Capítulo 2- Você é minha Ester e precisa de mim mais do que quer admitir.
Murat se aproxima de mim e como sempre o mundo para e eu fico perdida no seu olhar. Ele adora me deixar cativa dele antes de me beijar. Os beijos dele nunca são inocentes e sim apaixonados e sempre me fazem querer muito mais dele.
Murat toma a minha boca com paixão avassaladora, tirando toda a minha sanidade e me fazendo até esquecer meu nome. Então ele desliza seus lábios no meu pescoço. A atração poderosa começa a agir no meu corpo e eu ofego quando sua mão desce e pegando uma de minhas coxas ele encaixa minha perna erguida nele para eu sentir toda a sua potência enquanto seus lábios me devastam roubando minha mente. Eu me agarro em seus ombros para não cair com o labirinto de prazer que ele me provoca.
—Preciso ir. —Ele diz rouco no meu ouvido e arrastando seus lábios pelo meu pescoço, entre beijos ele o aspira, como se quisesse levar meu perfume com ele.
Ele parece ter dificuldade de se afastar de mim também, com a respiração agitada, sem olhar nos meus olhos, seus dedos pegam meus ombros e me afastam firmemente.
—Cancele esse teste. —Ele diz se virando para ir embora.
Ofegante, aos poucos eu vou também voltando a realidade com suas palavras, mesmo tremendo pelo desejo desperto, eu tenho forças para contestar:
—Não vou cancelar!
Murat se volta e ofegante me encara.
—Como é que é?
Eu me sinto a beira do descontrole. Sei que concordei com tudo isso, já faz um ano e meio que levo essa vida. Murat já se acostumou com minha disponibilidade para ele, mas ele está cada vez mais ausente e eu o amo, isso tem acabado comigo. Preciso começar a pensar no meu futuro. Não sei se conseguirei continuar como sua amante.
—Murat, eu quero fazer esse teste.
Ele se aproxima e segura meu rosto.
—Eu te dou tudo que uma mulher possa desejar. Você não precisa disso. Não precisa trabalhar. Você é minha Ester e precisa de mim mais do que quer admitir. —Ele então me olha calado por um tempo. —Eu preciso de você. E muito! Você não tem ideia o quanto.
Eu estremeço de prazer com a confissão dele. Mas isso é quebrado quando o vejo passar o lenço em seus lábios retirando meu batom que manchou sua boca, me lembrando que ninguém sabe de nós.
Então, ele se vira e pega sua pasta no sofá. Deixa o apartamento.
Solto o ar e trêmula caminho até o sofá. Praticamente desabo nele.
Ele está certo quando disse que eu preciso dele. Ele é uma droga e eu sou a drogada.
Mas ele?
Que sentimento ele realmente nutre por mim? Apenas o velho e bom sexo! Não se iluda! Foi exatamente isso que ele se referiu, ele precisa de você na sua cama.
Suspiro.
Quando ele fala que me estendeu a mão em um momento difícil é verdade, mas não por bondade, longe disso. Murat sempre demonstrou ser um homem frio, levado pela razão e que sabe exatamente o que quer e faz tudo para obter...
Passei os olhos por cada centímetro do meu apartamento que "dividimos" quando ele tem tempo para mim.
Murat no início foi um balsamo, eu tinha acabado de perder meu irmão para as drogas e estava em Londres há pouco tempo, saí às pressas da minha cidade em York quando fui ameaçada por traficantes para pagar o que Arthur devia.
O valor era muito alto, mesmo com meu emprego de recepcionista em um hotel de luxo na minha cidade, eu não conseguiria pagar nem metade do que ele devia aos traficantes.
Tive que deixar toda a minha vida para trás. Amigos, emprego. Sei que foi uma decisão sensata. Com certeza, se eu continuasse lá, eu acabaria como ele, pagando a dívida com a minha vida, ou acabando sendo estuprada por algum deles.
Quando vim para cá tinha poucas economias e por isso tive que morar num albergue feminino cheio de pulgas e percevejo. Durante o dia eu procurava emprego e ficava na rua, só voltava a noitinha para dormir. Acordava sempre com coceira, o corpo cheio de picadas dos insetos.
Fiquei nessa vida dura uma semana até que finalmente uma oportunidade de trabalho surgiu e eu fui trabalhar na mansão dos Alakurt Kemal Çelik....
Foi um acaso ter ido trabalhar na casa dos pais de Murat, mas foi escolha minha aceitar tudo que ele me ofereceu depois... pensei que ele acabaria se apaixonando por mim...eu nunca imaginei que as coisas chegariam ao ponto que chegaram hoje. Não entendo os sentimentos de Murat. Ele não me passa confiança. Às vezes vejo nele um homem apaixonado, outras vezes acho que estou sendo usada e quando ele se cansar de mim vai me cuspir fora como um bagaço de laranja depois de tirar o meu melhor, minha juventude. E quando eu ficar velha? Murat ainda vai me querer?
Talvez ele esteja me enrolando e nunca enfrente o pai dele.
Solto um suspiro pensando quem é Murat Alakurt Kemal Çelik:
Um homem dotado de uma inteligência formidável para os negócios. Usando seu brilhantismo, ele está sempre um passo à frente de seus adversários. Tendo seu pai como mentor, Murat tem crescido os negócios da família. Solteirão convicto, é considerado pelas revistas da alta sociedade como um bom partido. Cobiçado pelas mulheres que querem acabar com esse título de solteiro que ele carrega e fazem de tudo para obter sua atenção elevando ainda mais seu ego, já tão elevado.
Murat juntamente com seu pai sempre ajudou com seus donativos e causas humanitárias. Não sei até que ponto ele tem essa preocupação com seu semelhante. Se ele realmente tem um coração de carne ou se é apenas uma fachada para melhorar sua imagem de homem duro nos negócios, cuja ambição é sem limites.
Fecho os olhos e aperto bem as pálpebras quando me lembro dos dias que trabalhei na mansão dos Alakurt Kemal Çelik.... e como tudo evoluiu. Como a determinação de Murat que me envolveu com amarras invisíveis da paixão, eu aceitei sua proposta nada conservadora...