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Jogo da memória

DIEGO CRUZ

Como sair de casa fugido só com a roupa do corpo, tiver que fazer uma rápida parada no shopping e comprar algumas coisas, fui em lojas de grifes e escolhi boas peças, comprei sapatos, perfumes e produtos básicos de higiene pessoal, sem poder usar meu cartão paguei com cheque, usei uma identidade falsa e passei um cheque sem fundos e ainda joguei charme para cima da vendedora, tudo saiu melhor que encomenda.

No caminho vou pensando e me lembro de como foi viver na fazenda Avilar, foi uma curta temporada, mas foram sem sombra de dúvidas os melhores anos da minha infância, depois que sair de lá, foi só dificuldades, os rapazes sempre me trataram bem e mesmo sendo os donos de tudo não me faziam sentir menos que eles, o único que tive pouco contato foi com o Galvão, lembro pouco dele, ele era mais reservado, mais na dele e depois foi embora de casa.

Mas agora é diferente, crescemos e nos tornamos adultos, não sei como serei recebidos por eles, não sei se eles continuam sendo pessoas simples e receptivas, não tenho ideia de como serei recebido, meus planos é passar uma temporada aqui até a poeira baixar e depois conseguir sair do país, com todos os golpes que já apliquei tenho dinheiro suficiente para morar em qualquer lugar do mundo, já fiz meu pé de meia e tenho meu futuro garantido.

Chego na estrada que leva a fazenda e desço do carro de aplicativo, pois esses tipos de carro de passeio não são indicados para andar por esse chão de barro e pode atolar com facilidade, pago a corrida e sigo andando e não demora a encontrar um homem montado no cavalo indo para a mesma direção que eu, inicio uma conversa e descubro que ele trabalha na fazenda.

_ eu me chamo Diego e sou amigo dos Avilares, Gerônimo, Gaspar e Galvão.

Falo o nome dos irmãos para ele acreditar em mim e completo:

_ eu sou Doutor!

Digo que sou doutor, porque essas pessoas mais simples tem admiração por doutores e isso me dará a credibilidade que preciso.

__ Doutor de gente?

Respondo suas perguntas e como já sabia ele baixa toda guarda comigo e fica a vontade.

_ Hoje é dia de festa na fazenda.

O homem fala.

_ festa?

_ o patrão que veio de exterior vai casar com a menina Angélica.

_ que patrão do exterior?

_ O Galvão!

_ Galvão voltou?

_ sim, faz um tempo já, ele se enrabichou por Angélica e fincou raízes aqui, mas ele só voltou porque o Genaro morreu, ele ganhou até herança.

_ Herança!

Falo e acho interessante, se o pai morreu, tudo foi dividido entre os irmãos e eu sei que essa fazenda é prospera e eles agora estão muitos ricos.

_ Você se importaria em me levar até o casarão?

_ De forma alguma doutor, levo com muito gosto.

Ele fala e monto no cavalo, logo estamos indo ao casarão, estou com uma mala de mãos com as coisas que comprei no shopping a pouco, o que faz ele ir cavalgando de vagar, mas não demora para eu avistar um lindo lugar cheio de flores, luzes e dá até para ouvir música instrumental, vejo algumas pessoas e parece ser algo bem reservado.

_ Chegamos Doutor!

Ele fala e eu desmonto do cavalo com minha mala.

_ Eu agradeço o favor.

Digo educado.

_ fiz com muito gosto, é muito bom saber que agora temos um doutor por essas bandas, nunca se sabe quando se vai precisar!

_ claro!

Falo e me despeço indo em direção a festa, tem uma mulher linda vestida de branco de costas segurando um buquê, algumas moças ao seu redor almejando um casamento e quando ela lança o buquê eu acompanho com os olhos.

Vejo uma morena estonteante segurar o buquê, mesmo de costas fico babando, os cabelos caem em suas costas nuas devido ao decote do vestido como cascata, uma linda e farta cascata negra, que brilha e se movem conforme seus movimentos, a cintura fina desenhada no vestido que lhe caiu como uma luva.

_ eu caso, com essa eu caso!

Falo sentindo um tesão pela linda mulher que pegou o buquê.

_ posso ajudar?

Saio dos meus desvaneios quando uma mão pousa em meu ombro e me viro para olhar quem é, e seria impossível não o reconhecer, ele tem traços marcantes, uma boca e um olhar que são suas caracteristicas gritantes.

_ Gerônimo!

A principio ele franze as sobrancelhas e me olha confuso.

_ você me conhece?

_ Gerônimo meu amigo, não me diga que esqueceu de mim! As tardes caçando zig zag e grilos saíram de sua memoria?

_ Não pode ser, Diego?

_ eu mesmo.

Falo e abro os braços na esperança de ser bem recebido.

_ Diego meu irmão que surpresa!

Gerônimo me abraça forte batendo em minhas costas e ficamos tentando um ergue o outro do chão e no fim ninguém consegue.

_ como assim Diego, você foi embora a tantos anos, o que te trouxe aqui?

Ele pergunta quando nos afastamos e agora eu tenho que usar minha maior habilidade, abro um largo sorrido e tento convencer o Gerônimo da minha sinceridade:

_ a verdade é que eu sempre quis voltar aqui para rever os amigos que nunca esqueci, mas sempre por conta da correia do trabalho não conseguia, sempre lembrei de vocês e tive o desejo de rever, tenho vocês como irmãos, enfim conseguir e agora estou aqui para ver vocês, para passarmos uma temporada juntos!

Já jogo tudo de uma só vez para saber se serei expulso ou acolhido.

_ Eu sempre me perguntava como você estava e fico muito contente em te ver tão bem, você foi um dos meus grandes amigo Diego, passamos tantos momentos bons juntos e você sempre será bem vindo em minhas terras!

_ algum problema Gerônimo?

Outros dois rapazes altos e fortes se aproximam e de cara eu os reconheço:

__ Gaspar, Geraldo!

Eles também fazem cara de confuso, mas Gerônimo logo explica tudo.

_ lembra do Diego?

_ aquele menino feio da cara de lata?

Geraldo fala zoando e logo estamos nos abraçando e zoando um com outro.

_ eu podia até ter a cara de lata, mas quem tinha o cabelo cheio de piolho não era eu!

Falo, pois teve uma época que o Geraldo pegou piolho e ninguém quis ficar perto dele, se instala um clima leve e de descontração e sempre sorridente vou levando todos no bico com lembranças boas do passado isso sempre funciona:

_ teve aquela vez que o cachorro possuído do vizinho veio parar aqui na fazenda e correu atrás do Gaspar e de mim...

Gaspar me interrompe e completa a historia:

_ Sim, nos atrepamos num pé de goiabeira e ficamos lá quase até o anoitece, nosso almoço foi goiaba!

Toco em seu ombro e sorrimos com as recordações de época de moleque, respiro aliviado por saber que tudo saiu melhor do que planejado, nenhuma única desconfiança.

_ vamos cumprimentar os noivos, lembra do Galvão?

Gerônimo fala e vai me levando até os noivos e os felicito.

_ Felicidades aos pombinhos!

_ Obrigada.

A moça com aparência tímida fala, notasse que ela é bem mais nova que o Galvão e muito bonita, filho da puta de sorte.

_ estou supresso com seu retorno Diego, vai ficar por quanto tempo?

Galvão pergunta mais sério.

_ não sei ao certo, mas não muito!

Falo e ele assente, Galvão sempre com seu jeito desconfiado e investigativo, serei cauteloso com ele. Novamente a morena estonteante volta a chamar minha atenção, ela está conversando com uma loira que segura um bebê no colo.

_ deixa eu te apresentar minha mulher!

Gerônimo fala e me leva em direção as duas mulheres, puta que pariu o Gerônimo é casado com a morena gostosa, estou fodido desejando a mulher do meu amigo.

_ essa é a Eduarda minha mulher, bonequinha, esse é o Diego, meu amigo que já te falei lembra?

_ encantado!

Estendo a mão aliviado por sua mulher ser a loira e não a morena que roubou minha atenção.

_ claro que lembro, seu amiguinho de infância.

Eduarda fala e eu volto a olhar a morena, ela também é linda de rosto, tem uma boquinha que me faria perder o juízo bem fácil.

_ essa é a Violeta, minha irmã, nossa irmã, lembra dela?

O soco vem! Parece que fui acertado bem na boca do estômago, essa morena espetacular é a Violeta minha irmãzinha do coração? Quando ela cresceu assim?

_ Di!

Ela me chama e eu a olho nos olhos e a vejo, seus lindos olhinhos doces, seu rosto suave e lindo, o tempo passou e Violeta cresceu, me recrimino por ter tido pensamentos indevidos com ela, Violeta sempre foi como uma irmã para mim e sempre continuara a ser:

_ irmãzinha!

Falo e ela me abraça, mas o corpo não é o mesmo, não é mais um corpo magro e sem atributos que antes me abraçava, agora eu abraço um corpo cheio de curvas e volumes no lugar certo.

_ Di, que alegria te ver do novo!

Ela me abraça totalmente inconsciente de como sua beleza é fatal, mas Violeta ainda continua sendo minha irmãzinha.

continua...

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