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Capítulo 2

Os dias se passam e chega o domingo, um dia antes da viagem. Decido arrumar todas as malas e dou uma conferida várias vezes para ver se está tudo certo, parece um toque, mas isso se chama prevenção.

Em um breve momento, lembro-me que é necessário ligar para o pai de Ben, meu ex marido Ricardo, porque ele ficará os restos dos dias com ele até que eu volte de viagem.

LIGAÇÃO ON

- Oi Ricardo, te liguei pra avisar para que esteja aqui em casa cedo, lá pelas 8 da manha, porque meu voo sai as 9 horas.

- Certo. Mas lembre de seu filho quando estiver se divertindo, ligue sempre pra ele. Afinal sua vida agora é só diversão! Não é, Dayanna?

O tom sarcástico e debochado dele me faz bufar, eu não sei como convivi 9 anos com um macho tão escroto e machista. Embora Ricardo seja um excelente pai, ele não sabe tratar bem nenhuma mulher, ele acha que humilhando e rebaixando as mulheres, pode ter o amor delas. Coitado! Por isso caí fora e não aguentei mais viver naquele casamento broxante e infeliz.

Respiro fundo e lhe digo umas verdades, pois não levo desaforo pra casa:

- Olhe aqui, Ricardo, não comece com as suas piadas, por favor! Não quero ninguém estragando meu dia! Você sabe muito bem que eu sempre me dediquei ao meu filho, ele tem tudo de melhor e quando estou de folga do trabalho, o tempo é todo para o Benjamim! Eu não sou a mãe perfeita, mas não aceito suas piadas! Posso te processar por difamação, você sabe disso!

- Tudo bem, calma. Curta muito a América com sua amiguinha! - ele responde, debochado.

- Espero você no horário combinado, e não precisa pagar a babá, eu já paguei adiantado para ela ficar na sua casa. - falo irritada.

- Ok, xau. - o filho da mãe desliga na minha cara.

Falar com Ricardo sempre resulta em estresse! Ele é extremamente frustrado por não ter passado no concurso da Polícia e por eu te-lo deixado. Eu não suportava mais ser esculhambada, da hora que acordava, até a hora que ia dormir. Além disso, o sexo era horrível, não durava nem 5 minutos, esse homem não sabia me dar prazer, só queria gozar logo e pronto. Sempre era a mesma posição, uma coisa extremamente broxante! Beijos? Faziam mais de 6 anos que não existiam.

- Como eu pude suportar esse homem, meu Deus! Perdi anos sendo infeliz somente para dar uma família unida para meu filho... - penso alto, extremamente frustrada.

A ligação de Sabrina me tira do tranze e ela fala animada:

- Oinnn!

- Oi mulher. - respondo meio triste.

- Que foi amiga? Que voz é essa? - ela pergunta.

- Imagina...

- Aff! O macho escroto! - Sabrina brada.

- Sim...Liguei pra ele vim pegar o Ben amanha e ele já veio com piada!

- Você é um ser humano, precisa se divertir, Dayanna! Esquece esse traste! - minha amiga me aconselha, irritada com a atitude de Ricardo.

Por alguns minutos nós conversamos por onde pretendemos passear e ficamos mais animadas.

- Amiga, podemos dar um pulo naquela faculdade, pra ver se você faz a sua pós graduação lá, vai que cola! -digo pra Sabrina.

- É, vamos ver, você sabe que Harvard é um pouco carinho né! - ela comenta.

Sabrina é advogada criminalista, uma baixinha que bota medo em qualquer um com seu atrevimento e inteligencia. Muitos a chamam de advogada de porta de cadeia, mas ela não liga, não depende de ninguém pra nada e lutou muito para chegar onde está hoje. O sonho dela é poder fazer uma especialização em Harvard, que só 3 meses custam 7 mil reais, em média e convertidos em reais.Isso é muito caro para ela e a deixa um pouco triste.

- E a gente não pode desviar da rota de Miami, se tivermos que ir pra lá, será um pouco caro. lembre que a agencia não vai pagar nossas viagens por fora. - ela me alerta.

- Eu sei amiga, mas eu conheço alguns amigos lá, que são americanos, aqueles que conheci no curso de inglês. Eles moram em Washigton e podem nos ajudar. - eu explico.

- Sei Day, mas você ta falando do tal do Matthew, aquele gostoso?

- kkkkkkkkk, sim. E ele está solteiro, Sabri.

- Ahhhhhhhhh!!!! Ou mai godxi! kkkkkkkkkk. Preciso melhorar meu inglês, meu sotaque fica estranho. - ela fala sorrindo.

- O meu também amiga, mas você fala direitinho. Pior era quando nós falávamos como índios, ninguém entendia.

Começo a me lembrar do pacto que fiz com minha amiga, há 3 anos atrás, de começarmos a estudar inglês juntas. Foi difícil devido a rotina, mas graças ao tutor dedicado que nós tínhamos, alcançamos a fluência.

- Amiga, vou dormir, amanha será nossa alforria! -exclamo toda feliz, cheia de expectativas.

- Ihuuuuuu! tá, boa noite migla! - Sabrina vibra.

No dia seguinte, acordo cedo e vou me arrumando para a viagem. A babá Cassandra logo chega com uma mala pronta para levar a casa de Ricardo e fala comigo:

- Dayanna, boa sorte em sua viagem e não se preocupe, vou cuidar bem do Benjamim. Aproveite e arranje um americano bem gostoso, kkkkk.

- Sinceramente, não estou afim de conhecer ninguém ainda, só curtir!

- Você é linda e chama atenção, com certeza não terá sossego!

- Ah, obrigado Cassandra!

Na hora marcada, Ricardo chega para buscar nosso filho, com cara de poucos amigos.

- Vamos Benjamim, papai chegou!

O menino corre todo alegre para ver o pai e fala algumas palavras estranhas. Ben é autista, não sabe falar corretamente, mas sabe se comunicar com as pessoas próximas.

- Ben, vem cá, pra mamãe.

Ele se aproxima de você e olha pra baixo, então eu explico que vou viajar:

- Mamãe vai trabalhar fora alguns dias e você irá ficar com o papai e Cassandra, mas todos os dias te ligarei, ta ok?

Benjamin assente e mostra entender o que eu disse:

- Não demola, mamae, xau, até logo!

Na sequencia, o puxo para um abraço, algo que ele não gosta muito e lhe dou muitos beijos, então ele corre para o pai. Ricardo me olha amargurado, se despedindo:

- Bom, boa viagem, Dayanna!

- Obrigado, Ricardo, qualquer coisa me ligue!

- Ok, eu ligo, idem! - com o olhar de desgosto, Ricardo sai.

Por ele, eu não teria vida social, só ficaria em casa para cuidar de meu filho e para o trabalho. Ele acha que eu não mereço ser feliz porque terminei com ele.

Meia hora depois, chego ao aeroporto de Natal e encontro Sabrina lá, ela esta super alegre e vem falar comigo, me abraçando forte, com aquele jeito doido dela.

- Ain amiga, to passando mal!

Dou uma gargalhada, pois minha amiga é muito engraçada e comento, cheia de expectativas:

- Eu também! Vamos realizar um de muitos dos nossos sonhos.

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