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๑ 03 | Luz da minha vida

"Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela."

— Paulo Coelho

Sou o Major de artilharia das forças especiais, Monspie Villin. Aí você se pergunta: lá vem a apresentação do personagem parecido com entrevista de emprego. Não é bem assim não. Enfim, seguiremos com os relatos de como conheci a pessoa mais importante da minha vida. Senta aí, fica de pé, deita, leia andando ou conduza a leitura como quiser. A escolha é exclusivamente sua, só preciso que me siga nesta viajem direto do túnel do tempo. Voltaremos há cinco anos. Agora respire profundamente e acompanhe a minha estória.

Como falei ali em cima, sou o Maior de artilharia líder das operações especiais do 2.º Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos.

(...)

9 de fevereiro de 2018.

Hoje levarei uma pequena equipe de três homens em uma missão especial ao abate a um líder de uma milícia xiita controlada pelos iranianos que lutam ao lado do exército árabe da Síria. Eles são os mercenários que dão apoio a Damasco na retomada das Colinas de Golã, enfim, cada um com seus propósitos, o meu é matar o líder desses milicianos. Os filhos das putas são liderados por um extremista conhecido como Alshabah. Para as equipes das Américas especialista em terroristas o chamam de O invisível, dizem ser uma figura impossível de ser encontrada. Para sorte dele, fui eu o escolhido para dar fim as porcarias que esse indivíduo anda fazendo. Entrou no meu caminho, levará bala.

Após um longo voo estou de volta a base América em Bagram e minha equipe já se prepara para a missão. Carro carregado com armamento pessoal. Balas ponto 50 e um, lança bomba. Assim que seguimos para o local estranho a calmaria, porém, decididos, meus homens insistem e continuam.

Estou no distrito de Nad-e Ali, da província de helmand no sudoeste do Afeganistão. Estávamos prontos para invadir o esconderijo do Alshabah, quando tudo começa a dar errado. Para variar! Como em um filme de terrorista a porra toda começou a dar merda. Minha equipe com os homens mais bem treinados da marinha estavam morrendo na minha frente. Se tem uma coisa que aprendi na guerra é, nunca deixe um companheiro americano em um território inimigo. — São meus amigos, filmes patriotas onde os homens saem vivos com medalhas de honra da casa do caralho é bonito, mas na realidade, hum! Se o inferno existe! É na guerra, com toda certeza.

Dante, um amigo de longa data nas forças especiais estava me ajudando a pegar o corpo de Jard e Raink que haviam sido mortos no confronto. — Para deixar bem claro! Meu corpo está em alerta total, pois, minha missão não foi cumprida e para piorar perdi meus amigos.

Nosso carro seria um alvo com toda certeza, então, arrumei outro coloquei meus parceiros nele e fui ao nosso pegar a bolsa com os armamentos caso houvesse qualquer contratempo no caminho para a base América em Bagram. Observando todos os lados feito um maníaco. — Não posso morrer aqui.

Na semana seguinte estarei de volta em casa e será o aniversário da minha mãe. Não daria a tristeza de ter a data marcada por um funeral de caixão vazio, não mesmo! Esses rebeldes comeriam até meu cu se sobrasse minha bunda inteira aqui nesse inferno.

Assim que abri a porta do carro uma criança me gritava. Confesso que me assustei, meu cu trancou de um jeito que terei que fazer fisioterapia para soltar as minhas pregas. — Ela gritava.

.قنبلةقنبلةقنبلة —

Olhei para aquela criança que era de longe notável seus olhos verdes vivos que me suplicava.

Sou fluente em árabe, mandarim e aramaico, aprendi para revidar os xingamentos dos filhos das putas que tentavam me matar e é claro saber de tudo que falavam. Ela repetia bomba, bomba, bomba. Vindo correndo ao meu encontro.

. ساي داي لصالح —

Corri o mais rápido possível para longe do carro. — Quando escutei "sai daí por favor"

Sou bem alto, tenho pernas compridas e consegui me afastar em segurança, mas infelizmente ela não teve o mesmo destino. A explosão a jogou longe de um jeito que pensei que não viveria para contar a história sabe Deus para quem. Agarrei-me ao pouco de fé que me resta e implorei aos céus, pegando a menina que não estava nada bem, porém, acordada e supliquei.

— Deus, se essa criança sobreviver. Merda! — esbravejo — Juro que paro com essa porra de ficar entrando em conflito com a morte.

Com cuidado a coloco no banco de trás do carro onde Dante estava com os dois corpos na parte traseira da 4X4.

— Sargento, que porra é essa? Larga ela aí caralho! — Não o julgo por seu comportamento. Sem entender a história falaria o mesmo também.

— Dante! — em meio ao caos respirei fundo — Tenho uma dívida com Deus e ela está inclusa no pacote. Agora vamos! — ele engata a ré, manobra e seguimos. Após uma hora de estrada sem sermos notados graças ao carro dos xiitas olhei para a menina que já se encontrava pálida. — Se morrer lhe darei um velório digno. Isso é uma promessa!

— Sargento. Que porra é essa! Ela é um deles. — me questiona entrando na base — Sabe que não vão aceitar isso! — Diz apontando para o local.

— Me chamo Monspie Villin. Minha patente pode até não valer nada, mas as minhas ameaças sim. — ele engole em seco e entende o recado. — Pare aqui.

Ordeno e como um bom soldado me obedece. Pego com cuidado seu pequeno corpo e a passos rápidos vou ao consultório do doutor da base.

— Boa noite. — Reparo que toma um susto com a minha chegada.

— O que é isso? S-Sargento! Ela é uma xiita? — balanço a cabeça em afirmação. — O que aconteceu? — Tranquilo questiona.

Conto tudo a ele que imediatamente começa os primeiros socorros, me informa que fará uma cirurgia no pequeno consultório.

— Por Deus ela ainda está viva! — pasmo me olha — Farei o que for possível para salvá-la.

Sentei-me junto a ele que começou a cirurgia para salvar a vida do anjo que me livrou da morte. Em dados momentos o ajudei até que por fim tive que fazer uma transfusão de sangue para que não morresse por falta do mesmo.

— Com ela formarei uma família. Se sobreviver receberá o título de minha filha. — Compartilho meus planos com o doutor que ainda não sei o nome.

— Lindo gesto Sargento. — comenta após horas de cirurgia onde abriu sua pequena barriga para consertar algumas coisas. Com a explosão teve danos irreparáveis. Infelizmente teve boa parte das duas pernas amputadas. — Não sou cirurgião plástico e sim de emergência. Fiz o que pude senhor.

— Você ficará por quanto tempo aqui? — Perguntei a fim de lhe dar uma pequena fortuna.

— Ainda tenho dois anos. — olhei para o jovem a minha frente, decidido a dar-lhe alguns milhões — Depois me aposento e arrumo um trabalho em um hospital no meu país.

— Vou te passar meu número eu nunca mudo, pode confiar. Sairei vivo dessa, pois, é minha última missão aqui nesse inferno. — escrevo meu contato em um papel e lhe entrego — Você terá minha gratidão para sempre doutor. Como devo lhe chamar?

— Enzo. — ele me pede ajuda para colocá-la em um leito. Meio tonto ainda devido à transfusão consigo dar-lhe o suporte que precisa. — Você não é americano. — Senti que afirmou e não perguntou.

— Sou da Grã-Bretanha e você? — Rebato a pergunta já que seu sotaque é bem evidente.

— Sou português. — responde e me dá um sorriso largo — Sair de Veneza por achar minha vida parada e aqui estou. Primeiro vim e fiquei dois anos. Estava no fim da faculdade de medicina e aqui eu poderia operar com mais frequência, na época era chefe dos enfermeiros no hospital Central de Veneza. — vejo que quer desabafar, me sento e fico ouvindo sua história — Eu o amava. Hoje não tenho mais esse sentimento.

— Amava quem? — Pergunto já que a história está ficando interessante.

— Deigo, um ótimo médico. — ele respira fundo. Tenho certeza que ainda ama o tal Deigo — Ele era para casar, contudo, fui atrás dos meus sonhos e agora acabei de salvar a vida desse anjo. — declara me dando um sorriso sincero — E você ama alguém?

— Sim! — um sorriso surge em meus lábios — Berriere, meu amor de infância, cuidou de mim, é mais velha que eu três anos. Hum! É exatamente o perfil de mulher que me atrai. Calma e tímida.

— Ela está a sua espera né? Por favor, diga que sim! Essa pobre criança precisa de vocês. — alisa os cabelos sujos do meu anjo de olhos verdes — Tenho planos de voltar para Veneza e me desculpar com o Dei por tê-lo deixado. Fui egoísta e hoje reconheço.

— Porquê não voltam? — questiono — Talvez esteja te esperando. — Dou-lhe um pouco de esperança.

— Está casado e muito feliz por sinal, tem 2 filhos e não quero atrapalhar. — se senta ao meu lado — Sargento, sua amada está a sua espera né?

— Não, ela se mudou da Suíça e foi para Londres. Também se casou. — confesso já que estamos sendo sinceros — Mas a amo e não consigo me livrar desse sentimento só isso.

— Então, vida que segue. Deus já te deu uma filha e vai lhe dar uma linda esposa para juntos cuidarem dela. — Sorrir olhando para a menina que ainda não sabemos o nome.

Estamos conversando quando Dante me chama.

— Sargento! Posso entrar?

— Sim. — logo o vejo em minha frente — Diga.

— Telefone para o senhor. — avisa e olha para o doutor — E como está a menina? — preocupado redireciona o olhar na direção dela — Vai ficar bem?

— Vai. — Enzo responde. — Ficará ótima!

— Quem é na ligação? — Sondo.

— O General Sargento, eu o informei das perdas sem mencionar a criança. Pode ficar tranquilo.

— Não precisa esconder, esse filho da puta me deve um favor.

Levanto-me e vou até à menina agora com uma bela cicatriz na barriga e às duas pernas amputadas logo abaixo do joelho. Aliso seus cabelos e passo por eles em direção a sala de comando.

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