Capítulo 3
P.V. LUIZA
Acordei com um sorriso no rosto. Minha noite não foi das melhores, pelo menos não na festa. Agora tenho um amigo novo. E consegui melhorar um pouco a minha noite, mesmo não sendo uma das melhores companhias naquele momento.
FlashBack On
Praticamente fomos o caminho todo em silêncio, eu apenas falava o caminho para ele. Eu estou meio nervosa como se eu fosse uma adolescente com seu primeiro namoro, mas não.. Sou uma mulher casada e tenho filho. Acabei rindo com o meu pensamento.
- Que foi? – Perguntou risonho.
- Nada não. – Respondi depois de rir.
- Vai falar. – insistiu.
Respirei fundo e parando de rir.
- Não é nada de importante.
Olhei para ele sorrindo e o mesmo estava sorrindo. Que sorriso.
- Então me fala um pouco de você.
Aí merda! Não posso falar muita coisa, ainda mais que sou casada com o Robert, apenas porque ele tem muitos inimigos e eu não conheço Oliver direito. Mas o que falar? Minha vida está resumida a Robert.
- O que você quer saber? – Perguntei.
- Hum... Quantos anos você tem?
- 20 anos e você?
- 22 anos. E o que faz aqui em São Paulo?
- Eu... Estou a passeio...
Ele riu.
- Tudo bem se não quiser falar. – Menti.
Continuamos o caminho em silêncio. Percebi que estávamos quase chegando na casa do Robert, então pedi para Oliver parar um quarteirão antes. Falei que eu morava por ali mesmo.
- Você menti muito mal. – Riu – Mas tudo bem, não quer falar onde mora? Ok, mas a gente vai se ver de novo, não é?
- Sou casada. – Falei sem pensar.
Oliver riu e pegou na minha mão esquerda e a beijou.
- Eu sei, eu vi o anel.
- Não se importar com isso?
- Você não parece estar feliz no seu casamento. Então por que eu me importaria?
Fiquei sem saber o que falar ou até pensar...
- Me passa seu número?
Sim ou não? Sim ou não? Sim ou não? Sim ou não?...
- Claro.
Trocamos nosso número antes de sair do carro Oliver. Ele me abraçou e deu um beijo no canto da minha boca o que me fez corar um pouco e ele riu por eu estar tímida.
FlashBack OFF
Aquele homem é encrenca! Será mesmo que estou disposta a arriscar?... senti um braço ao meu redor me abraçando, olhei para o lado vendo Robert deitado de barriga para baixo e seu braço em cima de mim.
Era muito difícil eu acordar com uma cena dessa, tipo muito difícil mesmo e confesso que nem sei como reagir com isso. A única coisa que me lembro da noite de ontem é ter chegado e não ter encontrado o Robert em casa, claro ele estava com outra e não voltaria tão cedo.
A porta do quarto foi aberta e eu vi Gustavo entrando correndo, mas parou, olhou para mim e o Robert e sorriu malicioso.
Robert está estragando o meu filho.
- Bom dia, mamãe. – falou e deu um beijo na minha bochecha.
- Bom dia, bebê.
- Mãe. – Gustavo cruzou os bracinhos e fez bico. – Eu não sou mais bebê, eu sou um...
- Homem. – Robert completou a fala do filho.
Robert me puxou juntando nosso corpo um no outro de forma que ficássemos de conchinha e chamou o Gustavo para subir na cama.
- É mamãe, nosso filho está crescendo. – Robert falou no meu ouvido fazendo meu corpo arrepiar.
- Papai vamos no Shopping comigo e com a mamãe?
- Claro e melhor vamos passar a tarde todos juntos.
Gustavo começou a pular na cama de tão alegre que estava e se jogou em cima do Robert fazendo ele me soltar para segurar o filho. Preciso falar que minha boca estava em perfeito “O”? O Robert estava calmo e iria passar a tarde em casa e com a família? Isso está realmente acontecendo?
- Vai atrás da sua babá e coloca uma sunga para ficarmos na piscina.
Gustavo obedeceu o pai sem pensar duas vezes, Robert se espreguiçou e foi para o banheiro. Eu ainda estava deitada na cama tentando entender o que estava acontecendo.
Robert saiu minutos depois do banheiro vestindo apenas sunga, ele colocou o cabelo todo para trás e me encarou.
- Vamos?
Hã? Ele quer que eu vá para piscina com ele? Ok, isso é estranho, muito estranho.
- O que você fez com o Robert? O verdadeiro Robert?
Ele abaixou a cabeça suspirando e depois soltou uma risada baixa.
- Que tal, uma trégua? Pelo menos hoje?
Oi? Trégua? Percebi que estava demorando muito para responder.
- Tá bom. – Foi o que eu consegui falar.
[...]
Passamos a tarde toda juntos sem briga, sem indiretas, sem pequenas discussões e sem nenhum problema. Passamos em perfeita harmonia e parece que até o Gustavo notou isso dava para ver o sorriso dele maior.
Era hora de ir para o shopping, coloquei uma roupa fresca e fui arrumar o Gustavo. Eu queria colocar uma roupa fresca e sem exageros nele já que a noite estava meio abafada, mas ele não deixou e falou que tinha que ser muito lindo para pegar as gatinhas. Preferi não discutir se não a gente, não sairia dali tão cedo.
Todos prontos entramos no carro e seguimos para o shopping. Enquanto Gustavo ficou no parque brincando, ele desistiu de ficar chique para as gatinhas e me deu a blusa de frio e os sapatos, quase tirou as calças falando que estava muito calor. Robert e eu fomos para uma lanchonete de frente para o parque de lá dava para ver o Gustavo.
- Por que ele quis vir todo arrumado?
- Diz ele que era para pegar as gatinhas. – ri.
- Ele está aprendendo. – falou todo orgulhoso.
- Robert, você está estragando meu filho.
- Nosso filho. – corrigiu. – hoje foi legal poderíamos fazer isso mais vezes.
- Poderíamos?
- Sim, não ligo de estender a trégua por mais tempo.
Aí. Meu. Deus. Ele quer tentar? Tipo eu e ele? É isso que estou entendendo? O celular do Robert começou a tocar e ele pediu licença e se afastou da mesa. Eu ainda tentava entender o que estava acontecendo, mas meu celular apitou avisando que havia chegado mensagem.
“Boa noite, vamos nos ver?” – Oliver.
Meu Deus as coisas estão acontecendo muito rápido. Olhei para os lados e nenhum sinal do Robert, então aproveitei para responder o Oliver.
“ Boa noite, hoje não vai dar”
“Amanhã? Por favor.” – Oliver.
“Se der eu te aviso”
“Tá bom, beijos” – Oliver.
Não respondi a última mensagem e guardei meu celular. Minutos depois Robert apareceu com uma cara nada boa.
- Está tudo bem?
Ele respirou fundo.
- Luh, preciso falar uma coisa com você.
Luh? Ele me chamou de Luh? Alguém abduziu o Robert só pode, mas minha preocupação só aumentou.
- O que aconteceu? Alguém morreu...?!
- Ei, relaxa. – Riu – É que minha mãe me ligou e quer ver o Gustavo... Mas sem você por perto...
Revirei os olhos, antes eu era uma ótima nora, agora ela me quer bem longe dela. Se possível de toda família, mas claro meu filho ficando com eles.
- Ela está no Brasil?
- Não...
- Robert...
Não gosto nada quando o Robert faz viagens longas e ele leva meu filho junto.
- Ele vai ficar bem, sabe que eu não deixaria nada de ruim acontecer a ele.
- Mas Nova York é longe.
Robert pegou na minha mão e sorriu.
- Quer ir comigo?
- A sua mãe...
- Não precisa ir na casa dela, a gente fica em um hotel.
Pisquei algumas vezes e puxei minha mão.
- Está tudo bem, podem ir.
O que estou fazendo?
- Você não quer ir?
- Não, vou aproveitar e ver minha mãe...
- Luiza...
- Ou nem isso posso fazer? – Perguntei meio estressada.
Robert se assustou com minha mudança de humor, ele assentiu e ficamos olhando o Gustavo brincar.
Eu não queria reconquista-lo? Não queria dar uma chance para gente? Tudo mudou? Por que? Por causa da mulher que ele ficou? Não. Oliver? Mal conheço ele. O que então? Por que parece que o Robert está disposto a tentar…