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Prólogo

Antes de Cristo

 

                                                             

 

– Sabe que eu sempre venço!

Dois garotos disputavam a corrida de cavalo, no jardim do castelo. Rounan com os seus 15 anos e Hareed  com seus 17 anos, irmãos unidos desde crianças, que a única coisa que os separava era o sangue. Hareed era filho adotivo da rainha Xira e do rei Rustler, criado e amado por eles tal como outros filhos. Infelizmente Hareed, não era como os seus irmãos, ele nasceu com uma deficiência no rosto, um lado do seu rosto era deformado e tinha um braço ligeiramente atrofiado, mas nem por isso perdeu coordenação motora. Seus cabelos eram loiros e chegavam a nuca, diferente do seu irmão, que tinha cabelos pretos, pele bronzeada. No castelo Karnnack, existia dois príncipes e duas princesas. Hareed, Rounan, Alina e Merlina.... Quatro irmãos, filhos do rei mais temível dos reinos... Rei Rustler.

– Não será desta vez! – Hareed responde acelerando o seu cavalo. Os dois, sempre foram competitivos e isso era o que os deixava unidos. Disputavam a corrida de cavalos, o vencedor ganharia um beijo de uma garota nobre, filha dos convidados do rei e da rainha. Chamava-se Eurália, uma linda garota loira, de cabelos ondulados até a cintura, lábios rosados. Filha dos primos do rei, que estavam lá a convite. Enquanto os mais velhos tratavam de assuntos que dissessem respeito ao reino, os mais novos estavam no jardim se divertindo.

– Quem você acha que vai ganhar? – Perguntou a Deléia, irmã gemia da Eurália. Apesar de serem gémeas eram totalmente diferentes uma da outra.

– Rounan é claro, ele nunca perde! – Eurália sorriu, ela tinha 16 anos

Rounan e Hareed estavam lado a lado, montando os seus cavalos na maior velocidade, chegando perto da reta final. Rounan apenas com alguns centímetros a frente, perdeu a disputa, quando uma águia passou na frente, assustado o seu cavalo e assim, o Hareed venceu.

– Falei que hoje os deuses estavam ao meu favor! – Hareed  riu-se

– Foi sorte. – Rounan provocou.

– Sei que detesta perder, mas... – Hareed levantou os ombros. – Vence o melhor!

Rounan riu-se. Os dois sempre foram assim, provocam-se e ficava tudo bem.

– Pois bem vencedor, vai lá e tenha o seu prémio

– Você errou! Hareed ganhou!– Comentou a Deléia rindo-se. –Terá de beijar o “deformadinho”.

Eurália fechou a cara, insatisfeita pois esperava que o Rounan vencesse. Hareed gentilmente desceu do cavalo, arrancou uma flor do seu jardim e se aproximou da Eurália.

– Princesa Eurália.

Eurália apenas o encarou, com frieza e mau humor, acabou dando um beijo, que mal encostou os lábios na bochecha do Hareed. O lado não deformado.

– O combinado um beijinho na boca, irmã! Na boca! – Disse a Deléia, olhando para a Eurália.

Eurália ignorou-a e se retirou do local de mau humor, deixando o Hareed constrangido, enquanto a Deléia ria-se dos dois. Um riso de maldade e de inveja, porque a sua irmã era considerada mais bela que ela, então saber que Eurália não beijaria quem gostaria foi uma satisfação. Hareed seguiu a Eurália, percebendo que ela fugia dele, ficou preocupado e não queria que ela se sentisse mal com isso.

– Eurália...

Ela continuou caminhando, mas o Hareed apressou os passos e pôs-se a sua frente.

– Eu não vou te beijar! – Eurália recusou afirmando num tom rude.

–  Posso saber o porquê?

– Sério que não sabe? Olha para você Hareed! Você é... É... – Eurália olhou para o Hareed fazendo cara de repudio, pela sua aparência física.

Hareed desviou o olhar, ficando magoado, pois sem ela dizer, sabia o que ela pensava.

– Sou feio... Eu sei…

– Sinto muito. – Eurália se afastou.

– Espere! – Hareed apelou segurando a mão dela. – Aceite a rosa pelo menos.

Eurália suspirou e aceitou a rosa, logo apressou os passos se distanciando dele. Rounan viu o constrangimento que o seu irmão passou, não comentou nada no momento, pois ele não podia obrigar a garota a beijar quem ela não queria. Hareed com lágrimas nos olhos, foi até o seu quarto. Seu dia ficou estragado, com o ocorrido, achava que hoje daria o seu primeiro beijo. Ele nunca havia beijado uma garota. Triste e magoada, estava perto da janela do seu quarto, olhando os pássaros a voarem, olhando o movimento do castelo. Podia olhar para os seus pais, Rustler e Xira, vendo que ele era totalmente diferente dos dois.

– Hareed...

Hareed escutou a voz do seu irmão, mas ignorou.

– Vai mesmo ficar assim?

– Impressionante, como tudo sempre foi fácil para você não é Rounan? – Hareed encarou-o. – Ou talvez você me deixou ganhar, por pena.

– Eu não te deixei ganhar! Você viu a aguia passando na minha frente, não viu?

Hareed riu-se ironicamente.

– A minha vontade agora é de matar a águia que te impediu de ganhar, ao menos eu não sofreria a tal humilhação. – Hareed lamentou desviando o olhar.

– Não devia se importar com os que outros pensam!

– Diz o garoto que é adorado e do preferido de todos!– Hareed encarou-o. – Você não sabe o que é ser  menosprezo!

Rounan sem saber o que dizer, na verdade o seu irmão tinha razão, ele nunca foi menosprezado por ninguém e varias vezes já escutou comentários ofensivos sobre o Hareed.

– Se eu pudesse mudar isto... – Hareed passou a mão no seu rosto. – Eu mudaria...

Rounan nada comentou e cruzou os braços.

– Só queria saber a sensação do beijo. – Hareed lamentou.

– No castelo está cheio de concubinas pode beijá-las, prontos! Problema resolvido. – Rounan comentou  normalmente, arrumando a solução do problema do seu irmão.

Os dois riram-se.

– Um beijo por querer, não por obrigação. – Hareed sorriu e imaginando como ser amado por todos. – Nunca desejou isso?

Rounan fez careta e ergueu os ombros, mostrando que não se importava.

– Claro, você já beijou várias e todas foi porque te desejaram.

– Sem arrependimentos.

Hareed riu-se, achando o Rounan engraçado, ao contrário do seu irmão, Hareed era sensível, tímido, meigo e tranquilo, diferente do Rounan que era não ligava o que pensavam dele, sendo teimoso e rebelde. Apesar de terem crescido no mesmo lugar, com a mesma educação, tinham experiências e versões diferentes sobre a vida.

– Amanhã iremos a caça?– Rounan perguntou.

– Iremos!

– Vamos antes do sol nascer! Antes do nosso papá acordar... como sempre fizemos.

Rounan e Hareed, tinham o habito de sair do castelo sem o consentimento do Rustler, afirmando que o mesmo estava sendo demasiado protetor. Os garotos eram curiosos e aventureiros, querendo conhecer novos lugares que lhes eram proíbidos, achavam-se donos de si. Eles sabiam manejar muito bem as armas que todo príncipe devia  saber, mas ainda assim eram garotos.

Como combinado, no dia seguinte, antes do nascer do sol, os dois irmãos saíram secretamente do castelo. Usavam os capuchos longos e pretos, sendo discretos e caminhando pelo reino Karnnack. Um reino considerado luxuoso em relação aos outros reinos. Por proteção, os príncipes não eram vistos pelo povo, então ninguém os conhecia e sabia que eram príncipes, ainda mais usando roupas simples. Os irmãos foram a floresta, embarcando em mais uma aventura.

 

(...)

 

– Alguma noticia? – Xira se aproxima do Rustler aflita, depois de horas sem ver os seus filhos. Já passavam dias, que os príncipes andavam desaparecidos e sem noticias.

Rustler acenou negativamente a cabeça, abraçando a sua esposa, que chorava penosamente. Estavam os dois no quarto. Eram dias de tristeza e agonia.

– Iremos encontrá-los.

– Se passam dias! – Xira chorava, lembrando-se da profecia, que afirmava que um dos seus filhos se perderia e ela nunca iria encontrá-lo. Ela sabia da profecia e no fundo ela sabia qual filho seria.

– Majestade...

Rustler logo abriu a porta vendo o Tarnísio  na sua frente, o seu guarda real.

– Diga...

Tarnísio afastou-se, dando a visão do Hareed, que estava em pé e de cabeça baixa, suas roupas estavam sujas. Xira e o Rustler logo se aproximaram do garoto.

– Hareed, onde está o seu irmão? Onde está o Rounan? – Rustler segurou os braços do seu filho.

– Estávamos na floresta e sofremos uma emboscada! Fomos sequestrados e...

Xira gritou de angustia e caiu de joelhos no chão, chorando penosamente.

– E... – Hareed ficou estático.

Rustler soltou o Hareed e deu um passo atrás, não crendo que havia perdido o seu filho.

– Perdão papá....

Hareed quis segurar o Rustler, que tentava se manter forte, mas o seu pai afastou-se. Aproximou-se da Xira e ajudou-a a ficar em pé, abraçando-a fortemente. Tarnísio vendo a forma inconsolável dos dois, decidiu levar o Hareed para o quarto. Nada consolaria a perda de um filho. Rustler levou a Xira no colo e levou-a até o quarto, deitou-a na cama, tentando acalmá-la. Estando sentado ao lado da sua esposa, tentava ser um homem forte, um marido forte por ela, mas escapou-lhe uma lagrima no seu rosto.

 Bem baixinho, como o vento, Xira sussurrava uma canção que sempre cantava para o Rounan, quando criança.

" Na noite mais fria da floresta, o filhote de um tigre perdeu-se, enfrentando a alcateia... "

 

 

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