tivesse dito a ela o quanto é linda, ou que ninguém a tivesse tocado, beijado e fodido.

Céus, seria possível isso? Não, Camila era linda de mais para nenhum cara ter chegado até ela. Só de olhar eu podia dizer que ela tinha entre dezenove e vinte e um, duvidava que alguma menina daquela idade não tivesse tido um namoradinho que seja.

— Meu Deus, como foi que se machucou assim garota?

— Ela salvou o Juninho de ser atropelado. — falei antes mesmo que ela conseguisse responder. — E se quebrou toda no processo.

— Anda Vitinho, entra com ela que eu tenho um remédio lá dentro. — dona Nalva foi na frente e eu a seguia.

Coloquei Camila no sofá e me sentei ao seu lado. Assisti ela respirar fundo e prender a respiração, provavelmente pela dor do corte na perna.

Segurei uma mecha do seu cabelo e enrolei em meu dedo, seu rosto se ergueu, os olhos indo de encontro aos meus. As esferas de um castanho perfeito eram hipnotizantes e brilhantes. Porra, como ela é linda!

Coloquei a mecha de cabelo atrás da orelha e a ursinha suspirou, entreabrindo os lábios e atraindo meu olhar para a boca perfeita.

Não resisti e deslizei meu polegar sobre o lábio inferior e assisti Camila fechar os olhos, absorvendo meu toque.

— Eu vou te beijar. — sussurrei para que apenas nós dois escutássemos.

Os olhos se abriram de imediato, mas Miguel gritando fez ela dar um pulo para trás. Camila se afastou ainda mais de mim quando a tia saiu do quarto com uma caixinha de remédios, a mulher foi em direção a porta e eu me dei por vencido, ia ter que beijá-la em outro momento, já vi que aqui não iria ter jeito!

Peguei a caixinha e comecei a procurar um remédio pra limpar o machucado, uma pomada ou qualquer coisa. Miguel entrou já perguntando o quanto tinha machucado e ela o encarou, não sabia se olhando para Juninho ou para o mais velho, que deveria ser assustador aos seus olhos.

Achei finalmente uma pomada cicatrizante e me ajoelhei na frente dela, toquei seu joelho afastando as pernas e subi a mão sentindo a pele macia se arrepiar e seu olhar voltou para o meu.

Quando deslizei ainda mais para cima ela colocou a mão sobre a minha, me impedindo de avançar ainda mais.

Aquele não era o lugar ideal pra continuar com aquelas provocações, mas eu estava pegando gosto em mexer com ela assim.

— Rasgou toda a perna da coitadinha, o braço acho que foi uma torção boba. Vai melhorar rapidinho, ela é forte! — a tia dela falou e quando percebi ela já estava encarando Miguel de novo.

— Ahh merda! — o grito de dor dela quase me deu vontade de soprar seu machucado, estava sendo cuidadoso, mas mesmo assim parecia não adiantar. — Isso arde de mais.

— Vai ficar tudo bem, calma filha. — a tia dela garantiu, mas era fácil quando não se é você que está sentindo dor.

— E como posso agradecer aí, já que ela salvou meu irmão? — Miguel perguntou e eu quis responder que tinha várias formas de agradecer a ela, todas elas envolviam Camila esparramada na minha cama.

Estava concentrado imaginando ela chamando meu nome, enquanto eu me enterrava no meio de suas pernas, quando suas palavras atraíram minha atenção.

— Já que insisti então eu aceito um beijo dele. É só o Juninho me dar um beijinho aqui.

Porra, por um minuto achei que ela estivesse falando de Miguel. Juninho rapidamente pulou no sofá e agarrou o pescoço dela.

— Você gosta, não é safadinho? — falei vendo ele adorar a atenção.

— Mas isso não paga minha dívida. — Miguel insistiu e eu tinha que dizer a ela, nós Torres éramos difíceis de ceder.

— Eu disse que não...

— Arruma um emprego pra ela. Ela chegou agora do interior, vai ser difícil arrumar emprego e se adaptar ao Rio rápido, se puder arrumar um emprego pra ela já ajuda. — a tia dela a cortou.

Eu poderia arrumar um emprego pra ela, envolvendo nenhuma roupa e minha cama. Merda, eu tinha que ter aquela mulher pra mim, nem que fosse por uma noite.

Juninho voltou a beijá-la querendo mais atenção.

— Então tá contratada pra ser babá do Juninho!

De onde ele tinha tirado isso? Me virei para meu irmão mais velho, parado a poucos passos, com os braços cruzados e a cara fechada.

Não sabia se agradecia ele, porque assim ela passaria mais tempo perto de mim, ou se dava um soco pelo mesmo motivo.

Eu não queria compromisso e ficar com uma garota que me veria sempre poderia ser um puta de um problema.

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