Capítulo 04
A festa rola solta e todos ficam bêbados, Elton acorda e não lembra de quase nada que aconteceu. Sua cabeça dói, ele tenta se levantar, mas tem duas garotas seminuas em cima dele.
Elton sai sem acordar às duas. Ele olha e percebe que toda a beleza da noite, desaparece, quando amanhece. Ele caminha entre o pessoal que está dormindo em todo lugar.
Elton chega no jardim e vê uma enorme piscina. Elton tira a roupa e se joga para acordar. Enquanto mergulha, ele vê os grandes olhos da garota suja de tinta. Elton quase se afoga. Ele sai e procura algo para se enxugar e colocar a roupa.
Elton- Droga, virou assombração agora? Pula fora da minha cabeça. Diz ele resmungando.
Elton pega a chave do carro e sai da casa. Durante a viagem ele liga o rádio e escuta sobre um acidente, mas ele tira sem ouvir a notícia direito.
Quando chega em casa, Naná está esperando por ele.
Elton- Bom dia doce Naná, espero que não tenha ficado acordada.
Naná - Menino travesso, claro que fiquei, queria saber se estava bem.
Elton- Eu estou. Diz abrindo os braços.
Naná- Quando ouvi a notícia do acidente, tentei te ligar, mas uma garota atendeu e não dizia nada direito.
Elton- Que acidente? Onde está meu telefone? Diz procurando nos bolsos.
Naná- Então não está sabendo?
Elton- De que Naná? Eu estava bêbado até a pouco. Do que está falando?
Naná- Ouve um acidente com uma aluna da sua formatura!
Elton- Como assim, ninguém disse nada.
Naná- Só sei o que falaram no plantão e hoje estão falando nos noticiários, parece que o carro que estava uma aluna que saiu da festa, explodiu, não salvou ninguém, pelo menos foi isso que ouvi.
Elton sente a cabeça doer mais, ele segura os braços de Naná.
Elton- Falaram o nome da pessoa?
Naná- Ainda não, estão verificando melhor, só sei que morreram todos do carro.
Elton- Não brinca com isso Naná.
Naná- Por acaso sou mulher de brincadeira? Só falei o que estão dizendo.
Elton fica nervoso andando na sala. Ele tenta lembrar se alguém saiu bêbado da festa.
Elton- Eu preciso do meu telefone, não sei os números de cor. E minha agenda está toda nele.
Naná- Deve estar com alguma piriguete que ficou ontem. Disse ela com o rosto zangado.
Elton- Fiquei tão bêbado que não consegui nenhuma piriguete Naná, deixei todas na mão. Disse rindo. Vou voltar e procurar descobrir quem sofreu o acidente e encontrar meu telefone.
- Agora não, você vai me ouvir. Diz seu pai entrando na sala.
Elton olha para ele.
Naná- Escute filho. É importante.
Elton quando vai responder, seu pai diz logo.
Pai- Tivemos uma queda na bolsa, temos três dias para pagar as dívidas, se não pagar, vamos para a rua sem nada. Ele diz com a mão no bolso.
Elton olha seu pai de boca aberta. Ele não acredita no que escutou.
Elton- Como assim? Você está louco.
Moliner- Queria estar, mas aconteceu, esquece que eu usava o meu dinheiro para tudo? Até para seus caprichos? Você exagerou Elton, é espantável como uma pessoa não controla sua vida, parabéns, conseguiu afundar tudo com sua rebeldia, suas extravagâncias. Agora tenho um rombo no meu caixa por sua causa, e um monte de dívidas com prazo para pagar.
Elton- Eu tenho o meu dinheiro. Não usei o seu.
Moliner- Tem certeza? Foi ao banco e fez o procedimento correto? Pois, pelo que me consta, você usou o meu, tudo que gastou saiu do meu bolso.
Elton senta desnorteado, ele tenta lembrar se fez o que o pai falou. Mas não lembra de ter feito. A última vez que foi ao banco, foi para assinar uns documentos, assumindo a herança dele.
Moliner- Eu passei a noite com os advogados, pensei em te pedir ajuda, um investimento ou um ressarcimento dos seus gastos. Seria o suficiente para não cair na lama. Mas descobri que você tem sessenta por cento das empresas, eu tentei esse tempo todo ter uma conversa civilizada com você, mas não foi possível. Então tomei uma decisão, estou lhe entregando suas empresas, mesmo sabendo o que sente por mim, eu tentei. Mas você não ajudou. Então está na hora de ser homem. Estou me mudando e deixando tudo, afinal é o dono, eu era quem trabalhava para te dar boa vida. Se quiser continuar a viver com um playboy de luxo, trabalhe, eu cansei.
Elton- Você não pode fazer isso!
Moliner- Tem certeza? Acho bom procurar um advogado e ver de quem são as empresas. Naná, peça que peguem minhas malas e leve para meu carro. E você Elton, aprenda com seus erros. Me culpa pela morte de sua mãe, mas um dia vai descobrir toda a verdade. Precisa de um telefone? Aqui tem um. É seu.
Moliner joga um celular em direção a ele. Depois vira e sai da sala.
Elton- Volta aqui, como joga uma bomba sobre mim e vira a costa?
Moliner- Seu tempo acabou. Há tem mais, sabe a garota do acidente? É a mesma, que você e seus amigos jogaram tinta sobre ela. Tão esperto filho, e nunca soube que eu sabia de tudo. Cada passo, cada atitude.
Moliner sorri triste e sai fechando a porta. Elton fica sentado com a cabeça girando.
Elton- Naná estou passando mal. Nada está acontecendo, isso é um pesadelo.
Naná olha para ele e não responde, ela sabe toda a verdade. Elton fecha os olhos na esperança de quando abrir, ver que tudo é uma ilusão. Mas quando abre os olhos, Naná lhe entrega um café amargo.
Naná- Beba, vai ajudar a colocar a cabeça no lugar, ainda está sob o efeito do álcool.
Elton- Tire isso daqui, eu quero falar com o advogado, ele não pode fazer isso. E como sabe que sofreu o acidente? Neste momento ele sente náuseas e sai correndo. Dois olhos verdes o perseguem enquanto corre.
Naná sai na porta e fala.
Naná- Tem certeza do que está fazendo? Ele não está preparado.
Moliner- Você sabe o quanto tentei. Mas quando soube o que ele fez com a garota, eu me senti fracassado. Jamais esperava que ele fosse cruel com uma pessoa. Ele precisa crescer, enquanto eu estiver aqui, ele não vai mudar.
Naná- Mas é muita coisa para ele!
Moliner- Naná, ele já tem vinte e um anos, nessa idade, eu já estava casado e com responsabilidade, então ele aprenda assim como um dia eu tive que aprender.
Naná- Vai ficar onde?
Moliner- Depois te dou notícias, tenho uma casa que não consta no testamento. Era de meus pais. Depois que eu me ajeitar, te ligo. Mas não conte a ele. Já sofri muito, preciso de um pouco de paz. Assim que eu estiver bem, entro em contato.
Moliner entra em um carro simples que sempre teve e cuidou. Ele se afasta sem olhar para trás. Naná chora ao ver ele partir.
Ela entra e procura por Elton. Ele está em seu quarto, pálido como os lençóis que cobriam sua cama.
Naná- Vou trazer algo para te ajudar a melhorar. Acho bom não ser teimoso. Você tem só dois dias para arrumar a bagunça que está. Diz ela saindo do quarto.
Elton fica olhando a porta com o coração na mão. Sua cabeça está doendo muito. Ele não consegue colocar os pensamentos no lugar. Ele senta na beirada da cama sem saber o que fazer primeiro. E a garota? Ela morreu mesmo? Elton volta a sentir enjoo. Naná encontra ele no banheiro. Ela espera ele sair e lhe entrega um chá.
Naná- Beba, isso vai melhorar sua cabeça e seu estômago. Vou marcar para o advogado vir depois do almoço. Assim tenta descansar um pouco.
Ela sai e fecha a porta. Elton toma o chá e nem percebe o gosto. Depois deita e adormece quase instantâneo.