Resumo
No dia do divórcio, a minha ex-sogra anunciou publicamente a amante do meu ex-marido que estava grávida. — Esse bebê vai te chamar de vovó ou de avó? — Eu comentei rindo. E, de brinde, anexei o exame médico do meu ex-marido. Ricardo Farias, homem, estéril.
Capítulo 1 Promessas e pressões
Ricardo e eu fomos colegas de classe desde o ensino médio até a faculdade. Pode se dizer que éramos amigos de infância, unidos pelo destino.
Na faculdade, naturalmente eu me apaixonei e começamos a namorar. Depois de nos formarmos, nos casamos.
Só que eu não tinha boas condições. Desde pequena, não sabia quem eram meus pais, fui criada pela minha avó. Quando ela faleceu, me tornei órfã de fato.
Por isso, depois de tantos anos conhecendo Ricardo, eu já não conseguia viver sem ele. Eu o via como meu único parente.
Quando eu estava na escola, ele sempre cuidou de mim.
Quando começamos a namorar, ele me tratava ainda melhor. Ele sempre perguntava se eu estava bem, e quando as pessoas riam de mim por ser pobre e por não saber me vestir, ele sempre ficava ao meu lado com firmeza, dizendo que gostava de mim do jeito que eu era, simples.
Naquela época, eu não entendia muito do mundo. Achava que essas palavras, que não exigiam nenhum esforço, eram o que chamavam de amor. Quando me pediu em casamento, ele me fez a promessa que me daria uma família completa e amorosa, e eu mal podia esperar para casar com ele.
Mas os parentes e amigos dele, até mesmo a sua mãe, me desprezavam, dizendo nas nossas costas que eu não era boa o suficiente para Ricardo. Diziam que, se por acaso eu tivesse algum problema e não pudesse ter filhos, a família Farias estaria condenada a não ter descendentes.
Minha sogra acreditou fielmente nisso e insistiu para que Ricardo e eu fizéssemos exames de rotina. Ele me pediu para relevar, para não causar problemas para ele, afinal, era sua mãe.
Fomos juntos ao médico, e os resultados mostraram que eu estava perfeitamente saudável, mas Ricardo era estéril. Só de pensar que eu nunca poderia ser mãe, meu coração doía. Mas eu amava Ricardo ainda mais, e sabia que esse problema poderia afetar o orgulho de qualquer homem, então decidi manter o meu sofrimento em segredo.
Eu pensava que, enquanto nos amássemos, não importaria não ter filhos. Talvez poderíamos adotar um no futuro.
Mas minha boa intenção se tornou uma arma afiada nas mãos da minha sogra para me atacar. Ela já não estava satisfeita com a minha origem e queria que eu tivesse logo um filho para garantir a continuidade da família Farias.
Ela chegou ao ponto de me pedir para largar o meu emprego e ficar em casa, me dedicando e focando em engravidar.
Eu não concordei, mas Ricardo achava que sua mãe estava certa, e me prometeu várias vezes que cuidaria de mim, que sairia para nos sustentar, e me deixaria em casa para desfrutar a vida, sem preocupações, como dona de casa.
Sob a pressão de Ricardo e da minha sogra, acabei pedindo demissão. Mas, depois que larguei o trabalho, percebi que ser dona de casa não é uma tarefa fácil. Muitas mulheres são apenas donas de casa e não têm status ou voz.
Algumas passam o dia fazendo compras, cuidando da beleza, comprando roupas, enquanto outras são escravas dos afazeres domésticos intermináveis e aguenta humilhações horríveis. Eu claramente fazia parte do segundo grupo.
Acordava todos os dias às cinco da manhã para preparar o café da manhã para minha sogra e meu marido. Enquanto eles comiam, eu lavava as roupas. Quando eles terminavam de comer, eu limpava a mesa, lavava a louça e passava o pano no chão.
Quando finalmente terminava perto do meio-dia, já tinha que começar a preparar o almoço para minha sogra. À tarde, ela ainda me dava as calcinhas acumuladas dela para lavar.
— Lave logo, senão hoje à noite não terei roupa íntima para usar.
Perdi a conta de quantas vezes isso tinha acontecido.
Eu já não aguentava mais.
— Sogra, as roupas íntimas são melhores quando são lavadas por você mesma, é mais higiênico. — disse com educação.
— Está me dizendo que sou suja? — Ela distorceu o que eu disse de propósito.
— Não é isso... — Eu tentei explicar.
— Eu não reclamo que você veio de uma família ruim, e agora você me chama de suja? — disse ela, sem nem me dar uma chance.
Senti-me impotente e, para evitar mais desavenças, fui para o meu quarto.
Minha sogra, porém, ficou na porta do quarto.
— O que significa isso? Agora você acha que tem o direito de me ignorar? Vai começar a me desrespeitar agora? — Ela gritava. — O que eu fiz para merecer isso? Meu filho casou com você e acabou trazendo essa maldição para dentro de casa! Não pode ganhar dinheiro e nem ter filhos, de que você serve?
Quanto mais ela falava, mais cruel ficava.
— Vocês me fizeram largar o emprego. Agora dizem que não posso ganhar dinheiro. E, além disso, eu faço todas as tarefas da casa e cozinho todos os dias. Se você acha que não sirvo para nada, contrate uma empregada! — Não aguentei e rebati.
Depois de dizer isso, fechei a porta e não pude segurar as lágrimas.
Minha sogra, no entanto, se fez de vítima e ligou chorando para Ricardo, reclamando de mim.
Ricardo largou o trabalho e voltou para casa imediatamente.
— Luísa, como você pode maltratar a minha mãe? Peça desculpas agora! — Ele começou a me culpar assim que entrou.
Sempre que a minha sogra causava confusão, Ricardo me culpava sem nem saber os dois lados da história. Eu não queria mais aguentar aquilo.
— Por que devo pedir desculpas se não fiz nada de errado? Foi ela que me insultou, não o contrário! — disse chorando.
— Como a minha nora é rebelde e má! Eu teria coragem de insultá-la? Nem faz muito tempo que se casou e já está me desrespeitando! — Minha sogra, distorcendo tudo, disse.
Ricardo, com a testa franzida, empurrou a mãe para fora do quarto.
— Já chega, mãe, vá para fora um pouco — disse ele.
— Lulu, minha mãe já está velha e tem problemas de saúde. Por favor, por mim, não me coloque em uma posição difícil. Peça desculpas. — Então ele sentou ao meu lado e me abraçou.
Ricardo sempre soube como me manipular. Com palavras doces e muita insistência, ele me convenceu a pedir desculpas.
Mas a minha submissão só fazia ela me tratar pior ainda!