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Quem diria que Omar trabalharia para um Sheik...

Sophia

Entro na sala e vejo meus pais assistindo um filme caseiro de três anos atrás. Eles estão rindo de uma cena minha com Omar, quando sou surpreendida por ele; Omar me joga sobre seus ombros e corre comigo para o mar. É filmado meu bumbum para cima e eu batendo as pernas em protesto.

Passo minha mão nos meus cabelos castanhos, longos e pesados, detestando essa situação.

—Quem diria que Omar trabalharia para um Sheik...

Forço um sorriso para minha mãe para não parecer enfadada com o comentário. O vídeo corre com a imagem de nós dois rindo como bobos depois de ele ter me jogado na água.

Meu coração bate descompassado, mas mais por causa do meu irmão que está nessa cena também.

Que droga! Perdê-lo foi um choque tão grande....

Arrepios correm minha espinha quando Omar sai do mar e vem sorrindo em direção à câmera, ele a retira das mãos do meu irmão e começa a filmar. Tiago corre para o mar e se junta a mim.

Um aperto forte comprime meu peito.

—Mãe, chega desse vídeo! Que tal um cafezinho?

—Vou fazer. —Ela se levanta e limpa os olhos cheios de lágrimas, então ela olha para o meu pai.

Eu estranho sua atitude.

—Precisamos conversar. Sente-se. —Meu pai me diz.

Meu coração se agita. Quando meu pai fica com essa cara séria, sei que lá vem bomba, geralmente ele é descontraído, com seu jeito bonachão de ser.

Será que mamãe piorou?

—O que foi?

— Há uma semana atrás, Omar nos ligou

Eu pisco quando ele fala do meu ex-namorado.

—Pai! Deus! Esquece esse homem. E daí que ele ligou? Por que está me falando disso agora?

Meu pai suspira.

—Não seja dura com ele

—Dura com ele? Por que essa conversa agora? Ele está do outro lado do mundo. Nem se lembra mais de nós.

—Filha! Ouça.

Eu suspiro.

—Tudo bem, pai. Mas fala logo porque estou de saída. Combinei com Leonardo de sair.

—Leonardo? O mecânico?

Eu detesto isso! E daí que o cara é mecânico?

—Sim, pai. Ele mesmo.

—Eu convidei Omar para passar o natal conosco.

—Como?

—E ele aceitou.

—Aceitou?

Eu me sinto estranha ao ouvir isso.

—Pai, como o senhor convida Omar para o Natal sem me consultar?

Isso não é justo!

Na verdade, nada está sendo justo ultimamente. Meu irmão morreu há alguns meses com uma bala perdida e minha mãe entrou em depressão e está difícil sair dela.

—Pai! Você não podia ter feito isso! —Choramingo.

—Ele é como um filho para mim e para a sua mãe.

Eu respiro fundo soltando o ar com um ultrajado furor.

—Pai...Tiago se foi. O senhor viu o que está fazendo? O senhor está colocando Omar no lugar dele.

Meu pai se enfurece.

—Não é nada disso. Eu gosto de Omar e ele sempre gostou da gente.

—Tanto gostou que nunca mais apareceu.

—Ele ligou todo mês para saber de nós e de você.

Eu engulo em seco.

—Ele ligou? O senhor nunca me disse nada?!

—Ele não permitiu que eu te dissesse.

Suspiro fundo.

—Bem, então Omar aceitou?

— Sim ele virá dos Emirados para cá.

Eu solto um novo suspiro.

—Tudo bem. Avise quando ele estiver aqui, para nesse dia eu sumir.

—Boa tarde a todos.

Deus! Meu pulso acelera quando eu ouço a voz tão familiar com aquele sotaque forte.

Eu me viro lentamente e dou com Omar parado na soleira da porta. Minha frequência cardíaca aumenta e a todo custo tento manter minha respiração sob controle.

Agradeço aos céus por meus lindos olhos azul-esverdeados estarem escondidos atrás dos óculos de sol e ele não conseguir enxergar a intensidade do meu olhar para ele.

Reparo na sua barba semicerrada com nenhum fio fora do lugar. Contrariada admito sua aparência só melhora com o passar dos anos. Os cabelos castanho-escuros estão bem penteado para trás. Seu físico continua perfeito. A roupa esporte elegante deixa claro isso.

Tiro o óculos escuros e olho para o meu pai aturdida.

Deus! Claro!

Meu sabia que ele estaria aqui hoje. Foi tudo combinado entre eles. O vídeo foi só para ele conseguir tocar no assunto. Volto meus olhos para o homem que amei durante tanto tempo e que colocou sua carreira acima do nosso relacionamento.

Um dia, assistindo televisão, me espantei de vê-lo sentado ao lado de um Sheik quando nosso presidente fez uma visita aos Emirados Árabes.

—Desculpa ter entrado desse jeito, mas o portão estava aberto.

Ah Deus! Bem típico dele. Isso não mudou nada. Ele sempre surgia minha casa sem avisar.

Droga! Blasfemo quando juntamente com essas lembranças vem os momentos que ele me surpreendia e nossas bocas se uniam em um beijo.

Eh! Mas isso é passado!

—Omar. Imagina, você é de casa. —Meu pai diz muito emocionado e se levanta do sofá. Ele então o abraça. —Você está muito bem.

—Obrigado. O senhor também, não mudou nada. —Omar diz sorrindo para o meu pai e então ergue o olhar. —Oi, Sofia.

A amargura toma conta de mim quando me lembro do quanto ele me magoou. Só Deus sabe o quanto eu sofri. Não quero reviver tudo isso. A experiência foi ruim demais para eu querer vivenciá-la.

Respiro fundo.

—Oi, Omar. —Digo secamente.

Meu pai percebe o clima ruim entre nós e intervém:

—Sente-se. Eleonora está fazendo um cafezinho. Está sentindo o cheirinho?

—Eu aceito uma xícara. —Omar diz com um sorriso.

Ouço a buzina lá fora.

—Bem, fique à vontade. Eu estou de saída.

Omar me olha calado por um tempo antes de dizer:

—Não vá. Fique.

Eu engulo em seco. Eu preciso manter a calma.

—Não posso. Eu tenho um compromisso.

—Filha, sente-se. Omar quer conversar com todos. Escute-o.

Eu pisco.

—Pai, eu não posso, eu já disse. Tenho...

—Sofia! —Entrando na sala com a bandeja minha mamãe diz meu nome de um jeito autoritário.

Jogando-me no sofá como uma criança, eu me sento.

—Omar, é um prazer te ver aqui. Sente-se! —Ela diz, mais calma, carregando a bandeja com o bule e as xícaras.

Três xícaras. Sim, ela sabia que ele viria.

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