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Capítulo 1 - O leilão

Virgínia

Quando entrei no clube  Season Hot  com a Mariana, o nervosismo tomava conta de todo o meu corpo, mas fechei os olhos e pensei no dinheiro que poderia mudar a vida dos meus pais e quando os abri novamente, me enchi de autoconfiança e segui em frente. Eu faria aquilo.

Mariana havia descoberto um clube secreto, o qual contava com uma forma bem inusitada de divertimento para aqueles que tinham muito dinheiro. O clube oferecia leilões aos quais os homens poderia arrematar desde um encontro com a mulher que desejasse, como também poderia ser uma noite de sexo ou até mesmo a virgindade de alguém, que tanto poderiam ser de mulheres, como de homens também.

Apesar da prática ser algo que eu poderia considerar muito grotesca, todas as pessoas que estavam em leilão tinham vindo por conta própria, assim como eu e minha amiga viemos, mas claro que a motivação era o dinheiro, uma vez que os valores poderiam chegar a milhares de reais.

Entendi que apesar de todos estarem ali por vontade própria, o fato de um homem arrematar sexo ou, pior, uma virgindade em um leilão daquele tipo dizia muito sobre ele. Pensar que eu teria que me entregar a uma pessoa assim, me trouxe um calafrio na espinha. Foquei novamente no dinheiro, era ele que estava me levando a estar ali naquela noite.

Ao olhar em torno do ambiente, constatei que havia um bar bem “normal” e que o lugar estava bem movimentado. Olhei para a Mariana e ela fez um gesto com a cabeça, indicando que nós fossemos até o balcão, onde tinham algumas pessoas atendendo aos clientes.

Depois de nos informar para onde deveríamos ir, seguimos naquela direção, onde fomos instruídas a procurar a Pamela, que era a responsável pela organização dos leilões.

— Vocês são as amigas do Luan que irão participar do Leilão de virgens?

A mulher estava vestida de maneira bastante sensual e era absolutamente linda, e nos olhando de maneira avaliativa, ao questionarmos se ela seria a Pamela.

— Sim, somos nós. - Mariana respondeu e sua voz mostrava a incerteza em suas palavras.

— Nós estamos totalmente dispostas a isso. - Resolvi intervir.

O Luan, que trabalhava com a Mariana em uma loja de varejo no centro da cidade era também garçom do clube e nos explicou que eles só aceitavam pessoas que mostrassem que estavam de fato dispostas a ir até o fim com aquele negócio, pois não queriam arriscar que o "bem" arrematado acabaria por desistir da barganha.

— Como sabem, sou a Pamela. Eu vou orientar vocês sobre como será feito o nosso leilão e vocês podem desistir a qualquer momento. – Ela falou simpática, deixando transparecer a satisfação com a nossa confirmação. - Pois, após subir ao palco, vocês não terão mais essa opção.

Nós nos olhamos com um certo temor, eu e a Mariana, mas eu fiz um gesto discreto para ela, para que ela soubesse que eu continuaria firme até o desfecho daquela história.

— Como a Virgínia falou, nós não pretendemos desistir. - A minha amiga falou de maneira firme.

— Me acompanhem, então.

Nós a seguimos até um corredor longo e estreito que seguia a decoração de todo o espaço, em tons de prata e branco, tudo muito claro, totalmente o inverso do que imaginei para um ambiente daquele tipo.

Chegamos em frente a uma porta, que ela abriu e nos mandou entrar. 

A sala era bem espaçosa e tinham várias pessoas dentro, todas muito jovens e em variados estágios de nudez. Compreendi que ali seria uma espécie de camarim e que as pessoas que ali estavam deveriam participar das "atrações" da noite.

Logo que a Mariana me contou sobre o clube e o que acontecia nele, o meu primeiro pensamento foi recusar, pois temia que alguém me visse naquele lugar e a história se espalhasse, chegando até os meus pais, que já eram idosos e ficariam muito tristes se soubessem o que eu estava prestes a fazer.

Mas o Luan nos contou que todos que estavam ali usavam máscara para preservar a sua identidade e aquilo me deixou mais tranquila. Porém, naquela sala não havia ninguém de máscara ainda e temi encontrar algum conhecido. Por mais improvável que fosse, tudo era possível.

Olhei bem para todos e não reconheci ninguém, o que me fez suspirar de alívio.

— Vocês trouxeram a roupa conforme a nossa orientação por telefone?

— Sim. Está aqui conosco. – Respondi.

— Ótimo. Vocês podem se trocar aqui e quando for o momento de se apresentarem em nosso salão, eu mesma virei buscá-las.

Ela saiu e nos deixou na sala, a insegurança mais uma vez querendo tomar conta.

— Estou nervosa. – Confessei para a Mariana.

— Também estou, mas vamos fazer como você repetiu durante toda a semana, desde o momento em que contei sobre essa possibilidade louca. – Ela falou com um sorriso nervoso em seu rosto.

Nós nos aproximamos das outras pessoas, pois ainda nos encontrávamos paradas próximo a porta de entrada, mas sem manter nenhum tipo de diálogo, apenas nos dirigindo aos reservados, em um estilo de provador, que existiam na sala e começamos a nossa transformação.

A Pamela havia nos orientado a trazer conosco um traje que nos deixasse o mais sensual possível, mas não uma lingerie, como eu e a Mariana tememos que seria. Nós aproveitamos que eu trabalhava em uma loja de aluguel de trajes de gala e selecionamos vestidos magníficos e sensuais.

O que escolhi era vermelho e contratava maravilhosamente com a minha pele cor de oliva, assim como também eram os meus olhos. Eu tinha estatura mediana e meu corpo era cheio de curvas, minhas pernas eram torneadas e ficaram visíveis pela fenda da saia do vestido e meus seios eram cheios e empinados, o que foi perfeitamente valorizado pelo decote generoso da roupa.

A Mariana começou a me maquiar quando as primeiras pessoas começaram a ser chamadas. A grande maioria era constituída de mulheres, mas também havia homens e eles foram todos chamados antes de nós duas.

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— Muito linda essa minha amiga! – Mariana falou ao terminar a minha maquiagem, tentando parecer tranquila, mas não estava.

— Você também está muito linda, Mari. – Também fingi despreocupação.

Pâmela chegou naquele momento e fez um sinal discreto, pedindo para que nós a acompanhássemos novamente. Ela também chamou mais duas outras garotas que estavam na mesma sala que nós.

Fomos levadas até próximo a uma porta discreta que ficava no final de um outro corredor, diferente daquele pelo qual entramos e ali a decoração se tornava mais escura, em tons de marrom escuro e bege.

— Vocês devem me aguardar aqui. – Ela orientou, entrando pela porta e nos deixando à sua espera. – Coloquem isso, por favor.

Cada uma de nós recebeu uma máscara, tal qual as usadas em baile de máscaras e ficamos aguardando por seu retorno em silêncio. Ninguém falou nada, aparentemente a ansiedade pelo que estava prestes a acontecer havia tomado conta de nós.

Rapidamente a Pâmela retornou, abrindo a porta e pedindo para que a gente passasse pela mesma e entramos no que parecia ser um palco.

Olhei em torno e tudo era bastante escuro e não dava para ver as pessoas que ali estavam.

Apesar disso, notei que haviam mesas espalhadas por todo o ambiente, com exceção do tablado no qual estávamos. O palco, ao contrário do restante do que parecia ser um salão, estava completamente iluminado, dando destaque a nós, mas ainda assim as luzes eram difusas.

— Temos aqui quatro garotas dispostas a oferecer algo valioso em troca do valor certo. – Pâmela falou em um microfone. – E então, quem dá mais? – Fez a pergunta exibindo um sorriso radiante.

Ela então chamou uma das garotas e a apresentou como “Spring “, a Mari foi apresentada como “Winter", a outra como “Autumn" e eu fui a “Summer”. Ela abriu o leilão com a garota Inverno e o valor sugerido logo foi aumentando de maneira estrondosa.

Assim aconteceu com as três antes de mim e todas conseguiram algo em torno de cem mil reais. Eu fiquei ainda mais ansiosa para que chegasse o meu momento, pois era bastante dinheiro para mim, e seria possível fazer tanta coisa com aquele valor que eu não pensei em mais nada, esqueci qualquer nervosismo e só esperei pelo meu momento.

Este chegou e a cada lance, meu coração acelerava mais e mais. Eu já estava me sentindo mal, de tanto nervosismo, quando percebi que havia uma disputa entre dois homens por mim.

Com o tempo que já estava naquele ambiente, a visão se acostumou e consegui ver mais coisas e percebi que cada vez que um deles, o que estava usando uma camisa de mangas compridas azul claro com uma gravata em um tom mais escuro, dava um lance, o outro, um homem que estava usando terno cinza escuro com gravata vermelha, aumentava o valor, passando a frente.

O valor já havia chegado a duzentos mil reais e a minha respiração estava seguindo o ritmo das batidas do meu coração.

— Duzentos e cinquenta. - O de camisa azul gritou em um tom decidido que trouxe um arrepio à minha espinha, o que me deixou consternada.

— Eu dou trezentos. - Falou logo em seguida o cara de terno e gravata.

Eu demorei a acreditar no que estava acontecendo. Eles estavam falando de centenas de milhares de reais como se fosse algo banal. Para mim aquilo era muito dinheiro!

Mesmo pagando a porcentagem que o clube estabeleceu, correspondente a dez por cento do valor, eu ainda ficaria com muito dinheiro.

— Quinhentos mil Reais. – O de camisa azul falou aquilo e olhou para o outro homem parecendo muito determinado.

Eu olhei de um para o outro, a sensação de estremecimento me fazendo fraquejar. Aonde eu tinha me metido?

— Quinhentos mil Reais. Alguém dá mais? – Pâmela perguntou olhando para todos.

Diante do silêncio que se formou, Pâmela deu o leilão por encerrado e orientou aos "ganhadores" a procurarem por ela na gerência, para realizar os respectivos pagamentos e receber o seu "bem".

— Quinhentos mil Reais!

Eu estava me sentindo maravilhada com o valor que havia conseguido alcançar. Era dinheiro suficiente para fazer algo verdadeiramente bom para a minha família. Eu poderia começar um negócio, não precisaria trabalhar tão longe de casa.

Eu sabia que ainda precisaria cumprir com a minha parte naquela barganha e que não seria nada fácil, mas iria prender a respiração e só pensava no dinheiro. Aquele valor não me tornava rica, mas facilitaria bastante a minha vida, e este fato por si só já me deixava eufórica.

— Amiga, você vai ganhar trezentos mil! – Mari falou em meu ouvido ao me abraçar feliz.

— Você tem cem mil, Mari! – A apertei em meus braços.

— Estou muito feliz, Vi. Poderemos abrir a nossa própria loja de roupas a preços populares lá em nosso bairro.

— Sim!

— Venham por aqui, garotas. – A Pâmela nos chamou e nos afastamos uma da outra e seguimos na direção indicada. – Cada uma vai para uma dessas portas, cada uma irá ficar no quarto que tem o nome da estação que vocês representam.

— Agora chegou a parte mais difícil. – Mari comentou, fingindo um estremecimento.

— Vamos pensar o tempo todo no dinheiro que vamos conseguir e nos planos que nós temos e tudo vai passar bem rápido. – Falei para tentar acalmar a minha amiga.

Mas eu realmente pretendia agir daquela maneira e foi com esse pensamento que entrei no quarto que trazia na porta a palavra “Summer”.

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