Destino - Maktub - já estava escrito
Prólogo
“Ela movia seu quadril e meus olhos acompanhavam cada movimento com o desejo crescente em meu corpo. Ela era como uma serpente pronta para o ataque e eu não me importava com isto, Zafira era o meu veneno e o antídoto concentrado em curvas suas perfeitas. Seu olhar era sedutor, ela sabia do seu poder sobre mim. Eu não aguentava mais, levantei-me e ela continuou seus movimentos, puxei-a pela cintura e beijei sem nenhum pudor.
— Maktub... — ela sussurrou e eu aprofundei o beijo fazendo com que ela se rendesse a mim, ao menos naquele instante Zafira era minha.”
Marcello Caravaggio
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Capítulo 1
“A hora mais escura do dia é a que vem antes do sol nascer. - Provérbio Árabe”
Marrakech – Marrocos
Zafira Ziane
O sol estava se pondo quando e eu estava cansada da minha jornada. Tirei a pashmina do meu cabelo, eu já estava no pátio do Riad Hikaya, eu precisava apressar minhas vendas pois eu ainda tinha outros clientes da Vinícola de papai para visitar.
Passei pelos jardins do hotel indo direto para o bar, a música estava alta e Jamal não estava por lá, passei pelas mesas e fui direto ao corredor que descia para a cantina do Bar.
Eu não poderia esperar por muito, eu precisava apenas vender aquela safra de vinho e depois seguir para terminar o meu trabalho. Geralmente aquele horario o bar tinha pouco movimento, mas deserto daquela maneira era a primeira vez.
Desci as escadas e chamei por Jamal, era inútil a música era alta e ecoava por ali também. Quando fiz os ultimos degraus e olhei pela porta entreaberta da cantina o meu sangue gelou e meu corpo paralisou.
Em uma cadeira estava um oficial da polícia que estava coberto de sangue, na sua frente de costas para mim, um homem alto e com músculos definidos.
Estava sem camisa, e seus pulsos estavam sujos de sangue e o motivo descobri nos segundos seguintes onde ele desferiu outro golpe no rosto do policial que gemeu de dor.
O medo estava me consumindo, mas eu tinha que me conter, se eu gritasse poderia ser morta.
Eu sabia que tinha que sair daquele lugar, eu tinha que correr, escapar daquele monstro. Mas algo me mantinha exatamente onde eu estava.
O homem na cadeira tinha os olhos inchados como todo o seu rosto estava deformado, mas por uma fração de segunda abriu os olhos e seu olhar denunciou minha presença pois vi em câmera lenta quando o homem a minha frente girou em minha direção.
Apenas um gesto de cabeça que ele fez e me vi cercada por homens enormes, mas não tão grandes como aquele que estava sem camisa.
Agarraram os meus braços e me levaram para dentro da sala, eu não gritei apesar de tentar escapar. O olhar do homem a minha frente estava me deixando hipnotizada, ele não esboçava nenhuma reação em seu rosto.
— Possiamo dare fin alla ragazza, capo.
“Podemos eliminá-la agora, chefe.”
Eles eram italianos, eu conhecia bem o idioma, era um dos que eu falava, fui bem instruída por meu pai. Eu fingi não entender para saber a resposta do misterioso que me intrigava e apavorava ao mesmo tempo.
— Io non voglio questo, ao meno non adesso.
“Eu não quero isto, ainda não.”
Ele se aproximou de mim como um lobo faminto prestes a rasgar a carne de um pequeno coelho.
— Ma asmuk? — Ele falou em um árabe
“Como você se chama?”
— Mi chiamo Zafira! — Respondi em italiano.
Ele sorriu e seu sorriso era perigo e lindo.
— Fala muito bem o italiano, garota. Vejo que é bem estudada, mas não é muito esperta em enfiar o nariz onde não deve.
A sua voz era perigosa, assim como tudo nele parecia ser. Eu estava tremendo e eu fazia de tudo para não mostrar o efeito dele sobre mim.
— Eu não me interesso pelo que está fazendo aqui... — eu tentava controlar a minha voz.
— Não acredito muito nisto, piccola.
Ele me estudava girando em volta de mim, apesar do cheiro metalizado do sangue eu ainda sentia o seu perfume inebriante.
Ele estudava cada movimento do meu corpo e eu mal piscava por medo, principalmente quando entendi que ele não estava apenas dando murros no homem que estava quase morto naquela cadeira.
Em seus dedos estava um soco inglês ensanguentado. Ele precisaria de menos golpes para me deixar como o homem que estava quase sem respiro sentado ali esperando a morte.
Eu olhava as gotas que caiam no chão e isto fazia eu sentir apenas as batidas desesperadas do meu coração, papai sempre me disse “nunca demonstre o medo” fácil falar quando não se está de frente a assassino.
Eu estava tentando em me concentrar em como respirar quando escutei passos que se aproximar rapidamente, entrando naquele cômodo. Finalmente vi um rosto conhecido em meio aquela bagunça.
— Perdão Senhor Marcello, a garota não oferecerá perigo, eu posso garantir. Ela apenas vende vinho para o bar do hotel.
Ele inclinou sua cabeça ainda mantendo seu olhar no meu ele respondeu a Jamal.
— Eu te disse para não deixar ninguém chegar até aqui, caso contrário eu teria que eliminar qualquer testemunha.
Engoli em seco, ele realmente ia me matar, fechei os olhos e as lagrimas desceram, eu não conseguia nem mesmo implorar, rezei pensando em papai e Samira.
Senti o toque de seus dedos em meus cabelos. Quando abri meus olhos o rosto dele estava perto do meu e ele deu um sorriso zombeteiro.
— Finalmente algum tipo de sentimento deste olhar misterioso. Saia da minha frente, mas se você abrir a boca sobre o que viu, considere-se uma mulher morta, você e sua família.
Eu não consegui dizer nada, eu estava apenas deixando as lagrimas descerem silenciosas quando ele virou as costas para mim e fui arrastada para fora dali, quando me deixaram no bar Jamal veio até mim.
— Sinto muito, Zafira. Eu tive que sair por causa de um hospede que estava fazendo uma bagunça lá em cima.
Ele entregou uma garrafa de água e me entregou o pagamento pelos vinhos. Enquanto continuou a falar.
— Pelo seu bem, esqueça o que viu. Aqui está o pagamento, espero seis caixas do vinho. Agora vá e não olhe para trás.
Dirigi o mais rápido possível e eliminei o último lugar que deveria visitar e fui direto para casa. Eu precisava estar com a minha família.