Capitulo 5
Alex
O que eu mais gosto de fazer é ficar olhando pelas janelas da minha agência que possuem vista para o Central Park. Ali, fico imaginando como seria se a Sarah ainda estivesse viva, tenho certeza de que as coisas seriam muito diferentes do que são agora.
Sarah morreu e agora tenho uma louca atrás de mim, acusando-me de assédio sexual. Meus filhos precisam de mim. Estou ficando louco. Não sei mais o que é ter um momento de paz. Eu só queria uma coisa: ter um pouco de sossego com meus filhos, pois eles precisam muito de mim. Isso é pedir muito? Acho que não. Bom, agora tenho que cuidar deles, porque não têm culpa pelo que estou passando. E tudo por causa daquela vagabunda de primeira. Tudo que ela quer é dinheiro. Nego-me a pagar, não fiz nada. Se tivesse feito, até pagaria pela chantagem daquela golpista. Mas eu nunca iria trair a memória de Sarah por causa de uma puta sem valor, porque não quero mais nenhuma mulher na minha vida. Amava tanto a minha esposa, que quando morreu, pensei que iria morrer junto. Mas tive que ser forte pelos meus filhos. Nem chorar por ela pude...
Ouço meu celular tocar e vejo que é meu amigo, Rafael, esse sim é um dos meus melhores amigos. Só ele sabe como me senti com a morte de Sarah.
— Alô? — falo atendendo a chamada.
— Fala aí, Alex, como você está? — ele pergunta. O que devo dizer para ele, que ainda estou estava sofrendo por um amor que já perdi. Não, isso ele já sabe. Então, sempre dou a mesma resposta.
— Estou bem, Rafael! — respondo cansado do mesmo papo.
— Que bom, amigo. E as crianças como estão? — pergunta curioso.
— Bem, também — digo, enquanto olho o meu Rolex e vejo que já estava na hora de ir para casa. — Qual o motivo da ligação nesse horário?
— Estava com saudades de te atormentar — fala em tom de riso.
— Nossa, sério. Você precisa mesmo arrumar uma namorada com urgência! — brinco.
E me lembro de todas as vezes que o Rafa me ajudou. Já fiz tantas besteiras querendo me matar. Que só ele sabe! Muitas vezes eu saía bêbedo dos bares, pedindo a Deus que o pior acontecesse para que assim eu ficasse novamente com a minha Sarah. Acho que o Rafa tenta me distrair de todas as maneiras, para que eu não mergulhe nos meus piores pensamentos...
— Estou com saudades das crianças — Rafa comenta.
Sinto na sua voz o amor que tem pelos meus filhos, também o adoram, afinal, o tio Rafa sempre faz tudo que eles querem.
— As crianças também sentem sua falta, apesar de você não ser boa influência — brinco em resposta ao seu comentário, sabendo que o Rafa nunca faria nada contra meus filhos e nem meus outros amigos.
— Nossa, Alex. O que você pensa de mim? — ele geme se fazendo de coitado.
— Rafa, você parece uma criança quando está com meus filhos. Sei que não é capaz de nenhum mal para com eles, mas é cada coisa que você apronta junto àquelas crianças... Chega de enrolação, me fala logo o motivo da ligação? — falo, impaciente.
— Já que você está todo delicado comigo, vou direto ao assunto. Já contratei um guarda-costas para ficar perto de você e das crianças.
Quando ele me diz isso, fico meio surpreso. Não imaginava que ele já tinha encontrado alguém tão rápido para o serviço.
— Rafa, essa pessoa é de confiança? — questiono por estar mais preocupado e ao mesmo tempo com medo, de ter mais uma maluca perseguidora. E por esse motivo não deixaria uma pessoa estranha perto dos meus filhos.
— Totalmente. Conheço bem a pessoa. Eu nunca deixaria as crianças com alguém desconhecido, se não soubesse que era de confiança — Rafa responde confiante.
Isso era verdade. Meu amigo não iria colocar meus filhos em risco.
— Me desculpa, confio em você. — Sinto-me mal pelo comentário que fiz.
— Te entendo, afinal, se fossem meus filhos. — ele diz isso de modo carinhoso.
— Rafa, não aguento mais, isso! Aquela mulher é uma maldita — suspiro com pesar, mas minha vontade é ir lá na casa dela e fazê-la confessar que é tudo mentira.
— Alex, meu amigo vai dar tudo certo. Você vai ver. — Nesse momento, percebo que Rafa está mais esperançoso do que eu.
— Então, me conta o motivo de sua ligação?— pergunto curioso.
— Amanhã, você tem alguma reunião ou compromisso logo cedo? — Rafa pergunta.
— Só um momento, vou ver na minha agenda... — Vou até a mesa de lá de fora onde fica a minha secretária e verifico.
— Como assim, senhor Mendonça, procurando a agenda? — ele provoca.
—Nossa, o que houve? Está atacado, meu filho? — questiono.
— Meu amigo, é muito engraçado vê-lo fazer algumas, coisas sozinho, sem pedir aos outros. — Riu da minha cara.
— Hahaha, muito engraçado.— ironizo e verifico a minha agenda, confirmando que os gêmeos têm pediatra.
— Fala, estou ficando ansioso. — Rafa brinca e reviro os olhos.
— Você não para de falar — resmungo sem afirmar que o seu falatório me ajuda a distrair.
— Amanhã só posso depois das 09hs.. Os gêmeos têm consulta com o Dr. Tiago mais cedo.
— Nossa! O Tiago, faz tempo que não marcamos nada? Alex, as crianças estão bem mesmo?
— É verdade, faz tempo que não nos encontramos sem ser por um compromisso. Respondendo sua pergunta, sim, eles estão bem. Apenas consulta de rotina.
— Com saúde não se brinca. Ok. Mande lembranças para o Dr. Tiago, aliás, precisamos marcar uma saída de velhos amigos com ele?
— Pode deixar. Amanhã eu passo aí e conversamos melhor — eu lhe falo.
— Ok, vou ficar te esperando, Alex. —Terminamos de conversar e logo já me preparo para ir para casa. Saio da minha sala e ando pelo corredor que está vazio. Algumas pessoas dizem que ele é mal-assombrado, mas eu não acredito nisso. Sigo até o elevador, entro e vou para o estacionamento. Saio de lá com meu carro e fico imaginando quem será a pessoa que fará a segurança de minha família e minha casa.?
Ao chegar em meu lar, mal abro a porta de casa a tempo, pois o gêmeos vêm correndo para os meus braços. Ah, Sarah! Como eu gostaria que você estivesse aqui com os nossos filhos, me abraçando forte. Como eu sinto a sua falta, minha querida!
Sou arrancado dos meus pensamentos por um dos gêmeos; a minha princesa Valentina, que é loira como o sol que ilumina meus dias tristes. Sempre os abraço ao chegar em casa, e ainda cumprimento a babá dos pequenos, de nome Renata. Ela cuida e cozinha para os gêmeos, e eu pago um bom salário por isso. E tem uma coisa que venho reparado, ela anda me olhando diferente, um olhar de desejo, de quem quer ser comida, mas está perdendo o seu tempo, pois não faz o meu tipo.
— Papai, deixa a gente comer pizza. Por favor? — minha pequena me pede. Não gosto de negar nada para eles, mas sempre deixei bem claro que tem dias para isso.
— Minha princesa, você sabe que hoje não é dia de comer besteira. — converso com ela, e Valentina sempre me olha com seus olhos verdes lindos.
— Por favor, Papai. Eu lhe peço — ela me pede de mãozinhas juntas. Olho para meus filhos e acabo cedendo.
— Ok! Só hoje. — Eu dou um suspiro derrotado.
— Aeeeee. — eles gritam e comemoram. Tive que tapar meus ouvidos. Esses meus filhos têm um pulmão poderoso.
— Renata, pode providenciar para mim, por gentileza, as pizzas das crianças? — eu lhe peço. Ela faz um gesto afirmativo com a cabeça e vai fazer o pedido.
— Papai agora vai tomar um banho, se comportem e vão assistindo um desenho enquanto isso.
— Tá bom, papai! — eles gritam e saem correndo.
Subo as escadas até a porta do meu quarto e fico ali parado. Olho tudo ao redor e tenho a impressão de que é como se nada tivesse acontecido e a qualquer momento Sarah entraria no quarto com seu corpo envolto em um roupão... Mas caio na real. Entro e olho em volta. Pelo menos, mantive algumas fotos dela comigo, porque o restante das coisas dela foi deixado na casa de seus pais, Para que fossem doadas.
Tiro minha roupa e sigo nu até o banheiro. Ligo o chuveiro deixando o jato quente me aquecer, é inverno aqui em Nova York, está bem agradável, mesmo que eu nunca ligue para o tipo de clima. Passo o sabonete e logo me enxáguo. Seco meu corpo e volto nu até meu quarto. Vejo a porta aberta e lembro que não a deixei. Bom, não sei o que deve ter acontecido, mas coloco meu pijama e desço as escadas.
— Senhor Mendonça? — Renata me chama. E quando me viro, observo que seu uniforme está com alguns botões abertos.
— Sim, Renata. — Ela fica me olhando de um jeito que se eu lhe desse oportunidade a ela, a babá pularia em mim..
— As pizzas chegaram. — ela avisa.
— Obrigado, cadê os gêmeos? — Ainda fico meio ressabiado com o silêncio deles.
— Já estão na cozinha — ela responde e suspiro aliviado.
— Está dispensada, Renata — eu a aviso, mas percebo que fica espantada.
— O senhor não quer que fique aqui para ajudar? — insiste.
— Obrigado, mas não precisa. Quero ficar um pouco sozinho com meus filhos.
Viro de costas e saio em direção à cozinha, onde meus filhos se encontram já comendo as pizzas. Dou em cada um deles, um beijo e me sirvo. Nunca deixo de jantar com eles.
— Está gostoso? — pergunto, já que comem com tanta vontade.
— Sim, papai. — Caio responde pegando mais um pedaço de pizza. Valentina só concorda com a cabeça.
Sempre durante as refeições eu conversava com Caio e Valentina. Perguntava sobre o dia deles, como foi a escola, o que fizeram em casa, do que brincaram...
Ao terminar, levo-os para escovarem os dentes, coloco-os na cama e leio uma história até eles caírem no sono. Sempre a mesma rotina, mas eu amo fazer isso.
O quarto deles ainda tinha a decoração que Sarah escolheu, as paredes eram divididas nas cores: azul e rosa. Enquanto os gêmeos dormem, eu olho e penso... Ah, Sarah, como eles estão tão lindos. Proteja-os de onde você estiver!. Antes de eu sair do quarto, dou um beijo em cada um. Vou para o meu quarto, fecho a porta, e sigo para minha cama, deitando-me. Amanhã será um longo dia.