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Capítulo 3

Respira Maria Eduarda. E, simplesmente, fala a verdade.

Como se fosse fácil.

— Isso, Duda. - Ninguém nunca me chama assim, apesar de ser um apelido comum. E frio sobe pela minha barriga quando ele diz essas palavras. — Por quê você me beijou?

— Isto é uma reclamação?! - Mais uma vez tento fugir.

— Não. Mas você me deve uma explicação.

— Por quê? - Pergunto e ele revira os olhos.

— Explica, por favor. - Ele parece estar com muita raiva.

— Juro que te explico amanhã, mas vou perder meu ônibus se eu não for agora e- Eu estava tentando pensar em alguma desculpa. Não que eu deva, mas, é o mínimo depois de tudo.

— Vem. Eu te levo. Você terá tempo para me contar. - Ele não me dá opção. Segura minha mão e seguimos para o carro dele. Socorro!

— Do começo? - Pergunto enquanto entro no carro e ele assente. — Ok... hmmm... Então, há um dias estávamos conversando sobre os atletas que nunca ficam solteiros enquanto os nerds só focam nos estudos. E surgiu seu nome, porque, aparentemente, você não ficava com ninguém. — Ele revira os olhos, mas liga o carro e começa a dirigir. — No sábado, eu e as meninas jogamos verdade ou desafio. Elas me desafiaram a beijar você. — Ele está em silêncio. Mas respira fundo e seus ombros parecem mais relaxados. — Você está com muita raiva?

— Não muita. - Ele solta o ar. — As coisas se complicaram com a Júlia por causa dessa brincadeira de vocês.

— Você gosta dela?! - Não disfarço a surpresa na minha voz.

— Esta não é a questão, Maria Eduarda. Você nunca conversou comigo em todos estes anos, não deveria ter vindo e me beijado do nada. Não é uma reclamação, mas eu gostaria de ter sido consultado.

— Eu deveria pedir permissão? - Questiono com as sobrancelhas levantadas. Ele sorri de lado e nega com a cabeça. — Eu agi sem pensar, ok?! Desculpa.

— Tudo bem, mas, já que você me roubou um beijo-

— Você retribuiu, nem vem... - O interrompo.

— Sou homem, lógico que eu retribui.

— É machista que fala?!

— Enfim,- Ele revira os olhos. — Preciso de um favor.

— Um favor meu?

— Preciso que finja ser minha namorada, só por uma noite. Amanhã terá um jantar da minha família. - Ouço com atenção. Eu sei que vai dar merda! — É aniversário da minha vó e juro que não aguento mais perguntas sobre namoradas. Meus pais vão me deixar em paz depois de te conhecerem. Você nunca mais vai precisar vê-los. É apenas pra eles pararem até que chegue minha aceitação na faculdade, depois disso, digo que terminamos por conflito de interesses. - O plano parece bom. E lá no fundo sinto que devo isso a ele.

— E a Júlia?

— Com ela é diferente! - Ele desvia o olhar.

— Diferente como? - Eduardo para em frente à minha casa. — Como sabia onde eu morava?

— Eu só sei. - Ele dá de ombros. — Olha, não vamos falar da Júlia. Você pode me ajudar? - Seus olhos de suplica não me deixam outra escolha.

— Claro que sim. Mas começa e termina amanhã. - Aviso.

— Não vai passar disto. - Ele sorri, satisfeito.

— Mas eu quero saber: Por quê eu e não a Júlia?

— Com a Júlia tem... sentimentos. Não posso envolvê-la em uma "mentira".

— Isto é porque ela está super afim de você e você não dá a mínima?!

— Não é isso. - Ele respira fundo. — Eu também sou a fim dela, mas não posso ter nada agora. Sei que ela gosta de mim tanto quanto parece e disse que vai me esperar.

— Uau, nunca pensei que ouviria essas palavras do nerd mais cobiçado da escola. Mas por quê não agora?

— Estou focado nos meus estudos no momento. Resumindo, apesar de saber que ela é a garota pra mim, tenho outras prioridades.

— Mais uma pergunta: Por quê eu e não outra garota?

— Porque você me deve. - Ele sorri de lado.

— Mais ou menos, né?! Mas tudo bem.

— Vou te explicar tudo, nada vai dar errado. Eu prometo.

— Se você diz. - Dou um beijo no rosto dele. — Até amanhã.

Saio do carro sabendo que eu me dei mal!

•••••

Eu já sei que me envolvi na maior enrascada. Beijei o garoto, arrumei encrenca com a garota que ele gosta e ainda vou ter que fingir ser a namorada dele por uma noite. Para quem queria um ano "diferenciado", este está saindo melhor que a encomenda. E o meu manual foi deixado de lado, mais uma vez, até a manhã de quarta.

Em casa, mais tarde, Eduardo manda mensagem pro meu WhatsApp:

Eduardo: O nome da minha mãe é Rita e do meu pai é Luís. Tenho uma irmã caçula de 2 anos, Bianca.

Maria Eduarda: Bom saber.

Eduardo: Grava essas coisas pra amanhã. Você tem que saber desses detalhes.

Maria Eduarda: Não se preocupa tá? Aliás, desculpa pelo beijo e pelo tapa na Júlia.

Eduardo: Você não deveria ter batido nela. Não faz mais isso, tudo bem?! Sobre o beijo: uau.

Maria Eduarda: Você gosta mesmo dela, né?!

Eduardo: Você não sabe o quanto. Nunca falei sobre isso com ninguém.

Maria Eduarda: Pode falar comigo, se quiser. Ela sabe?

Eduardo: Sim. Mas também sabe que não deixaria meus estudos assim. Tenho metas.

Maria Eduarda : Por que não incluí-la nos seus objetivos?!

Eduardo: Não é tão simples quanto parece. E ela disse que esperaria. Tomara que seja assim, não sei se encontrarei alguém tão perfeita pra mim quanto ela.

Maria Eduarda: Uau... Espero que ela te espere. Mas não seja tão radical, o tempo pode mudar muitas coisas.

Eduardo: Talvez, mas nunca vou esquecê-la. Mesmo que esteja com outra pessoa.

Maria Eduarda: Ela tem sorte.

Eduardo: E você, Duda?!

Maria Eduarda: Vish... Tenho que sair aqui. Amanhã a gente se fala. Beijo

Largo o celular e fujo da pergunta. Meu plano é secreto e, apesar dele ter contado seu "segredo" para mim, não estou pronta pra me abrir assim.

•••••

Vou pra escola. Sinceramente, meio desanimada. Não tenho nenhum plano pra botar em prática hoje, o que deixa meu dia monótono. Sorte que agora tenho amigas que logo animam meu dia.

A Júlia não me olha mais. Eu posso ter vacilado, mas não sou 100% culpada. E o Eduardo não falou ou olhou pra mim hoje também, apenas na saída, disfarçadamente, me disse que me buscaria às 18 horas.

A noite promete!

Já informei aos meus pais que vou sair pra um jantar com um amigo. Eles se olharam com cumplicidade e me disseram que também sairão durante a noite.

Pontualmente, às 18 horas, o Eduardo chega. Ele está encostado em seu carro, vestido com um terno, mas sem gravata, blusa gola u preta e tênis preto cano alto.

Estou vestindo uma saia salmão Mullet, cropped branco e salto branco, o cabelo solto em cachos e maquiagem bem iluminada. Eduardo me encara, boquiaberto.

— Tá bom, tem lenço no seu carro pra limpar essa baba toda?! - Falo, me achando, mas brincando. Sei que ele é apaixonado por umas das meninas mais lindas da escola.

— Eu teria que ter uma toalha. Lenço não ia adiantar. - Dou um tapa leve em seu braço.

— Seu bobo.

Vamos para o carro e prevejo uma noite divertida.

•••••

Oi gente,

Lembrando aos meus amores que estão relendo aqui, NO SPOILER!

Próximo cap é sobre o encontro deles. E vocês me pediram detalhes. Então se preparem pra uma enxurrada deles. Cap cheio de novidades.

Comentem: Vocês já fingiram que namoravam alguém? Se sim, me contem. Se não, vocês fariam? Eu já fiz pra ajudar um amigo, mas acabei me confundindo um pouco e gostando dele. Mas passou rápido.

Chamem um amigo pra ler VouD.

Tem mais histórias esperando por vocês no meu perfil!

Amo vocês.

Beijos, S.

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