Capítulo 1

Acordo pontualmente às 6 da manhã com ajuda do meu despertador que não possui modo soneca. Eu já havia selecionado o que vestir em meu primeiro dia de aula.

Como bem observado em minhas pesquisas, chamar atenção apenas para o que importa é essencial, afinal não quero passar a impressão errada. Decido por usar minha calça jeans favorita, uma Blusa branca de manga comprida, uma jaqueta preta estilo motoqueiro e uma botinha preta. Não forço muito na maquiagem, apenas destaco meus olhos e uso um pouco de iluminador.

Eu sempre gostei de pulseiras, brincos grandes e acessórios. Comprava sempre que podia, mas nunca tive coragem de usar. A verdade é que eu tinha medo de alguém rir ou zombar de mim pelo meu gosto. Ser quem eu sempre quis ser me dava medo.

Mas isso era antes.

Coloquei pulseiras pretas e algumas coloridas, todas apertadas ao meu pulso esquerdo. Um brinco de argola não muito grande. Uma última checada no espelho e pronto. Por fora eu estava como sempre quis estar, por dentro eu estava apavorada em pensar como os outros aceitariam toda esta mudança.

Mamãe e papai não falaram nada quando me viram, apenas se entreolharam e, vez ou outra, trocavam sorrisinhos achando que eu não estava vendo. Acho que eles esperavam esta mudança tanto quanto eu.

Chego a escola cedo. Vou de ônibus como a maioria dos alunos que não possuem carro. Ao chegar lá vou direto para a minha sala e me sento nos primeiros assentos, como de costume. Só que dessa vez não me retraio, tento manter uma postura relaxada.

De onde estou consigo ver todos que chegam e esse é mais um do motivos de eu me sentar na frente. Mas, o principal deles é que, independente do grupo escolhido, minhas notas não devem perder o padrão que venho conquistando no decorrer do ensino médio. Até porque a vida vai além desses três anos.

Alguns alunos que eram da outra turma e muitos alunos novos entram e se sentam nas cadeiras.

Conto três meninas novatas e já penso se não seria uma oportunidade de fazer novas amizades. Talvez até criar o grupo das novatas. Está certo que eu não sou uma, mas eu me sinto assim. Quer dizer, sou uma nova eu, não é mesmo?

Na primeira chance que tenho me aproximo delas. Por dentro eu estava muito nervosa, mas por fora exibia um sorriso confiante. No final de tudo, sentamos juntas na hora do almoço e acabei descobrindo que posso ter encontrado meu lugar, porque, finalmente me sinto parte de algo. É incrível como nós nunca ficamos sem assunto, é como se elas me enxergassem e não julgassem quem sou.

Sinto que perdi tempo me escondendo e, agora, fico aliviada por saber que eu não sou mais invisível.

Apesar de saber que fiz a melhor escolha, sinto certa instabilidade nas minhas amizades. Uma vez que elas descubram fazer parte de outro grupo como líderes de torcida ou ginastas, por exemplo, meu projeto zera e aí eu não saberei o que fazer.

Para alguém que não sabe o que é ter um amigo, é muito fácil se apegar a qualquer pessoa que ofereça o que tanto precisamos. E em alguns minutos, eu já temia perder as minhas amigas.

Por isso já busquei criar vínculos com histórias de vida, segredos e planos futuros. Incentivo-as a contarem sobre si e conto um pouco sobre mim também. Por sorte, nenhuma delas é adepta aos esportes.

Hellen, Giovanna, Rafaella e eu formamos um novo grupo: As Novatas!

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Confesso que me imaginar com algum garoto é mais difícil do que escrever o manual

Confesso que me imaginar com algum garoto é mais difícil do que escrever o manual. Mas lá no fundo eu penso como seria bom ter alguém. Eu gostaria que alguém me olhasse como os caras apaixonados olham para as mocinhas, sabe?!

Acho que esta é a principal razão para eu ter me desafiado a arrumar um namorado.

Como no dia anterior eu não havia escolhido possíveis romances, decidi que hoje ficaria de olhos bem abertos. É na hora do intervalo que opto por três possíveis pretendentes:

O primeiro é o Gabriel. Ele faz parte do time de natação. Tem olhos e cabelos castanhos, é inteligente, alto e musculoso. Eu não acharia ruim verificar seu tanquinho.

O segundo é o John, que é parte do time de futebol. Tem o cabelo loiro e os olhos verdes, um pouco menor do que o Gabriel, mas magrinho. Ele nunca falou comigo de fato, mas, vez ou outra trocávamos sorrisos. Quando me lembro disso sinto um frio na barriga.

Por último temos o Eduardo. O nerd dos nerds. Líder de seu grupo, olhos verdes e cabelos negros, alto e seus músculos chamam atenção de qualquer garota. O conheço desde o início do Ensino Médio e seria legal ter alguém inteligente pra conversar.

O conheço desde o início do Ensino Médio e seria legal ter alguém inteligente pra conversar

Definido os três, é hora de ir para o próximo passo.

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Eu e os meninos somos da mesma sala, o que contribuiu para as minhas escolhas.

Apesar de prestar atenção as aulas, mantenho um olhar nos meninos. Preciso pegar todo tipo de informação para saber o que seria melhor para mim. Se eles quiserem também, né?!

Vejo que as meninas ficam muito em cima dos atletas, isso já era de se esperar. Vai ser difícil chegar até eles. E de chamar atenção também. Competir com líderes de torcida e ginastas com o corpo perfeito parece meio impossível a esta altura do campeonato.

Eduardo também tem várias meninas dispostas a conquistá-lo, mas ele parece focado em seus estudos. O que me mostra que tenho alvos bem dificeis de alcançar.

Defino, então, durante a aula, meu foco principal. Apesar de ser um pouco inacessível, Gabriel parece minha melhor opção.

Ao término da aula, pergunto para as meninas se querem dormir na minha casa no sábado. Parece rápido, eu sei, mas eu preciso de uma melhor amiga pra chamar de minha. Todas confirmam. Então, tenho uma "noite do pijama" para planejar.

Indo em direção ao ônibus, vejo Gabriel entrando em seu carro esportivo azul, acompanhado de seus amigos do time.

Era minha deixa, mas eu não saberia como fazer. E minhas pernas não parecem estar em estado sólido. Então deixo pra depois. John vai embora com seus amigos e não vejo Eduardo sequer sair do colégio.

Mas, enfim, hora de ir para casa.

Entro nas minhas redes sociais e adiciono todos que conheci nesses primeiros dias.

Aproveito e colho informações sobre os garotos: Família, ex, atividades e comidas favoritas, bandas e música, tipo de humor... Quem nunca stalkeou?!

Anoto tudo como se fosse uma pesquisa e fico balançada com relação a minha escolha, afinal John tem mais a ver comigo do que eu imaginava, ultrapassando em todos os pontos o Gabriel. Em contrapartida, Eduardo e eu não temos nada a ver.

Após o jantar vou para o meu quarto e tenho uma conversa com minha mãe,

a melhor conselheira da face da terra, e isso ajudou a acalmar minha ansiedade.

Minha dúvida era se é melhor estar com alguém que tem tudo a ver com você, com alguém que não tem nada em comum ou com um neutro.

Ela me respondeu que o tempo e meu coração dirão. Mas que não tem problema não ter nada em comum com alguém, se vocês se amarem, terão isto em comum. E estar com alguém que compartilha dos mesmos pensamentos que você é divertido, mas mais pra uma amizade. Escolher o meio termo foi bom no fim das contas. Agora resta eu me apaixonar e fazê-lo sentir a mesma coisa.

O que não vai ser nada fácil.

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Hoje eu vou falar com o Gabriel. Ainda não sei como e nem o quê. Mas é um objetivo e ele vai ser cumprido. O primeiro passo é o look. Uso uma saia preta e colada, que imita couro, mas juro que é legal e apropriada. Prendi o cabelo num rabo de cavalo moderno, maquiagem básica e iluminada.

Chego pontualmente a minha primeira aula. Eduardo já está aqui, como sempre. Nunca vi esse cara faltar uma aula. John chega atrasado, Gabriel ainda não chegou. Observo então John, minha segunda opção. Mas que poderia ser a primeira porque ele é lindo de um jeito que não consigo descrever. Viro para Hellen, que está sentada ao meu lado.

— Aquele John é gato. - Sussurro.

— Gato e gay.

— Fala sério. - Quase grito, meus olhos arregalados denunciam minha falta de percepção para essas coisas.

— Vai me dizer que não percebeu?

— Sou péssima nesse quesito. - Tento parecer mais desapontada do que surpresa. Ela ri.

O professor entra e começamos a aula. Tento dar umas olhadas para tentar perceber o que Hellen havia me contado. E, como é que não notei de primeira?!

John não é aquele gay escondido e começo a vê-lo como alguém que eu gostaria de ser amiga.

Ao lado dele se senta a Júlia, a nerd mais linda que eu já vi. Apesar de sua beleza, ela vive se jogando para cima do Eduardo.

Amor próprio e ela não parecem andar juntos.

Pensando bem, contra a beleza de Júlia e a obstinação do Eduardo pelos estudos, eu não teria a menor chance mesmo. O que, mais uma vez, prova que Gabriel foi a melhor escolha.

E, por falar nele, ainda não apareceu hoje.

Então, uma coisa me chamou atenção: Observando as reações do Eduardo, ele realmente não dá a mínima pra Júlia, deu até dó da menina. Fico olhando por um tempo as atitudes dela, analisando cada detalhe para saber o que NÃO fazer.

Eduardo me pega observando e prende meu olhar. Não desvio, porque adoro um desafio. Nos encaramos até o sinal tocar e ele ir para o refeitório como se nada tivesse acontecido.

A verdade é que não aconteceu mesmo.

Demoro um pouco mais para arrumar meu material dentro da mochila, liberando as meninas para irem na frente.

Quando chego a minha mesa, elas já estão lá e é a Giovanna quem está falando.

— Estão comentando que a Lays e ele estão ficando.

— Quem está ficando? - Tento entrar na conversa.

— A Lays da outra turma e o menino da natação que faltou hoje. Eu não sei o nome dele.

— Gabriel? - Engulo em seco e pergunto.

— Esse mesmo. Foram rápidos, né?! Primeiro dia de aula e já se pegaram. - Rafaella comenta e sinto meu projeto finalizando antes de começar. Só tenho mais uma opção. E tenho que apostar nela.

— Esses atletas nunca ficam solteiros. - Dou uma falsa revirada de olhos e elas concordam. — Se eles se empenhassem para estudar o tanto que se empenham pra namorar, já estariam formados. - Digo, tentando chegar onde quero. — Agora, os nerds não estão nem aí pra isso.

— Eu não diria isto. - Rafa diz. — Aquele Eduardo é lindo e poderia pegar quem quisesse. Eu me incluo nessa.

— Talvez. Mas acho que ele está muito focado nos estudos, namorar é a última coisa que ele quer. - Digo.

— Só se for depois da Júlia. Aquela lá é a presidente do Fã clube do Eduardo. E anota o que estou dizendo, ela vai pegar ele antes do final do semestre, se é que já não pegou. Já dizia o ditado: água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

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Notas da autora

Oi gente,

Tem alguém aí?

Comenta qual garoto você investiria e quem você escolheria pra ser sua melhor amiga.

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Confere lá!

Amo vocês.

Beijos, S.