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Capitulo 4

Gabriela

É claro que não fui e não cedi à minha tentação, por mais que eu quisesse. Quando estávamos em meu carro, eu estava trêmula e chocada com a forma como esse homem mexeu comigo. Eu estava mesmo apaixonada? E, sem querer, acabo falando para Michelle:

— Mi, você me perdoa?

Ligo o carro e saio rápido, mas com cautela, tentando controlar o desejo que tinha sido despertado em meu corpo. Reparo que ela estava olhando sem entender nada.

— Não entendi. Você fez alguma coisa errada?

— Oh, sim, eu fiz! — resmungo.

— O que você fez de tão errado, que precisa do meu perdão?

— Acabo de me apaixonar pelo seu pai! — solto, de uma vez. Ela ri, e ao ver que eu estava em silêncio, entendeu, e grita, chocada:

— Meu pai?!

— Não tenho culpa de ele ser tão gostoso e tão lindo, e, quando eu digo que estou apaixonada, estou falando bem sério — olho firme para a minha amiga. No começo, ela não aceitou logo de cara, mas ela não podia fazer nada, ninguém manda no coração. E foi assim que eu, Gabriela Maldonado, me apaixonei pelo pai da minha amiga.

Era insano eu pensar nesses tipos de coisas. Mas, desde que o conheci, sentia essa coisa de possessão, não queria pensar nele com outra mulher e gostava de imaginar que eu era dele e ele era meu.

Meus pensamentos são interrompidos com o grito do Fábio, quando chegamos à sala VIP:

— Hoje vamos dançar muitooooo.

A sala em que estávamos era muito boa, tínhamos bebidas à vontade, petiscos, muitas frutas e também chocolate. Nossa, minha TPM amou ver isso.

— Vamos dançar pra caramba — Michelle grita também, e dou risada desses dois loucos. Nesta sala, tinha um vidro, de onde dava para ver o que estava rolando lá. Só que quem via de cima reparava que tínhamos vidro fumê.

— Vamos beber, Gabizinha! — diz Fábio, e concordo. A boate estava lotada, as luzes meio baixas e o ritmo das músicas que estavam tocando era contagiante. Quando íamos nos servir, apareceu um garçom do nada, e fizemos nossos pedidos. Pedi caipirinha de melancia bem doce, uma delícia. E ficamos ali tomando a nossa bebida.

Michelle estava bebendo tequila, e Fábio, uma bela cerveja, da qual também me deu uma louca vontade, e acabo pegando a de Fábio e dou um longo gole. Começamos a dançar, e acabou não sendo suficiente. Então sugiro:

— Gente, bora ir lá embaixo? — estava louca para me acabar lá embaixo. Eu precisava relaxar, e a dança iria me ajudar, e muito.

— É claro, Gabizinha, bora mexer esse esqueleto — Michelle brinca. Termino de tomar a minha caipirinha e, antes de sair, pego mais um copo que o garçom tinha feito e levo comigo. Já sentia que estava ficando meio alta e meu corpo estava todo relaxado. Eu sentia aquele formigamento, dizendo que era a hora perfeita para dançar, e quem sabe eu não acabava a noite com algum gatinho…

Saímos todos da sala rápido e, quanto mais próximos chegávamos do salão, já ouvíamos a batida do som entrando em nossos ouvidos e passando pelos nossos corpos. Eu estava ansiosa, querendo chegar logo e dançar pra caramba. Via o povo dançando e amava ver a energia boa que as pessoas estavam passando no ambiente.

— Agora sim vamos dançar! — grito alto, e eles gritam de volta. A música que estava tocando era do Maroon 5, “Animals”, e eu a adorava, era viciante e ótima para dançar. Foi o que eu fiz.

Aquilo estava muito bom, eu me requebrava e me remexia ao som da música. Comecei a ficar bem excitada, não sabia se era por causa da música ou porque percebi que estava sendo observada. Acho que era a minha imaginação, ou eu tinha bebido tanto, que já estava vendo coisas.

Decido me entregar à outra música que já tinha começado a tocar, que era da minha diva Pink, “What About Us”. Essa música sabia mexer mesmo com uma mulher que estava em plena excitação.

Logo sinto que estou sendo abraçada e, pensando que era o Fábio, encosto a minha cabeça em seu peito. É quando ouço a voz do cara. Não era o Fábio, não era seu perfume. Saio de perto dele, olho para ver onde estava a Michelle e o Fábio e reparo que eles não estavam perto de mim. Não acreditei que eles me abandonaram, aqueles dois iriam me pagar caro, e como! Mas primeiro eu precisava me livrar de um babaca.

— Eu estou louco pra sentir a sua bucetinha no meu pau, por que você não vem pra minha casa e vamos terminar a nossa noite juntos, gatinha? — ele pergunta, em um tom sedutor, e me puxa para os seus braços com força. Isso me deixa puta da vida e tento me soltar dele. Como não consigo, dou um pisão em seu pé pela audácia com que ele fala comigo e digo entre os dentes:

— Meu amigo, você pensa que está falando com quem? Eu não quero transar com você e nem com ninguém, não estou disponível!

O único homem que eu queria que estivesse comigo naquele momento deveria estar com alguma puta loira, e com esse pensamento a minha noite acaba de ser estragada.

— Qual, é gatinha, você me quer, eu sei disso! — ele volta a insistir, e resolvo colocá-lo em seu lugar:

— Escuta aqui, seu babaca, eu não estou interessada em você, OK? Agora, faz um favor pra mim, suma da minha vista! — falo entre os dentes. Reparo que havia uns seguranças se aproximando, e um deles pergunta:

— Algum problema, Senhorita Maldonado?

— Nenhum problema — respondo, aliviada. — O amigo aqui está indo embora, né?! — falo, com uma doçura fingida.

— OK, OK! Você não sabe o que está perdendo! — ele diz, provocante, e nem me dou o trabalho de responder. Os seguranças o tiram do meu caminho, mas eu prefiro dar uma volta ao ver que tinha sido abandonada pelos meus amigos.

Preciso beber algo forte, e olha que eu não era de beber, mas aquele momento pedia isso, e era isso que ele iria ganhar. Porém, para isso eu teria que ir atrás daqueles dois loucos.

Quando eu chego, Fábio e Michelle estavam dançando bem colados.

— Eiiii, vocês dois! — chamo atenção deles. — Vocês sumiram, e quando eu olhei tinha um babaca querendo me comer — ironizo. Bastou eu dizer isso, que eles começaram a perguntar se eu estava bem, se eu queria ir embora. Tranquilizo-os: — Não quero ir embora, preciso beber algo, e estou indo pegar uma bebida, vocês vão querer? — eles gritam que não, e me despeço avisando que logo voltaria.

Vou passando pelas pessoas, e volto a ter a impressão de que estou sendo vigiada. Olho para todos os lados, e nada.

— Meu Deus, Gabi, você deve ter bebido muito ou está tendo uma alucinação, só pode — murmuro para mim mesma, e vou em direção ao corredor. Pego um que estava meio escuro e acabo me perdendo. Dou de cara com um peito, na minha opinião bem forte, e acabo caindo. Isso me faz lembrar do Ricardo e dou uma risada.

— Você está bem? — ouço uma voz rouca e logo me vem à cabeça o Ricardo. Balanço-a, achando que eu estava mesmo bem louca ou muito bêbada, ou os dois: estava vendo coisas.

— Me desculpa, eu acabei errando o lugar, o senhor poderia me ajudar a ir até a sala VIP? — pergunto, meio tonta. Acho que a bebida tinha me deixado lenta.

— Você está bêbada? — a voz gostosa do homem me pergunta, incrédula, e ele me pega nas mãos. Volto a sentir o mesmo choque de quando nos tocamos a primeira vez e fico ofegante.

— Acho que sim! — brinco, e sou encostada contra a parede. Sinto seu corpo pressionando contra o meu. Aquele homem era bem forte. Ouço a sua voz, que tinha um tom de brava.

— Você deveria levar uns belos tapas nessa sua bunda gostosa, Dona Gabriela! — diz a voz, e logo percebo que era o Ricardo, ou era imaginação minha? Acho que bebi demais e estou sonhando, só pode!

— Oh, você quer me bater? — provoco-o, e levo uma leve prensa contra a parede, me fazendo gemer de tesão.

— Você não tem ideia de como está linda nesse vestido nesta noite — ele diz, rouco, e passa a mão pelo meu rosto e os dedos pela minha boca. — Você é minha! Está me ouvindo? Minha! Vou te mostrar isso agora — ele fala, bem possessivo, e me beija com força. Acabamos gemendo de tesão.

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